CAPÍTULO DOIS

Começar do início
                                    

Não sei se é possível franzir tanto a testa, mas estou quase batendo recorde. Como assim estou na sala errada? Fui estúpida a esse ponto?

— Ah, meu Deus! Perdão, me disseram que era esse andar, eu juro. — Falo apreensiva.

Ele balança a cabeça.

— Acontece. O andar do Mason é o 12, a sala você achará facilmente.

Quando estou prestes a agradecê-lo, a porta da sala se abre e revela uma senhora de uns 58 anos, talvez. Ela olha para mim e para o homem confusa. Meu olhar vai para os meus sapatos, sentindo vergonha da mulher. Pareço uma adolescente.

— Sra. Linson, esta é Freya Laviolette. Errou o andar.

Eu poderia ficar horas ouvindo esse homem falando o meu nome, não me cansaria.

— Oh!, é a nova secretária do senhor Mason. A sala dele fica no 12º andar. — Ela fala gentilmente.

Dou um sorriso tímido, voltando o olhar para ela. 

— Desculpem-me pelo erro, a moça me disse errado ou escutei mal. — Falo baixinho.

— Sem problemas, senhorita Laviolette. — Diz com um meio sorriso.

Olho uma última vez para ele e dou um aceno, saio da sala acompanhada da Sra. Linson. Paramos na frente da sua mesa. 

— Não fique tão envergonhada, querida. É o seu primeiro dia, sem contar que você está adiantada quinze minutos, isso mostra seu comprometimento. — Consola-me.

Sorrio para ela.

— Obrigada. — Agradeço e solto um suspiro. — Mas agora devo ir, não quero me atrasar. Com certeza o Senhor Mason está em sua, igual o Senhor...

— King. Damon King. — Completa.

Arregalo meus olhos com sua resposta.

— Meu Deus!

A risada que solta é fofa.

— Novamente, não se preocupe. O Senhor Damon é ótimo. Agora vá.

Balanço a cabeça e pego minha bolsa.

— Qual o nome da senhora mesmo?

— Susan. — Ela estende a mão, e eu a aperto.

— Freya Laviolette.

Sua testa franze ao escutar minha resposta, mas rapidamente me dá um sorriso fraco.

— Tenha um ótimo primeiro dia, Freya.

Despeço-me achando estranho sua atitude ao escutar o meu nome.

***

O verdadeiro Sr. Mason é um velho na casa dos sessenta, ostenta uma barriga grande e um bigode branco. Quando me apresentei, Sr. Mason não esbanjou nenhuma simpatia, então resolvi falar dos compromissos que ele tinha (a sua antiga secretária me passou a agenda três dias antes) e perguntar se aceitava um café. A resposta foi um pequeno aceno com a cabeça e um gesto para que eu saísse de sua sala.

Agatha e eu fomos almoçar numa lanchonete perto da FKT, em menos de sete minutos estávamos lá. Contei do ocorrido com o Senhor King; palavras não foram necessárias para expressar a surpresa, pois os olhos arregalados me diziam tudo.

— A Susan é um amor de pessoa, todos na empresa gostam dela. Principalmente o Senhor King. Desde que entrei na empresa, a vejo trabalhar lá, mas acho que está com o King há mais tempo do que podemos contar. — Conta, puxando seu canudinho de aço da bolsa. — Quase que eu ia me esquecendo dele, como que eu beberia meu suco?

Franzo minhas sobrancelhas.

— Você não levou isso no seu encontro, né?

— Claro que não. Não uso para bebidas alcoólicas.

Reviro meus olhos.

— O Senhor King disse mais alguma coisa quando você entrou na sala?

— Quando me apresentei, ele apenas perguntou-me se o meu sobrenome é francês e depois disse que eu tinha errado a sala. Foi bastante... legal.

Dou de ombros.

— Sério que nunca tinha visto ele?

— Não que eu lembre, todos os King parecem as mesmas pessoas. — Falo com deboche.

— Sério isso? Cada King é mais bonito que o outro, o Senhor Damon é o mais lindo, mas você já viu os irmãos dele?

— Beleza não anula o que eles fazem com os trabalhadores da mina. — Falo levantando uma sobrancelha.

— Tecnicamente, não são eles, mas não anula.

O garçom volta com nossos pratos, e começamos a comer.

O restante do dia foi um pouco cansativo devido ao fato de a antiga secretária do Senhor Mason ser irresponsável e não ter feito nem metade das coisas que ele mandou. Ela simplesmente acumulou todos os papéis para que pudesse passar os últimos dias livre. Levei café mais de cinco vezes (não estou mentindo) para o meu chefe, não sei se é saudável ingerir tanta cafeína assim.

Só pude ver Agatha no fim do dia quando ela apareceu no meu andar para me buscar. Ela ainda teve que esperar alguns minutos para que eu pudesse sair, o Senhor Mason tinha ido para casa uma hora antes de mim. Eu poderia ter ido na hora que ele foi, mas resolvi ficar para adiantar mais papelada e ter menos trabalho amanhã.

Quando chegamos em casa, tivemos uma pequena e inútil briga sobre quem ia tomar banho primeiro, inútil porque eu sempre deixava Agatha ir primeiro. Minha amiga bateu a porta do banheiro, e fui para a varanda.

Olho para os arbustos e uma pequena sensação de decepção invade meu corpo ao não vê-lo ali. Os arbustos parecem solitários sem a presença dele. É como se ele tivesse se tornado uma decoração à qual eu tivesse um apego emocional, e se eu não o visse ali, do mesmo jeito que deixei, iria fazer muita falta.

Porém, não demora muito para que a razão chegue e eu perceba os sentimentos estranhos. Quem iria achar ruim que o seu possível perseguidor não estivesse mais te vigiando? Uma pessoa saudável não acharia ruim.

Ouço a porta do banheiro abrir e Agatha avisa que terminou. Vou para meu quarto pegar minha toalha, mas quando estou prestes a sair, meu celular, que está na cômoda, apita. Pego e vejo uma notificação de uma mensagem. Clico na tela e vejo que é um número desconhecido.

Número desconhecido: No português é usado a palavra "saudade" para o sentimento de falta, no grego se escreve "λαχτάρα" que também pode ser traduzido para desejo. São essas as palavras que busca, Freya. 

Caso aconteça da história sair do ar (espero que não), deixarei o link de um App onde vocês poderão ler normalmente a história

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Caso aconteça da história sair do ar (espero que não), deixarei o link de um App onde vocês poderão ler normalmente a história. A história será postada tanto aqui, quanto no lá.

SIPS OF GRAY LIGHTSOnde histórias criam vida. Descubra agora