Capítulo VIII - Amélia

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Narrado por Amélia

A única coisa que importa na vida é o amor. Todas as outras coisas que as pessoas pensam ser importantes são apenas meios de conseguir amor e atenção. Além das necessidades básicas, o que mais precisamos é amor e fazemos tudo por ele. Frequentemente, as pessoas pensam ser importante se impor, de ser firmes, para conseguir controlar a sua vida ou as suas relações, mas tudo isso é uma mentira que insistem a se contar para se convencer que têm poder sobre alguma coisa na vida. Não têm. Sou feliz por percebo que o amor, como a vida, é uma questão de saber fluir com o que nos aparece à frente. Por vezes, percebo que algumas pessoas pensam que sou permissiva, mas mais vale parecer assim do que passar a vida a discutir com pessoas que claramente não merecem lugar na nossa vida. Quando um rio encontra uma grande pedra, em vez de lutar contra ela, contorna-a e segue o seu caminho porque sabe que ela não é importante. Amo o rio, o mar e tudo que tenha a ver com praia e férias. A vida é demasiado importante para sermos infelizes. E ser infeliz pode-se resumir a estar sozinho. Por isso, faço tudo para estar sempre o mais acompanhada possível.

Sempre que possível estou com os meus amigos ou com pessoas queridas. Apesar disso, não fiquei muito zangada quando os meus amigos disseram que não poderiam vir na última hora. Não gostei, mas isso pode acontecer, pelo menos, não fiquei sozinha. Pela primeira vez, reparei realmente no Filipe. O nosso grupo é composto geralmente por seis homens e seis mulheres. Isto porque a Beatriz começou a sair com o seu irmão Santiago na adolescência e depois tornou-se um hábito, ele convida os amigos dele, e ela, as suas amigas, nas quais me incluo. Filipe é um dos amigos que fala mais com Santiago. No entanto, o grupo varia conforme as coisas vão acontecendo. Não posso dizer que seja grande amiga de ninguém, mas são boas pessoas para sair. Como um ex-namorado disse-me uma vez, são conhecidos para sair, amigos de verdade são outra coisa completamente diferente. Amiga, amiga tenho a Linda. Ela, sim, é com quem posso contar sempre que preciso. E é bom ter essa certeza. Convidaria a Linda para o grupo, mas sei que ela não se sentiria bem nem o queria. Para quê forçar as coisas?

O Filipe estava um pouco perdido com a súbita decisão dos nossos amigos, olhou para mim como se não soubesse o que dizer ou fazer. Como resposta ao seu olhar suplicante, comecei a conversa:

- Bem... Parece que hoje somos só nós, o que achas de irmos beber um copo?

- Boa ideia! Não sei o que aconteceu hoje, eles costumam vir sempre – a sua voz arranhava como se ele fosse um cantor de rock, o que fez o meu coração acelerar um pouco.

Caminhámos em silêncio para o bar habitual, observei-o pela primeira vez com atenção. Evitava o meu olhar quando o olhava, mas quando eu não estava a olhar, olhava para mim discretamente. O seu cabelo negro era liso e os seus olhos cinzentos. Percebi que ele estava a tentar pensar em algo para me dizer, mas não conseguia se decidir. Ele está sempre habituado a falar com as mesmas pessoas, por isso, entendi e resolvi fazer tudo para que ele aproveitasse a noite o melhor possível.

- Hoje, somos só nós, não é? – tentou ele apesar do seu embaraço.

- É verdade, mas costumas vir sempre com o Santiago, não é?

- Sim, o Santiago foi meu colega de escola e depois continuamos a sair e falar, não sei porque ele não pode vir hoje...

- Estas coisas acontecem, e se ele não tivesse um imprevisto, não estaríamos a falar agora, não era? Durante anos saímos juntos, mas nunca falamos muito, não foi?

Ele sorriu. Cortejar um homem dava sempre certo para ele se sentir importante e abrir-se para a conversa.

- É verdade. Como foi possível que nunca falássemos? Até chega a ser estranho...

Amar ou Ser Amada? (Rascunho)Where stories live. Discover now