JOGO DE MARIONETES | O egoísmo dos homens revela suas sombras mais obscuras.
Valentim nunca enxergou Maeve como uma criança.
Desde o momento em que a sequestrou ainda bebê, ela foi apenas um experimento. Uma arma em potencial.
Criada entre cientista...
Caminhamos em silêncio por um tempo, até que a presença do Ayon não pudesse mais ser sentida.
— Raízes na sombra? — perguntei finalmente.
Kiri soltou um som que não era nem um riso nem um suspiro.
— Ele é fraco para você, Maeve. Sua energia é... pequena. Suga a sua luz, em vez de refleti-la. — Ela falava como se descrevesse uma planta venenosa. — Você não precisa daquela sombra. E eu não gosto de vê-la fingindo que precisa.
— Não estou fingindo — tentei, mas a defesa soou oca.
Kiri parou e me virou para encará-la. Seus olhos pareciam ver através da pele azul.
— Você acha que engana alguém? — ela perguntou, suave, mas implacável. — Você olha para ele, mas não vê ele. E ele... ele vê apenas o que você permite. É uma dança triste, irmã. E você está perdendo o ritmo da sua própria música.
Por que ela fala de um jeito tão poético?
Ela não esperou uma resposta. Soltou meu braço e começou a caminhar novamente, em direção à verdadeira floresta, longe dos penhascos e das fachadas.
— Venha. Há uma árvore que quer mostrar suas folhas para você. Ela tem coisas mais importantes para dizer do que qualquer garoto.
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OITO MESES. Oito meses desde que a RDA voltou, e a floresta não tinha mais de paz. A Guerra era constante, vivíamos atacando humanos para roubar suas armas e tecnologias.
O clima entre mim e Neteyam continuava o mesmo
Não nos falávamos. Nos evitávamos completamente. Se ele entrava na clareira, eu encontrava uma razão para estar em outro lugar.
Eu estranhei quando Kiri e Layra me chamaram com um sorriso suspeito e me disseram que tinham encontrado "algumas das anotações antigas da Grace" em uma sala do laboratório abandonado, eu devia ter desconfiado. Mas a mentira era boa. E a parte de mim que ainda era filha de Grace, mordeu a isca. Deixei-me levar.
A sala era uma cápsula do tempo empoeirada, cheia de equipamentos desligados e telas escuras. Mal tive tempo de sentir o calafrio habitual que esses lugares me causavam quando a porta se abriu novamente.
E entrou Neteyam, puxado por Lo'ak e Spider,. Ele parou no meio da sala. Nossos olhos se encontraram, e desta vez não houve como desviar. O choque e a surpresa foram iguais nos dois rostos.
— O que... — começamos a falar ao mesmo tempo, e paramos.
A porta do corredor se fechou com um clique alto. Corremos até ela. Estava trancada. Batemos no vidro reforçado.
Do lado de fora, os quatro traidores estavam parados, rindo da gente.
— O que vocês acham que estão fazendo? — gritei, minha voz abafada pelo vidro.