25. Sem tempo para morrer

76 8 14
                                    

— Vá, Inu!

Sem perder tempo, Keyth ordenou a seu shikigami lobo de duas cabeças que me atacasse. As pisadas fortíssimas do bicho eram tão assustadoras quanto sua velocidade, numa fração de segundos, o shikigami se posicionou para pular no meio da corrida e, no ato de cortar meu rosto, esticou sua pata com as garras afiadíssimas, porém, meu tempo de reação foi menor e eu desferi um soco de esquerda em sua cabeça fazendo-o rolar pelo menos uns 5m.

— Caralho...!

Mal tive tempo para processar o que aconteceu, por reflexo tive que pôr meus braços à frente do rosto para me defender do golpe que Keyth deu. Seu chute foi forte a ponto de me fazer escorregar para trás, coloquei a mão no chão para não perder o equilíbrio e enquanto minha mente se ocupava em prever seu próximo passo, fui atingido em cheio no rosto pelo bastão de combate do shikigami macaco. Eu tinha esquecido dele! Levantei com o lado atingido do meu rosto ardendo, toquei de leve nele e senti a dor aumentar.

— Desista, garoto, são três contra um. — Keyth disse convicta se posicionando novamente entre os shikigamis — Não há como você vencer!

— Que feio seria desistir de uma luta que mal começou, não acha? — Respondi com pertinência.

— Por acaso não percebe que só está atrapalhando a vida de Killa? A culpa de todas essas coisas estarem acontecendo é sua, unicamente sua! — Acusou, isentando-se da responsabilidade na causa — Se pelo menos você tivesse a convencido de aceitar a proposta... mas o que esperar de alguém como você!

— Para a sua informação eu não me importaria de aceitar a proposta, mas se Killa não quis aceitar deve ter seus motivos e eu a apoiarei em tudo! — Keyth revirou os olhos tediosamente.

— Qual é, Itadori. Será que você é burro pra não entender que ela faz isso por você? Se você dissesse que queria aceitar a proposta, ela não iria se opor! — De certa forma ela tem razão.

Balancei a cabeça tentando afastar essas ideias que Keyth tentava implantar na minha mente. Seu joguinho de manipulação não iria me enganar.

— Mesmo que fosse assim eu não iria contra o que Killa acha, até porque ela mais do que ninguém conhece a peça de irmã que tem. Se ela desconfia da sua proposta, é porque há algo de errado por trás!

— Quanta idiotice! Quer saber? Você já está me irritando, Itadori! — Ela empunhou a katana — Hoje você morre e será o fim dos meus problemas! Rei macaco: Monkīkingu!

Seu shikigami, Monkīkingu, sumiu numa de suas brechas juntamente com Keyth. Simultaneamente, Inu corria em disparada na tentativa de me acertar algum golpe, felizmente, por ser só um oponente nesse momento, consegui escapar de todos. Inesperadamente, uma brecha se abriu do meu lado esquerdo e então Monkīkingu saiu com seu bastão em mãos tentando me acertar. Ele lutava bem, tão bem quanto os treinamentos de Maki Zen'in e seu bastão de três seções. Monkīkingu deu uma breve corrida e cravou o bastão no chão para conseguir impulso e acertar-me um chute, bem como uma competição de salto em vara, ao mesmo tempo, Inu saltou com os dentes de ambas as bocas à mostra. Não tinha como me desviar dos dois, peguei Inu pelos pelos e o arremessei o mais forte que pude em Monkīkingu, por sorte pensei a tempo. Ofegante, me distraí por um instante e por puro reflexo me joguei para trás para escapar da lâmina afiada de Keyth, essa infeliz ia cortar a minha cabeça fora!

Sem pausa nenhuma, ela abriu uma brecha próximo de onde eu estava na tentativa de me jogar lá dentro, porém, fui mais rápido e rolei para o lado oposto a fim de escapar. Levantei-me depressa e corri ao redor dela ainda mantendo distância, enquanto desviava das suas tentativas falhas de tentar me fazer cair dentro do seu Reino. Concentrei minha energia amaldiçoada nos punhos e tentei um combate direto com ela, acertei um gancho de direita seguido de uma sequência rápida de chutes da qual ela esquivou com facilidade. Como contra ataque, ela girou habilidosamente sua katana dando-me uma coronhada no estômago, seu ataque simples foi bem preciso e cheio de energia, que mulher forte! No mesmo instante, agarrou-me pela camisa e braço e me jogou por cima do ombro fazendo-me ir de encontro ao chão, então segurou meu braço direito por trás das costas com o objetivo de quebrá-lo. Apoiei meu braço esquerdo no chão e a joguei para o outro lado ficando de pé o mais veloz que pude, tentei acertar seu rosto diversas vezes, mas ela rolava para o lado e eu acabava acertando o chão e deixando um buraco nele. Keyth se apoiou no chão com as mãos próximas a cabeça e no momento em que fui acertá-la, ela pegou impulso e chutou minha mandíbula. Quando dei por mim ela já tinha sumido e Monkīkingu voltou com seu bastão e Inu, combinando ataques e defesas. Tentei seguir a mesma velocidade que Monkīkingu, mas ele é incrivelmente habilidoso, foi numa dessas defesas que Inu me pegou pelas costas e atravessou suas garras no ombro. Miserável! Monkīkingu se aproveitou da situação e acertou o bastão em meu pescoço derrubando-me no chão, Keyth apareceu de uma brecha já com a katana pronta para atravessar minha cabeça. Segurei a espada o mais firme que consegui, era uma batalha de força e se eu perdesse iria ficar com um buraco na minha cara. Minhas mãos sangravam com a lâmina cortando-as, mas eu não podia desistir, num ato de desespero gritei à medida que me esforçava mais, por fim, por impulso, quando senti a ponta da katana se aproximar da minha pele, forcei a espada para a esquerda, me inclinei para frente a fim de segurar no braço dela e a lancei com tudo aos pés de Monkīkingu que imediatamente correu atrás de mim acertando minhas pernas e me fazendo cair logo após ter ficado em pé.

Um amor (im)possível (Satoru Gojou)Onde histórias criam vida. Descubra agora