4. Pesadelo

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Kara acordou uma cerca claridade que não tinha antes.
Lembrava da visita que recebeu durante a noite, mesmo que uma parte de si questionasse se tinha realmente acontecido ou se ela tinha alucinado a conversa.

"Bom dia." Ela reconheceu a voz imediatamente.

O inchaço em seus olhos deve ter diminuído um pouco porque ela podia vê-la com mais clareza. Ela estava sorrindo, mas não com os olhos, ela notou.

"Os médicos disseram que você teve uma noite tranquila. Ainda não há sinal de infecção pulmonar. Isso é uma ótima notícia." Ela conhecia esse rosto, essa voz. Não de ontem. Foi antes disso, mas ela não conseguia se lembrar de quando conheceu essa mulher.

"Mamãe saiu do quarto de Lori tempo suficiente para vir dizer olá para você" Ela virou a cabeça e sinalizou para alguém se aproximar: "Você tem que ficar aqui, mãe, ou ela não poderá ver você." Um rosto excepcionalmente bonito, de meia-idade, materializou-se no campo de visão de Kara.

"Olá, Kara. Estamos todos muito aliviados por você estar se recuperando tão bem. Lena me disse que os médicos estão satisfeitos com o seu progresso.

"Conte a ela sobre a Lori, mãe."

"Ela diz não se lembrar de nada, mas tem pesadelos a noite toda. Os médicos a sedaram ontem à noite para que ela dormisse melhor. O gesso no braço a incomoda, mas isso era de se esperar, suponho. Ela é a queridinha da ala pediátrica e tem toda a equipe envolvida em seu dedo mindinho." Lágrimas se formaram em seus olhos e ela as enxugou com um lenço de papel. "Quando penso no quê..." A mulher hesitou e pegou uma das mãos de Kara em cima da cama "Sei que tivemos nossas diferenças ao longo dos anos, e não vou fingir que gosto de você como esposa da minha filha. No entanto, agora tenho uma dívida eterna com você... Obrigada por salvar a Lori!" A mulher saiu quase que correndo do quarto após essa confissão e Kara tentou se virar na direção em que Lena estava.

Ela pareceu soltar uma respiração.

"Não estranhe" Ela explicou "Você sabe como mamãe é com a Lori. Aquela menina é a sua princesa! Ela faria qualquer coisa por ela. Lilian ainda está muito abalada pelo que aconteceu" Lena hesitou "Todos estamos"

Kara queria muito poder responder, mas o maldito tubo em sua garganta não a deixava falar. O máximo que podia fazer era acenar levemente com a cabeça.

Hesitantemente, Lena pegou em sua mão esquerda. Seu toque era tão leve que Kara quase não sentiu. Ou talvez pelo tanto de morfina que se encontrava em seu sistema.

"Eu... fui ao funeral coletivo que eles fizeram pelo resto dos passageiros" Kara piscou ao seu lembrar de dois corpos sangrando na sua frente. Ela piscou e estava novamente no hospital. "Aparentemente, pouco depois que vocês saíram do que restou do avião, ele deve ter explodido. O piloto não deve ter se livrado de todo combustível porque... Bom, pelo que eu soube todos os outros passageiros foram basicamente pulverizados. Não conseguiriam achar nenhum corpo" Ela estremeceu "Não consigo imaginar... Não ter nem um corpo para enterrar" Ela apertou sua mão e Kara não conseguia desviar o olhar das emoções conflitantes que se passavam no rosto da morena "Estou feliz que você está viva, Kara" Ela terminou.

Kara só pode piscar em resposta.

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Kara deve ter adormecido novamente, pois quando acordou, tinha uma enfermeira ao seu lado ao invés de Lena.
A mulher sorriu gentilmente em sua direção.

"Olá, querida" Ela disse gentilmente "Hoje vamos diminuir um pouco a dosagem da sua medição. Acho que você se sentir melhor e um pouco menos desorientada" Ela continuou mexendo no soro ao seu lado. "Logo logo seu médico vai passar aqui e quem sabe ela não autoriza a retirada do seu tubo..."

HoaxWhere stories live. Discover now