Capítulo XXXV

294 33 12
                                    

(Michael)

Explosão, gritos agonizantes, o som das chamas consumindo a carne e o metal, tudo isso se fazia presente. Acordei assustado, estava em casa, deitado na minha cama com o meu amor, ele me abraçava forte.

— Calma, calma, foi só um sonho, vai passar, você está seguro e está em casa. — Miguel falou me fazendo carinho.

— Desculpa. — Digo envergonhado, transparecia do seu olhar uma preocupação profunda. Odeio lhe fazer sentir isso, quando tudo o que eu queria era lhe fazer feliz.

— Não precisa pedir desculpas amor, está tudo bem, estou aqui com você. — Mesmo depois de um mês de volta a minha família, isso continuava, os sonhos, sonhos terríveis, em que eu via os rostos dos meus companheiros derretendo com fogo.

— Só queria que isso passasse, eu não aguento mais. —

— Não é assim que funciona amor, você já evoluiu tanto desde que começou com as reuniões e com a psicóloga. —

— Eu não quero viver assim para sempre, não quero estragar a vida do meu filho, não quero se um pai ruim. —

— Você não é um pai ruim, seu filho te ama, e se quer saber nem será. —

— Eu vou conseguir, eu juro, por todos nós. —

— Vai sim, eu acredito em você. — Ele beijou a minha bochecha. O abracei, meu coração desacelerou, minha respiração se acalmou. Passou.

— Olha o Sol está nascendo. — Miguel apontou para a janela, logo em seguida ele segura a minha mão e me puxa na direção da janela. Pouco a pouco o dia foi chegando, dando lugar a noite escura e fria.

Eu o abracei beijei seu lindo pescoço. A vida possuía ainda seu lado ruim, mas o lado bom era tão vasto quanto o céu tingido de laranja.

— Que lindo. Mas nem se compara a você. — Digo. Ele se vira e me olha com aquela sua expressão fofa e bela, o sorrisinho de canto e o brilho intenso nos olhos. Com o rosto pintado com pequenas sardas próximos aos olhos.

— Para seu sem vergonha, dá última vez que me disse isso engravidei de você. — Ele me fez rir alto.

Depois de assistirmos ao nascer do sol tomamos um banho quente e descemos para preparar o nosso café da manhã. Uma das coisas que mais senti falta era preparar algo para ele comer. Adorava conversar com ele enquanto cozinhava.

Anthony acordou, estava com fome, Miguel foi até lá amamentá-lo, depois de uns minutos ele voltou. Anthony dormia tranquilamente.

Nossos dias eram assim, tão calmos, eu aproveitava cada dia com meus dois amores. Eu já estava completamente apaixonado pelo meu filho, ele me fazia sentir a melhor pessoa do mundo por ser seu pai. Confesso que ele é um anjinho que chegou na minha vida para me salvar da escuridão.

Eu me perdia toda vez que ele ria, ria tanto quanto ele quase até explodir, Miguel me disse que nunca havia me visto sorrir tanto, desde que conheci nosso filho. Era a mais pura verdade.

Ele estava começando a engatinhar, era a coisinha mais fofa desse mundo. Miguel e eu ficávamos horas com ele em um tapetinho infantil, brincando com ele. Ele amava dinossauros, não sei porque. Na verdade ela amava morder os dinossauros.

E quando alguém segurava seu dinossauro ele fazia cara de bravo.

— Amor, amor — Miguel fala entusiasmado ao chegar na cozinha com nosso filho no colo.

— Que foi?. —

— Olha. Ele bateu palmas. — Anthony fez mais uma vez e nós dois caímos na gargalhada. Ele era um garotinho esperto. Era possível ver o tamanho do amor que o Miguel tinha por ele, eu percebia na forma como ele olhava, na forma como ele falava, até na forma como eles brincavam. Um amor assim só vi uma vez, e foi com a minha mãe. Acho que ela estaria feliz se visse a família que eu construí.

Anthony se inclinou em minha direção, ele queria vir para meus braços.

— Não filho, papai está cozinhando, estou com as mãos sujas. —

— Pega ele amor, deixa que eu termino o almoço. — Dito isso, lavei as mãos, as sequei, depois peguei meu garotão. Ele ficava tocando com seu dedo no meu rosto, depois agarrava meu nariz.

— Que foi papai? — Perguntei, depois cheirei sua barriguinha, aquele cheirinho de neném era a melhor coisa do mundo.

Miguel nos olhava todo contente, eu também estaria, pois ele construiu uma linda família. Agora era éramos um time de três, inseparáveis, alegres e brincalhões.

Cada dia que passava ele ficava mais agitado, gostava de se esconder do Miguel debaixo do cobertor e depois gargalhava alto quando ele o encontrava. Ele adorava colocar o dedo do seu pé na boca, tão sapequinha.

Certo dia estávamos na sala, quando Anthony pegou um de seus brinquedos de pelúcia e entregou ao Miguel.

— O que é isso amor? — Miguel ficou apalpando o bichinho — Acho que tem alguma coisa aqui dentro Mike. — Ele ficou um pouco preocupado e abriu o bonequinho e lá de dentro tirou uma caixinha vermelha.

— Eu não acredito. — Falou e segurou a minha mão, ele começou a rir — Você que escondeu isso aqui não foi? —

— Foi sim, abre. — Ele abriu a caixinha com muito cuidado, revelando as duas alianças contidas nela.

— Miguel, aqui na frente do nosso filho, eu gostaria de te pedir em casamento, não consigo mais adiar isso, eu te amo demais. Quero que você seja o meu esposo, o meu eterno namorado, quero que o mundo todo saiba disso e que os deuses e os homens sejam testemunhas do nosso amor. Por isso eu te imploro casa comigo meu amor. —

— Sim, sim, sim. — Falou deixando algumas lágrimas caírem, ele pulou em cima de mim, deitei sob o tapete do nosso filho, ali mesmo nos beijamos selando mais uma vez o nosso amor. Anthony engatinhou até nós para puxar o cabelo do Miguel, ele era muito ciumento.

— Amor, os seus papais vão se casar. — Falou com ele e sua resposta foi um sorriso. Segurei aquele nanico e o suspendi no ar, brinquei com ele fingindo que ele voava, o melhor era o seu sorriso, ele amava brincar assim.






Amor além das fronteirasWhere stories live. Discover now