— oh, eu estava brincando. É o último ensaio, não é legal você ficar brava comigo. - ele me olhou com os seus olhos azuis mais escuros do que o normal por conta da iluminação fraca da sala. -

— eu sei. - falei baixinho e ele soltou o meu braço. - está tudo bem, eu só... deixa para lá. Vamos aquecer.

Joshua não falou mais nada assim como eu também não, é um silêncio estranho e chega a ser desconfortável.

— você pode abrir a porta? - perguntei sentindo o meu coração mais acelerado do que o normal. -

— está afim de ouvir garotas gritando às nove da manhã!? - ele perguntou parecendo incrédulo e eu me sentei no banco. - já estou indo. - a sua frase soou quase como um resmungo. -

Realmente tudo o que eu ouvi foram gritos mas o ar está circulando dentro da sala e isso é bom.

— está meio pálida. - ele se agachou na minha frente. - quer uma água?

— não precisa, eu estou bem. - falei engolindo o meu próprio choro e me levantei sem saber ao certo para onde ir. -

— quer ir lá fora? Quer ir até o banheiro? - ele parecia um tanto desesperado. - gabrielly, depois disso só falta eu me ajoelhar e te implorar mas porra... eu preciso de você entende? - olhei para ele que está claramente frustrado. - eu preciso que você esteja bem para que isso dê certo, eu não gosto de admitir mas você é boa para caralho e isso ficou mais do que esclarecido ontem. Mas... para dar certo eu preciso que esteja tudo bem, principalmente entre a gente. Não precisamos ser melhores amigos, eu também não era o melhor amigo da Savannah, a minha dupla passada mas... a gente se dava bem.

— desculpa.

— você não precisa pedir desculpas, nem todo o mundo está bem todos os dias é só... separar o lado pessoal com o lado profissional. Você é ótima solista e eu trabalho melhor em dupla e gosto mais de o fazer, você precisa se adaptar a isso e eu preciso me adaptar a você e você sabe que Yonta é bastante observadora, ela quer química, ela quer algo que faça as pessoas se apaixonarem não só pelo jeito que a gente patina mas também por nós. Se você quiser, lá fora a gente conversa sobre algum problema, sei lá... mas aqui dentro a gente precisa se focar mais.

Ele tem razão mas eu não consigo.
Não consigo ficar numa sala fechada com ele por muito tempo, não consigo que ele toque em mim o tempo todo numa coreografia.
Tudo isso é novo para mim e o problema não está nele... está no Ryle e em mim por ter sido tão idiota.

Fiquei olhando para ele igual uma palhaça sem saber o que dizer até porque ele tem razão.

— eu vou dar o meu melhor.

— é tipo a terceira vez que você fala isso. - ele passou a mão pelos cabelos e soltou um suspiro frustrado. - mas tá, eu vou confiar nisso.

Treinámos no chão por uma hora e no gelo por três até que deu 13:00 horas da tarde então Kyle e Yonta liberaram a gente para a hora do almoço.

— almoça com a gente? Ontem você não almoçou. - Sina perguntou segurando no meu braço e me olhando com cara de cachorrinho abandonado. -

— Sina eu não...

— por favor. - ela pediu. - somos as únicas garotas entre esses machos estranhos, eles têm conversas esquisitas e você é legal.

𝐌𝐘 𝐁𝐋𝐎𝐎𝐃𝐋𝐄𝐒𝐒 - 𝖻𝖾𝖺𝗎𝖺𝗇𝗒 𝗌𝗍𝗈𝗋𝗒Where stories live. Discover now