Inevitável

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Zixuan, Nie e Ning levavam algumas caixas para o elevador, a pedido do Jiang caçula.

Cheng piscou os olhos algumas vezes, fitando indignadamente os irmãos que continuavam dentro do seu quarto – agora vazio – e se abraçavam em meio a um mar de lágrimas. Ele rolou os olhos revoltado. Embora já soubesse que eles iriam dramatizar o máximo possível a sua mudança, vestir roupas pretas e colocar Back to Back da Amy Winehouse era um pouquinho demais. Ele grunhiu e então colocou a caixa, cheia de livros, no chão somente para marchar furiosamente em direção ao cômodo vazio.

—Vocês querem parar com esse dramalhão, porra? Eu vou continuar na mesma cidade que vocês!

—Não acredito que você está mesmo indo embora. — Yanli estava triplamente mais sensível graças aos hormônios da gravidez, então ela tinha motivos para se debulhar em lágrimas.

O que, definitivamente, não era o caso de Wei Ying que estava usando uma camiseta do Black Sabbath, passado batom preto e ficava repetindo "Eu ainda consigo ouvir a voz dele" sem parar, como se fosse um mantra. Cheng queria muito dar uns bons chutes no irmão para parar com aquela merda do caralho, mas a verdade é que ele mesmo estava começando a ser afetado pela tristeza dos irmãos. Ele podia estar tremendo de alívio por finalmente ter seu próprio canto, mas também estava desgraçadamente triste ao imaginar que não iria vê-los com tanta frequência.

—É melhor não darem uma festa para comemorar a minha partida, hein? — Brincou, lutando contra o soluço que crescia como uma bola em sua garganta. Ele se aproximou dos irmãos estupidamente chorões e os abraçou fortemente.

—Ele ainda está entre nós... — Ying voltou a dizer. — Ei! — Resmungou ao levar um soco no ombro e sorrindo, retribuiu o abraço dos irmãos.

Os três ficaram assim por um tempo, remoendo silenciosamente todas as lembranças que tinham do lugar, até Cheng se afastar, respirando fundo e limpando discretamente as lágrimas que escorriam por seu rosto.

—Não apareçam sem avisar.

Chocados, Ying e Yanli se viraram indignadamente para encarar o irmão mais novo, gritando inúmeros palavrões e ofensas ao moreno que abriu um sorriso de canto e se virou, dando as costas para eles, indo pegar as caixas e seguir em direção ao elevador.

Ele parou brevemente para dar uma última olhada na sala, sendo inundado por lembranças de quando brincava de lutinha com o irmão ou Yanli testava suas técnicas de maquiadora neles, ou da vez que ele teve a infelicidade de flagrar Wangji e Ying se pegando no carpete, que ele jogou na caçamba do lixo no dia seguinte. Ele riu e então respirou fundo. Não fazia ideia de que se mudar podia ser tão doloroso e nostálgico.

—A porta sempre estará aberta para você, A-Wanyin. — A irmã o abraçou por trás, juntamente de Ying que, a essa altura, chorava de soluçar.

—Puta merda, eu estou indo para o outro lado da cidade, e não me mudando para a Argentina!

—Apenas cala a porra da boca suja e aceita o carinho. — Ying vociferou.

Cheng revirou os olhos, entretanto não disse nada, permitindo-se ser abraçado pelos dois cretinos.

HORAS DEPOIS

—Uau! — Nie assobiou. Era a primeira vez que ele ia a casa dos irmãos Lan. — Esse lugar é incrível. Você se deu muito bem, Chengcheng.

O moreno assentiu, avaliando mais uma vez a ampla sala de estar, já planejando reunir os amigos para assistirem aos jogos de futebol durante o fim de semana.

—Se o Xichen passa tanto tempo no restaurante, por que o Wuxian e o Wangji não vêm mais vezes para cá? — Ning indagou curiosamente, aproximando-se da estante e colocando alguns porta-retratos dos irmãos Jiang e do próprio Cheng.

A Odisseia de dividir o apartamentoWhere stories live. Discover now