Capítulo 4

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AVISO: contém violência (leve)

Seul, Coreia do Sul. Atualmente.

A porta do meu quarto é aberta abruptamente, me fazendo pular de susto e virar para trás, buscando pelo que teria causado aquilo.

Jake estava parado no batente da porta enquanto me encarava fixamente, depois deixou que seus olhos varressem o local, analisando milimetricamente cada detalhe da "decoração" que eu havia feito desde que cheguei aqui — na verdade, eu não mudei praticamente nada, tinham alguns livros na prateleira e em cima da mesa de cabeceira e poucas peças de roupas espalhadas pelo cômodo.

Uma pequena bagunça que eu planejava arrumar mais cedo ou mais tarde.

Abri a boca, prestes a perguntar o que ele estava fazendo no meu quarto e reclamar sobre ele não ter batido na porta antes de abrir ela do jeito mais mal-educado que alguém poderia fazer.

— Tem uma festa na sexta, se você quiser, está convidado.

Eu o encaro curioso, arqueio as sobrancelhas, completamente surpreso pelo convite.

— O que você está aprontando? — Cerrei os olhos, analisando sua postura.

— Você faltou na escola hoje mesmo depois de ter passado o sábado com seus amigos, passou o domingo trancado nesse quarto e eu até pensei que estava doente ou algo do tipo, mas você está perfeitamente saudável, então, por favor, não seja um pirralho e aceite logo esse convite.

Tento respondê-lo, mas nada sai. Ver Jake sendo tão legal assim de repente me surpreendeu. Tudo bem que, normalmente, ele não era do tipo garoto mal que rouba o seu dinheiro do lanche ou qualquer coisa pior que isso, mas ele nunca demonstrou empatia por mim, então por que estava se preocupando agora?

— E minha mãe acha que você está assim por causa da sua mãe ou que a escola tem sido difícil para você, ela me pediu para "cuidar" — ele faz aspas com os dedos e eu me pergunto se tia Sakura sabe como é a nossa relação — de você.

Jake cruza os braços e então me encara com seu olhar desinteressado de sempre.

— Tanto faz.

Murmuro, virando para o caderno e os livros abertos em cima da minha mesa, eu estava concentrado tentando entender um cálculo de física, por que ele tinha que me interromper com essa conversa sobre compaixão forçada justamente agora?

Espero que ele saia do meu quarto, mas ele não o faz. Não me importo que ele esteja me encarando ou que esteja me xingando do que quer que seja, só preciso que ele vá embora e me deixe sozinho.

— O convite está feito, quando quiser aceitar, fiquei à vontade, pirralho. — E então ele finalmente saiu do meu quarto, batendo a porta.

Apoio minhas costas no encosto da cadeira e respiro fundo. Uma festa agora não faria mal, certo? Encher a cara e todas essas coisas que jovens fazem em festas me cairia muito bem agora.

Eu poderia fingir não estar interessado e aceitar de última hora.

Mas talvez Jake não quisesse de verdade que eu fosse. Eu acho.

Em um passado não muito distante, eu e ele já nos demos bem. É, parece inacreditável, mas eu e Jake Shim já fomos amigos em um momento de nossas existências, mas obras do acaso aconteceram — lê-se: ele foi um babaca.

Mas acredito que essa seja uma história para depois.


O domingo passou incrivelmente rápido, quando me dei conta, já era a hora do jantar (e eu não fiz absolutamente nada). Mais uma vez Jake não estava em casa e isso não pareceu incomodar minha tia nem um pouco, mesmo já passando pouco mais das nove horas da noite.

CHRONOS. sunkiWhere stories live. Discover now