O Terror da Gastronomia

46 7 0
                                    

-06H23MIN

Após tomar um relaxante banho gelado e se vestir, preparando-se para ir até a estação de metrô, Cheng caminhou até a cozinha, onde Xichen estava terminando de preparar o próprio café da manhã.

—Bom dia, colega de quarto.

—Bom dia, Jiang. — O mais velho estava usando um avental azul com desenhos de nuvens. Ele estava fazendo algumas panquecas na frigideira e não se virou para encará-lo.

Cheng passou por ele e abriu o armário de cima, pegando a embalagem do seu cereal preferido e a lata de leite em pó, sem perceber que estava sendo encarado por um Xichen Lan muito curioso.

—Você vai comer isso no café da manhã? — Perguntou, um tanto chocado. Aquilo era uma bomba de açúcar.

—Vou sim. Por quê? — Ele colocou a caixa e a lata sobre a mesa e em seguida foi em busca da sua tigela preferida. Por fim, abriu a geladeira, pegou uma caixa de leite e então a colher.

Xichen o observou encher a tigela com uma quantidade preocupante de cereal colorido e leite em pó e depois, outra quantidade preocupante de leite, finalizando o horror gastronômico com uma boa dose de açúcar. Ele ficou tão chocado que não conseguiu tirar os olhos daquela cena tenebrosa por uns quinze segundos antes de, então, se lembrar que estava fazendo as panquecas.

Habilmente ele as virou na frigideira com a mão esquerda, usando a direita para pegar o recipiente com sal e despejar um pouco sobre elas.

Cheng o observou atentamente, enquanto comia seu cereal lentamente. Xichen era desgraçadamente bonito e gostoso. Alto, ombros ligeiramente largos típicos de nadador e suas costas eram totalmente "abraçáveis". Ele estava vestindo uma camiseta social azul claro e uma calça social preta, e por cima do conjunto elegante e típico de burguesinho trajava um avental muito bonito azul com desenhos de nuvens.

Ele mastigou demoradamente o cereal, percorrendo o corpo do mais velho com um olhar de admiração. Como era possível que um cara tão careta fosse na mesma proporção inacreditavelmente gostoso? Ele desceu o olhar até a bunda durinha marcada pela calça que Xichen vestia e parou nas pernas magras, porém atléticas dele. Ele com certeza deveria ter praticado natação durante muitos anos, pensou Cheng.

—Eu não quero ser inconveniente, mas por que você não deixa essa atrocidade infanto-juvenil de lado e não come a panqueca? É muito mais saudável.

Cheng meneou a cabeça, só então dando-se conta de que o mais velho falava consigo. Ele engasgou-se brevemente com o cereal, demorando alguns minutos para se recompor. Será que ele havia percebido que estava sendo encarado como se fosse um delicioso pedaço de bacon? Céus, Cheng esperava que não.

—Eu aposto que está uma delícia, mas eu tenho que me apressar. — Explicou antes de mergulhar novamente a colher na tigela e levá-la até a boca.

Xichen o olhou por cima do ombro, percebendo que ele comia como se estivesse em uma competição tal como nos filmes de comédia pastelona.

—Senão eu vou perder o metrô. — Acrescentou Cheng, mandando a boa etiqueta para o inferno e falando de boca cheia. Ele mastigou o cereal demoradamente por um longo tempo. Xichen desligou o fogão e então, segurando a frigideira, andou até o armário pegando um prato, ele as despejou ali e então fitou o cunhado do seu irmão por alguns segundos.

—Entendi. — Xichen se limitou a responder isso, imaginando que o outro não iria querer receber um sermão sobre seus péssimos hábitos alimentares.

E ele considerou que aquilo provavelmente não era da sua conta, mas se havia algo que realmente incomodava até as estranhas de seu ser, ele, como profissional renomado no ramo gastronômico, era ver pessoas comendo porcarias como se fossem pré-adolescentes em fase de formação.

A Odisseia de dividir o apartamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora