18》🇰🇷 ▪︎ 🇰🇵

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— É sério, Hyunjin? - pergunto pela milésima vez fazendo-o rir. 

— Tô falando sério, a Sol vai poder ir pro Sul.

Alívio é a primeira coisa que sinto ao escutar essas poucas palavras. Saber que ela estará segura na Coreia do Sul me deixava totalmente tranquila, eu não aguentava mais pensar que alguma hora alguém poderia nos descobrir e tirá-la de mim à força.

— Você vai com ela, né? - o encaro ansiosa. — Eu só confio em você, Hyunjin.

— É claro que vou. - ele responde e eu suspiro de alívio. — Pegaremos o barco e irei remar até chegar em águas sul coreanas, lá terá algumas pessoas do exército para levá-la.

— Obrigada… - sorrio de lado.

— Que tal isso agora? - viro minha cabeça em sua direção e vejo que segurava duas garrafas de soju. — Comprei na feira também, mas nossa, o preço disso aqui não é brincadeira.

— Não quero nem saber o preço disso também.

Ele se levanta indo até a cozinha e escuto barulhos de copos, voltando em seguida com dois.

— Pra um país que odeia o capitalismo eles praticam muito isso. - Hwang resmunga.

Estico o copo enquanto rio baixo e Hyunjin coloca a bebida, tomo fazendo uma careta em seguida. Faz um bom tempo que não bebo soju.

— Yoomi, sobre a Ye Sol… - encho seu copo e faço o mesmo no meu novamente. — Você não ficou triste?

— Por que eu ficaria? - franzo o cenho sem entender, afinal, era uma coisa boa.

— Bom, ela vai ficar na Coreia do Sul enquanto você fica aqui. Sabe, você não tem data pra ir embora, ela vai crescer sem te ter lá.

— Eu entendo o que quer dizer. - engulo seco ao sentir meu coração se apertar. — Mas não posso ser egoísta assim, o que mais me importou sempre foi ter ela em segurança… por mais que me doa ter que fazer isso.

— Você é uma mãe de verdade, Yoomi.

O olho surpresa e vejo-o sorrindo de lado, Hyunjin abre a segunda garrafa já que havíamos terminado a outra.

— É o que as mães fazem, não é? - ele diz me servindo. — Pensar nos filhos antes de si mesmo.

Acho que a mistura da bebida com as palavras dele deixaram minhas bochechas vermelhas, me senti patética como se ainda estivesse no ensino fundamental.

— Mas Yoomi, isso tudo é porque tem medo que descubram sua identidade e façam algo pra Sol?

— Também. - suspiro inquieta.

— Então há outro motivo… 

Escuto-o batucando os dedos no sofá. Sei que Hwang quer saber o porquê de manter Ye Sol em casa e também sei que posso confiar nele, porém ainda assim, é difícil falar. 

— Eu sou uma pessoa ruim. - murmuro brincando com o copo e percebo o olhar dele em mim. — Não quero que se engane sobre mim, Hyunjin.

— Acho que você que tá enganada sobre si mesma. - franzo o cenho e por fim o encaro. — Desde a primeira vez que te vi percebi que carregava muito peso, Yoomi. Tem muitas preocupações no sul, mas chegando aqui arrumou mais outras; não precisa pegar tão pesado consigo mesma, às vezes temos que fazer coisas que não queremos mas que é necessário. Não sei o que aconteceu pra pensar assim, mas tenho certeza que você não tinha outra opção.

Paro um pouco rindo baixo e coloco o copo no chão, me ajeitando sentada de lado para encará-lo melhor. 

— Eu matei uma pessoa, Hyunjin. - solto miseravelmente, me lembrando novamente daquele dia assombroso. — Isso não pode ser desfeito, eu não posso tirar isso da minha mente e do meu coração. O que me resta é apenas conviver com esse peso para pagar meu pecado.

— Sei como é ser assombrado por isso - Hwang estica o braço colocando sua mão levemente acima da minha, não a segurava, porém me mostrava seu apoio. —, por causa do meu trabalho já tive que matar várias pessoas de outros países… sei que é diferente de um civil e eu fazia o que me mandavam, mas se fosse pra salvar um dos meus… eu o faria novamente sem hesitar.

— Como você explicaria… - engulo seco tentando pronunciar as palavras. — Como explicaria pra Ye Sol que matou o pai dela?

A cara de espanto de Hyunjin já era esperada por mim, por mais que ele tentasse disfarçar depois do choque inicial, queria saber se ele conseguiria criar uma criança cujo pai perdeu a vida por culpa sua.

— No início nós não éramos assim - começo a explicar com a voz embargada. —, Ye Sol e eu. Era difícil cuidar dela, não tinha a mínima noção de como criar uma criança que não falava e que não confiava em mim… Ela ficou traumatizada por conta de tudo o que passou e por causa disso, perdeu sua voz. Você não imagina o quão doloroso é olhar para ela e lembrar do que fiz, e ao mesmo tempo, amá-la mesmo que para mim, seja proibido. Eu sou uma pessoa ruim e egoísta.

— Como pode, Yoomi? - escuto-o depois de uma longa pausa e já sinto meus olhos marejados imaginando seu julgamento. Mas sou surpreendida ao ouvir o que saiu de sua boca. — Como pode pensar isso sobre si mesma? Eu te conheço há pouco tempo, mas o suficiente pra ver amor verdadeiro no brilho dos seus olhos quando cuida dela. Não sei de fato o que aconteceu, mas não vejo maldade em você, Yoomi… É como se o destino tivesse juntado vocês juntas, mãe e filha.

— O destino? - sorrio forçado. — E o destino do pai dela? Isso não é cruel demais? Ele amava ela e eu acabei com a vida que poderiam ter tido, estraguei uma relação carinhosa e como se não bastasse, obriguei ela a viver debaixo do mesmo teto da assassina de seu pai. Isso não é destino, é o inferno.

Essa é a verdade, eu não passo de uma pessoa que fez algo terrível para um ser humano e uma criança inocente. 

— Acho interessante o jeito que eu te vejo e o jeito que você se vê. - novamente o encaro depois de algum tempo fitando o chão. — De verdade, sinto muito que se sinta assim, Yoomi… Mas você sequer percebe como Sol te trata? - franzo o cenho ainda confusa e ele se aproxima, sentando mais perto de mim. — Ela te vê como mãe dela, te respeita e te ama. Todo dia em que vai trabalhar Ye Sol fica olhando pela janela esperando você chegar. - o homem ri balançando a cabeça. — Sol te admira Yoomi, não consegue ficar longe de você e chora nos dias que fica até mais tarde no trabalho… como não percebe que salvou ela? Como não pode perceber o amor que tem entre vocês duas? O que pode fazer agora pela garota e pelo pai dela, é se responsabilizar mandando de volta todo amor que Sol te dá.

Sacudo a cabeça segurando minhas lágrimas e mordo o lábio inferior, tocada por suas palavras. Nunca imaginei que Hwang pudesse aliviar pelo menos um pouco da angústia que estava sentindo quando eu sequer podia me chamar de ‘mãe’. Aperto sua mão sorrindo de lado e o encaro, percebendo que ele já me fitava antes.

— Obrigada, Hyunjin… eu vou fazer isso, vou continuar cuidando dela não importa o que aconteça.

— Aigoo. - ele passa seu braço pelo meu ombro, fazendo minha cabeça pousar em seu peito. — Espero que possa confiar sempre em mim e me dizer tudo o que te aflige, quero poder te ajudar pelo menos dessa forma… te ouvindo e mostrando que as duas não estão mais sozinhas nem nesse país e nem quando voltarmos para o Sul.

— Yáh, quem disse que quero te ver quando voltarmos pra lá? - brinco e ergo a cabeça ficando bem próxima de seu rosto.

— Nem pense nisso, Yoomi boba. - rio de sua careta e volto com meu semblante sério.

— Acho que devo te dizer agora o que aconteceu com o pai da Ye Sol.

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Oioi!

O próximo cap vai ser a narração da Yurim — quando ela estava há apenas 3 meses na Coreia do Norte —.
Deixei avisado pra vcs não ficarem confusos do nada 😇 bjss

❤ Até o próximo capítulo ❤

Between Red and Blue | Hwang Hyunjin |Onde as histórias ganham vida. Descobre agora