CAPÍTULO I - O INÍCIO

286 12 70
                                    

Se você pudesse mudar algo em você o que mudaria?

Começo essa narrativa com essa pergunta meio fora de contexto do que vou lhe apresentar, mas espero que durante o trajeto que faremos ela possa ficar mais clara para você, quem sabe, mais profunda e significativa.

Primeiro, quero lhe apresentar Franklin, ou Franklin Garcia, sugiro que se atente a esse sobrenome, um rapaz que nasceu em uma cidade chamada Florência do Éden, uma próspera e grande cidade, muito conhecida pelo equilíbrio entre inovação e sustentabilidade, possuindo uma das maiores Reservas Ambientais do mundo e o título de Cidade Verde pela ONU, tudo isso devido à grande competência dos órgãos governamentais e empresas filiadas a essa causa, as chamadas ECOM's.

Bem, a cidade é muito admirável, mas me voltarei a esse rapaz peculiar de apenas vinte três anos, que considero um jovem bem-sucedido, imagine que frequenta uma das melhores Universidades de sua cidade, está prestes a formar-se em direito, cursa um estágio na grandiosa Marcones Ambiental, detalhe: a empresa é de sua família, os Garcia, sendo mais específico, de seu pai, o que torna seu cargo um treinamento para um dia assumir o mais alto escalão, a presidência, tornando-se um dos mais influentes homens de Florência e do mundo. Para uma função diferenciada, um salário diferenciado, dava para pagar seu apartamento e a parcela do carro e ainda lhe sobra um trocado, e que trocado! Até trocaria meu salário por ele.

Toda essa vida espetacular, não é só fruto de nascimento, claro que ajuda bastante! Isso não posso negar! Mas sua personalidade, o tornava tendencioso a ser obstinado por seus objetivos, tendencioso a estar em carga máxima de responsabilidade, procrastinação não era uma opção, cada dia para ele era a oportunidade de dar mais de si, em muitos momentos se pegava desejando o que poderia ainda ser, de certa forma esquecendo de todo o resto que já era, preso em uma perspectiva de sua vida futura, mas de uma forma totalmente natural, afinal, muitos de nós temos esse mesmo comportamento e nem sequer notamos, é como uma pequena semente de insatisfação no coração que nos move a ser sempre mais, não sei se isso é de todo ruim, mas também se é de todo bom, deixarei que você tire suas próprias conclusões em vista do vou lhe contar.

Mas como não se cobrar tanto sendo filho de quem era?!

Sim! O Magnata Marcos Garcia, homem sábio! Prudente! Alto! Forte! Viril! Ilustre! Mas também calvo e com uma barriga um pouco avantajada que ele denomina "marcas que a vida lhe deu". Vindo de uma família de sensacionais advogados tornando-se reconhecido internacionalmente e admirado por todos os lugares que vai, não pense que ele gosta de ser assim tão "famoso", a vida pacata e tranquila entre família e amigos é o seu fascínio, sua notoriedade são marcas de seus grandes feitos. Tão habilidoso e ousado nos tribunais, de tal forma excelente, destruindo reputações de empresas monstruosas, revelando seus crimes. Tal repertório de vitórias, mantém sua empresa como uma das principais e mais temidas ECOM's, superando sérios riscos, perigos e percalços, como ser traído pelo seu vice-presidente, mas disso não falarei agora.

Já a Sra. Lorena Garcia, nossa! Que mulher! Inteligente! Calma! Serena! Tão graciosa! E o que considero mais admirável, sua maternidade, imagine que se dedicou integralmente a criação de seu filho em toda sua infância. Considerou Franklin muito mais importante que a sua profissão e formação, coisa que para ela, não foi tão fácil de conseguir, porque, diferente de Marcos, não veio de família "importante", seu pai era porteiro de um condomínio classe B e sua mãe fazia "bico" como diarista, foi com muita luta conseguiu completar o Ensino Médio e mais tarde trabalhando em uma loja de cupcakes conseguiu dinheiro para pagar a faculdade de administração.

Não sei se é o caso, mas, você pode estar perguntando-se: "Como duas pessoas tão distintas uma da outra se conheceram?".

Marcos quando jovem, não era tão ajuizado, e possuía um temperamento um tanto petulante, não dado a muitas regras. Certo dia após uma festa e alguns drinks, saiu dirigindo o que causou um acidente, graças a Deus, sem vítimas, mas não o livrou de ser condenado; pagou com serviço social, teve de trabalhar um mês inteiro como gari,- imagine que golpe ao seu orgulho - limpando justamente a área onde se localizava a loja de cupcakes onde Lorena estava trabalhando para pagar a faculdade, foi aí então que a história de amor dos dois começou, não tão linear e tranquila como possa estar imaginando, afinal um "bad boy" de orgulho ferido não é tão fácil de se lidar, principalmente com uma mulher que sabe bem onde quer chegar, mas isso é uma outra história.

Falando um pouco mais de Franklin, descrevê-lo não é muito complicado, mas se ele mesmo se descrevesse, não faltariam críticas, sutilmente acreditava que sua aparência não acompanhava sua personalidade: Se achava muito magro e alto, cria que facilmente o confundiriam com um poste, se incomodava no fato de mesmo passado o período de puberdade ainda ter algumas espinhas, nada que alguém se preocupasse, mas ele sim! Ainda tinha as críticas aos seus olhos castanhos escuro, "muito comuns!" Seus lábios, "muito espessos!" Seus cabelos castanhos, "muito ruim!" - O que não se notava devido mantê-lo sempre bem cortado, sua pele, "muito clara!" Seu pé, "grande demais!" Sua barba, posso prever seu pensamento: "- Que barba?! Tudo falhado!", Ainda tinha o fato de sempre se culpar por ter saído da academia, pensando sempre: "-Meu Deus! Da pra contar os ossos!". Isso se repetia todas as vezes que encarava o espelho, mas não pense que alguém sabia disso, era um incomodo íntimo, acho que nem ele mesmo percebia o quanto criticava-se, um reflexo de sua própria personalidade, mas tem coisas que não dá para mudar, já nascemos com elas.

 Será mesmo?

Bem, nesse aspecto, se a pergunta do início desse livro fosse feita a ele sem dúvida ele responderia: "TUDO".

FRANKENSTEINWhere stories live. Discover now