9. Ligação, encantamento e decisão.

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 Esses últimos tempos eu ignorei e recusei tudo o que vinha de Gojou. Passei dias me perguntando o que teria acontecido para Itadori voltar vivo para Tokyo e Erza não me ligar. Ela não me respondeu nem me passou as informações que pedi! Sendo assim não tive outra escolha a não ser me dedicar a preparar um bom plano para matar Itadori, quando eu voltar para Kyoto irei perguntar pessoalmente o que deu na Erza para aquela ruiva não ter matado logo Itadori. Será que o que eu pedi foi demais? Não mesmo, por mais talentosas que possam ser, essas crianças não são capazes de vencer alguém como Erza! Bom, depois eu me preocupo com isso. Gojou até veio perguntar se eu estava bem, eu pedia para que Killa dissesse que eu tinha saído ou que estava dormindo, ele sempre aceitava a desculpa e ia embora.

 Simultaneamente, Noeri passou a me ligar mais e essas eu não podia recusar. Ele quer que eu cumpra as ordens dele rápido e pra ontem! Por que ele quer tanto isso? Ainda não sei o objetivo dele e agora apenas me deixou mais confusa, pois na última ligação dele o chefe me ordenou que entregasse Itadori com vida! Disse que eu usasse qualquer método que fosse preciso, mas ele ainda o queria vivo. Isso me deixou com uma pulga atrás da orelha e espero descobrir o que ele está tramando, porque seja lá o que for a coisa será feia e grande!

 A pequena deve estar com o rosado nesse momento. Planejei cada movimento, cada detalhe, tudo isso para que dê certo e eu consiga levar Itadori para o chefe e depois ter minha vida de volta! Assim que eu voltar para casa, contarei o plano para Killa e repassaremos no mínimo umas duas vezes para ela não esquecer. O mais difícil mesmo é fazê-la entender que isso é necessário. Itadori é um garoto legal, mas se as nossas vidas dependem de levá-lo, teremos que fazer isso! Há muita coisa em jogo.

 Eu estava andando pelo o shopping, já estava novinho em folha. Nem parece que há três meses atrás ele estava destruído, era fogo pra um lado, maldições para outro e assim ia. Agora ele parecia novo, como se tivessem acabado de construir e o preparassem para a inauguração. Hmpf, que coisa, acabei passando perto das escadas onde conheci Gojou, um sorriso se formou em meus lábios e um calor percorreu o meu corpo. Balancei a cabeça em busca de afastar todos esses pensamentos sobre ele, quando penso naquela catenga branca tudo o que eu faço e fiz parecem estar errados e eu começo a me arrepender de ter concordado em matar o aluno dele, como se eu tivesse tido escolha! Sinto como se estivesse traindo a confiança dele.

 Saí de lá, mais um minuto naquele shopping e eu iria enlouquecer. Decidi voltar para casa e no caminho de volta passei na padaria para comprar algumas coisas necessárias para o jantar. Ainda era cedo para cozinhar, mas é bom ir comprando tudo logo, não sei o que irá acontecer amanhã e temo que não seja nada bom. Algo me diz que amanhã será um mar de rosas, ou seja, iremos mergulhar diretamente nos espinhos! Peguei o necessário, paguei e saí.

— Keyth! — Ouvi uma voz me chamando e olhei para os lados à procura do dono. Dei de ombros não achando e voltei a andar — Keyth!

 Olhei para trás, era Gojou. Ele corria para me alcançar e eu apenas o via vindo até mim. Parando em minha frente, ele colocou as mãos no joelhos para recuperar o fôlego e depois arrumou a postura e me olhou nos olhos.

— Onde estava esses últimos dias? — Ele perguntou.

— Em casa...?

— Você não retornou as minhas ligações, fiquei preocupado. Achei que estivesse doente! — Ele realmente estava sendo sincero, seus olhos azuis por trás daqueles óculos não negavam isso.

— Foi mal, acho que acabei esquecendo. — Dei de ombros.

— Está indo para casa agora? — Ele reparou que eu tinha acabado de sair da padaria, então não tinha como dizer que eu iria lá.

Um amor (im)possível (Satoru Gojou)Onde histórias criam vida. Descubra agora