ᴄᴀᴘ ᴜᴍ → ɴᴏɪᴛᴇ ғʀɪᴀ

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 Mais uma noite sem você ao meu lado

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Mais uma noite sem você ao meu lado. Hoje completam seis meses que Mei mudou-se para os Estados Unidos, desde então, não tenho notícias dela. Pensei que me acostumaria com o passar do tempo, mas não, cada dia sinto mais falta dela. Seu rosto tem ficado borrado em meus pensamentos, sua voz tem ficado mais fraca no meu ouvido, não lembro mais de seus toques nas noites frias, queria que estivéssemos como antes. Éramos duas garotas apaixonadas que lutavam contra o mundo, mas agora estou aqui, sozinha nessa noite fria, sem o calor do seu corpo.

— Misuk? - Escuto uma de minhas colegas de quarto chamar, seguido de batidas na porta da frente. — Caso esteja em casa, tem como abrir para mim? Acabei esquecendo minha chave.

Demoro cerca de dois minutos para levantar, enquanto me recomponho pós horas mofando na cama. Nesse meio tempo, Liang continuou chamando esperançosa que uma hora alguém fosse atender, sorte dela que estou aqui. Em passos lentos chego a porta e destranco-a, dando de cara com Liang e seus mil novos livros que comprou.

— Finalmente! - Ela passa correndo por mim e coloca os livros em cima da mesa. — Sabe como foi difícil carregar todo esse peso até aqui? - Liang reclama, recuperando o fôlego.

— Como se fosse a primeira vez que estivesse fazendo isso - Deixo uma leve risada escapar, fechando a porta. — Matou aula para ficar enfiada em uma livraria? Você é inacreditável.

— São os novos lançamentos da Naomi Aoki! - Naomi é uma escritora juvenil que Liang é obcecada a dois anos, até hoje não teve sorte de encontrá-la pessoalmente. — Eu não poderia perder o primeiro lugar na fila de maneira alguma. Esqueceu que sou a fã número um dela?

— Ela nem sabe da sua existência - Puxei uma cadeira e sentei perto de Liang. — Por que se importa tanto com isso?

— Esquece - Ela suspirou. — Você nunca entenderia.

Liang pegou seus livros e os organizou na estante, junto com os outros milhares que já estavam nela. Ela gasta quase todo seu dinheiro em páginas e mais páginas escritas. Não consigo entender o que tem de tão interessante nisso.

— Eu vou para o meu quarto - Ela anuncia caminhando até o cômodo. — Não espere pela Saori, ela foi em uma dessas festas noturnas cheias de jovens e você sabe muito bem o que acontece nelas.

— Como se você não fosse uma jovem universitária igual eles - Ironizei.

— Mas sou o oposto de qualquer um deles - Respondeu Liang convencida, e trancou-se no quarto.

Sento em nosso espaçoso e aconchegante sofá, observando o campo de futebol pela janela. Durante o dia, ele sempre está lotado de garotos correndo de um lado para o outro, por causa de um simples objeto redondo sem graça. Sinceramente, acho fútil perder tempo com isso. Mas, como nosso professor diz que ajuda em nosso desenvolvimento, as vezes participo de umas partidas. Obviamente com outras garotas. Não estou louca de jogar contra homens de quase dois metros de altura, que acabariam comigo com um empurrão.

Cerca de vinte metros ao lado direito do campo, está localizado o salão de festas da faculdade. Essas festas costumam ser caóticas, se pensar que a anterior foi pesada, a próxima consegue superar. Por conta disso, nós estudantes temos um pacto, o que acontece no salão de festas fica no salão de festas. Existem muitas histórias que jamais podem ser descobertas.

Como todo bom colégio, esse também tem uma história antiga assustadora. Um desaparecimento nos túneis desse edifício. Talvez esteja em baixo de onde estou agora mesmo. Essa história nunca foi comprovada, por conta de falta de evidências que pudessem torná-la real.
Mas acredite, isso não é apenas algo inventado para causar medo nos estudantes. Existe algo encoberto por trás disso tudo, só estou esperando que descubram para confirmar minhas teorias.

[...]

Seis horas da manhã. Esse foi o horário que fui acordada por Saori, que procurava desesperadamente algo para comer nos armários. Com o corpo ainda encolhido na maciez de meu cobertor roxo, questionei comigo mesma, como alguém vai à uma festa e volta faminta? Isso não faz o menor sentido.

— Quem comeu meus cookies!? - Saori gritou da cozinha. Só por sua entonação de voz é perceptível seu nervosismo e revolta. Vai ser um longo dia.

Levantei com o corpo ainda dormente e sai do quarto. Não é possível o que estou vendo. Em poucos minutos, Saori conseguiu deixar a cozinha uma bagunça. Metade dos produtos fora dos armários e o restante revirado dentro deles. Ela vai voltar aqui e arrumar tudo como estava, e sem reclamar. Não passei horas organizando isso atoa.

— Park Saori! - Chamei-a, andando pela casa. — Nem pense em escapar de limpar aquele caos que você deixou na cozinha!

Andei por todos os cômodos da casa e nem sinal dela. Se ela pensa que vai escapar da limpeza indo para outro lugar, está muito enganada. Espera só até a madame voltar.

— Que gritaria toda é essa? - Liang esfregou os olhos, ainda sonolenta. — Quando foi que a Saori voltou?

— Isso eu não sei. Mas parece que teve tempo suficiente para virar os armários do avesso.

— Típico dela - Liang esboçou um sorriso no canto dos lábios. — Ela arruma quando voltar, não se preocupe.

— Igual da última vez, que ficamos arrumando a casa por três dias, depois da festa que ela deu para turma dela, sem nos avisar antes? - Cruzei os braços.

— Isso já faz quase um ano - Respondeu Saori, entrando em casa. — E foi a única vez que fiz isso.

— Se tivesse uma segunda, poderia se considerar uma pessoa sem teto - Disse, voltando para meu quarto. — Quero ver essa cozinha um brilho Saori! - Ordenei, antes de bater a porta.

Problema resolvido. Como de costume, as coisas fluindo quando tomo o controle da situação. Meu espírito de liderança nunca decepciona, até mesmo em coisas bobas como essa.

Minha primeira aula começa às oito horas, então tenho que escolher, entre aproveitar o tempo extra me arrumando ou dormir mais alguns minutos e chegar atrasada. Confesso que a segunda opção é tentadora, mas como não quero receber uma advertência por atraso, irei me preparar para aula.

Antes que entrasse no banheiro, vejo algo caído no chão. O último presente que ganhei de Mei, antes que partisse. Um porta-retrato, que continha a foto da nossa primeira noite juntas como namoradas, no parque de diversões. Ela disse que me deu para quando sentisse falta dela olhar para o quadro, e lembrar dos momentos bons que passamos uma com a outra. Em vez de aliviar a saudade, isso só me faz querer ela de volta. Mesmo sabendo que isso não irá acontecer.

Coloco o porta-retrato na estante, e entro no banheiro. Deixo a água gelada escorrer sob meu corpo durante um bom tempo, até que esteja relaxada para sair. Preciso esquecer meu passado com Mei e focar no presente.

 Preciso esquecer meu passado com Mei e focar no presente

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Segunda vez no amor Where stories live. Discover now