JOGO DE MARIONETES | O egoísmo dos homens revela suas sombras mais obscuras.
Valentim nunca enxergou Maeve como uma criança.
Desde o momento em que a sequestrou ainda bebê, ela foi apenas um experimento. Uma arma em potencial.
Criada entre cientista...
⊹ ˑ ִ ֗ ִ ۫INFORMAÇÕES PARA A GENERAL ⊹ ˑ ִ ֗ ִ ۫ CAPÍTULO OITO
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───── Eu tô aqui pra continuar com a minha missão.
A SALA DE ESTUDOS era um dos poucos lugares na RDA que não cheirava a óleo. Cheirava a papel velho, solução de conservação e, agora, ao doce aroma artificial do doce que Ethan tinha conseguido de Deus-sabe-onde. Eu estava afundada em uma cadeira estofada focada em acabar com o pote de plástico azul.
— Qual que é o nome disso mesmo? — perguntei, com a boca cheia daquela coisa cremosa e absurdamente doce.
— Delícia Celestial — Ethan respondeu, erguendo os olhos de seu microscópio portátil por um segundo.
— Delícia Celestial! — repeti, mais alto, dando outra colherada. — Eu adoro isso! É o melhor produto humano que já chegaram aqui.
Ele deu uma risadinha.
— Percebi. Você quase acabou com um pote inteiro em dez minutos. Vai ficar doente.
— Totally worth it — murmurei em inglês, um hábito que só tinha com ele.
Enquanto saboreava a última colherada, observei-o. Seu rosto estava iluminado pela tela do microscópio, sua expressão era de concentração. Era assim que eu imaginava que Grace devia ter sido, antes de tudo dar errado. Antes de mim.
Para afastar o pensamento, inclinei-me para frente.
— O que você está estudando aí que é mais interessante que a Delícia Celestial?
Ethan ergueu um tubo de ensaio cuidadosamente. Dentro, uma pequena amostra de musgo bioluminescente das cavernas das Montanhas Hallelujah pulsava com um azul suave.
— São as amostras que você coletou na última... 'caminhada' — ele disse, evitando o termo 'expedição de reconhecimento' que constava nos relatórios oficiais. — Essa aqui é fascinante. A estrutura celular é completamente diferente de qualquer análogo terrestre. Ela não apenas emite luz, parece se comunicar através de variações na pulsação.
Me aproximei, olhando para o musgo brilhante. Era estranho ver um pedaço da magia de Pandora preso sob o vidro, dissecado pela ciência do meu próprio povo. Uma pontada de culpa me atingiu. Eu tinha coletado isso. Para Ethan, era ciência pura. Para a RDA, era um recurso potencial,. Para mim, era um pedaço de um mundo que eu estava ajudando a mapear para sua possível destruição.
— Essas plantas são incríveis, né? — comentei, minha voz um pouco mais baixa. — Tem várias dessas nas partes mais profundas das Montanhas. Só brilham à noite, ou quando está muito quieto.
Os olhos dele brilharam com curiosidade.
— Você consegue trazer mais? De diferentes locais? A variação geográfica pode nos dizer muito sobre a adaptação...
