CAPÍTULO 6 - ENTRE A VIDA E A MORTE

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"-Não pode ser!" - Pensa Ricardo ajoelhado junto ao corpo, era contador, mas tinha um pouco de experiência militar, suas roupas estavam encharcadas, a chuva não dava trégua.

"- Ele está morrendo!" - Checa se ainda respirava.

"- Tá respirando muito devagar! Ele tá morrendo!" - Rapidamente tira o blazer encharcado e cautelosamente apoia sua cabeça, a água e o sangue o poderiam o sufocar facilmente. Em seguida tira o telefone do bolso e disca para a emergência.

Buzinas se misturavam a xingamentos, engarrafamento, a rua estava o caos, mesmo com a chuva pessoas se aglomeram para ver o corpo.

- Se afastem! Ele precisa respirar! - Ricardo tenta inutilmente conter a aglomeração.

Logo um rapaz se aproxima, Froide o menino do guarda volumes, havia visto tudo e memorizado a placa do infrator, a equipe de segurança o acompanhava, iniciam um cerco, nada de fotos ou curiosos poderia passar.

O chefe da segurança se agacha junto ao corpo, olha firmemente para Ricardo.

- Já vi que tem experiência com esse tipo de situação? - Aponta para o apoio na cabeça de Marcos.

- Servi nas forças armadas por um tempo, aprendi alguma coisa... - Interrompe a fala a emergência havia atendido.

- Pode desligar, um helicóptero está a caminho, pode deixar comigo, assumo daqui!

Ele assente e se levanta.

- Ei! - Ricardo olha para trás - Você salvou a vida dele, obrigado!

Enquanto isso em um dos corredores da Universidade, Franklin esperava impacientemente:

-Mãe já era para ele ter chegado! Eu estou ligando para o telefone dele, mas aqui não tenho sinal, tenta ligar para ele lá fora, vão me chamar para a apresentação a qualquer momento! - Não se continha sentado, andava de um lado para outro.

Dona Lorena sentada observava sua agonia com um sorriso no rosto.

- Olhe! Fique tranquilo! Não quero lhe ver aflito num momento importante como esse! Pode ficar tranquilo que eu vou ligar para ele! Agora sente aqui no meu lugar que eu vou lá fora!

Se levanta, como alguém que estava presa à cadeira da preguiça, vai em direção do pátio central da universidade enquanto procurava seu telefone perdido dentro da bolsa, tenta uma, duas, então na quarta vez alguém finalmente atende.

-Meu bem onde você está?! O Franklin já vai apresen...

-Dona Lorena! -Interrompe o chefe de segurança.

-Alou quem fala? Esse telefone é do Marcos?

-Sim dona Lorena não é engano!

-Quem está falando? - Diz apreensiva. - Aconteceu alguma coisa? Você pode passar o telefone para o Marcos?

-Infelizmente seu esposo foi atropelado e nesse momento está sendo levado para a emergência em estado grave.

Estava incrédula, liga novamente, a mesma pessoa atende, era realmente o telefone de seu marido.

Lorena congela por alguns segundos, fica parada ao telefone, um olhar arregalado, distante e desesperado, seus olhos começam a lacrimejar, era como se o chão houvesse se aberto e caísse em um abismo de angustia e ansiedade.

- Alou, alou?! Dona Lorena ainda está ai?... Consegue me ouvir?... Alou!- Ela desliga o telefone sem dizer nada, estava atônita, nada ao redor parecia existir, era terrível demais digerir aquela notícia.

É quando um dos colegas de Franklin, Bruno, toca em seu ombro.

- Dona Lorena! Ele já vai apresentar.

Ela se recompõe, Franklin não poderia saber, não naquela sircunstancia, não naquele momento, mas mesmo com todo esforço, demonstra sua angústia.

- É... A senhora está bem?

-Estou! - Responde rápido não queria transparecer nada.

- Diga que tive de sair, ouve uma emergência de última hora, mas que nos vemos no jantar. - Tenta disfarçar as lágrimas.

-Certo então! -Bruno dar de ombros, sem entender nada, e não faria muito esforço para entender, para ele se ela disse que estava tudo bem, então não era nada importante.

Fora uma equipe de segurança já a aguardava.

Não demora muito e chegam ao hopital e após se apresentar na recepção é avisada que o doutor estava atendendo seu esposo e não poderia informar a situação dele naquele momento e que esperasse na recepção até o momento em que o médico pudesse atendê-la.

Passam horas, a tensão fazia com que parecesse uma eternidade, mas enfim o doutor aparece na sala de espera, olha para a ficha em sua mão e diz:

-Dona Lorena?!

-Oi doutor sou eu, ele está bem? Me diga doutor ele está bem? Eu posso vê-lo? - Ela dispara se levantando rapidamente da cadeira.

-Calma Lorena, vamos a minha sala para conversarmos melhor.

- Fiquem aqui! - Diz ela aos segurança.

O trajeto da sala de espera, até a sala do doutor parecia mais uma eternidade, a espera só potencializava sua angústia, suas mãos estavam geladas e seu rosto pálido queria respostas, até aquele momento nada havia sido lhe dito.

-Sente-se aqui senhora Garcia - O médico puxa uma das cadeiras para ela, se senta bem afrente, percebia sua angústia e quem era seu paciente, procura então ser profissional sem tanta objetividade- Bem, o estado do seu esposo é muito grave! Então não vou lhe esconder nada! Peço apenas que seja forte e não se desespere. Marcos teve fraturas nos braços, quebrou algumas das costelas e múltiplas fraturas nas pernas, além de um pequeno traumatismo craniano. O pior não é isso, seu esposo fraturou a coluna e se não ficar em repouso absoluto pode ficar paraplégico, ele se encontra em coma induzido. Se acredita em Deus senhora Garcia, este é o melhor momento para pedir por seu esposo, faremos o possível, mas não temos garantias de nada.

Era muita coisa para administrar, estava em choque, anestesiada, não havia lágrimas, apenas um olhar longe, uma pergunta lhe sai de forma automática.

-Posso ver ele?

O médico maneia a cabeça com uma expressão de pesar, aquilo era impossível para aquele momento. Numa reação totalmente automática, ela se levanta agradece ao doutor e sai da sala, sem desespero, sem choro, mas logo sua agonia se manifestaria de alguma forma, ao dar alguns passos sua visão escurece, sente uma forte tontura, ela se apoia em uma das macas no corredor, suas pernas falham e cai no chão desacordada.

Pouco tempo depois, acorda muito confusa, estava deitada em uma maca, olha para o lado da cama Franklin a estava olhando, seus olhos e rosto estavam vermelhos dando pistas de seu choro.

-A senhora nunca foi boa em esconder as coisas para mim! - Diz ele com um sorriso no rosto, tentava a todo custo ser forte, precisava ser forte.

A memória dos últimos acontecimentos lhe salta a mente como um turbilhão, era o que faltava para a desestruturar por completo, desagua em lágrimas, enquanto dispara.

-Eu ia te contar filho! Eu ia!... Mas não queria te atrapalhar...

Para ele ver sua mãe naquele estado e seu modelo de homem em coma, lhe quebrantava o coração, mas também fazia com que se cobrasse ainda mais, devia ser uma torre forte, mais responsável do que nunca.

Se aproxima rápido de sua mãe e com um abraço invertia os papéis, agora os braços que amparavam eram outros.

- Não fala nada! Calma! Eu estou aqui e o pai vai ficar bem! Calma! - Não era a verdade que havia em sua mente, mas eram as palavras para serem ditas naquele momento.

FRANKENSTEINWhere stories live. Discover now