JOGO DE MARIONETES | O egoísmo dos homens revela suas sombras mais obscuras.
Valentim nunca enxergou Maeve como uma criança.
Desde o momento em que a sequestrou ainda bebê, ela foi apenas um experimento. Uma arma em potencial.
Criada entre cientista...
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───── Deve ser incrível estar tão conectada à natureza. Eu só vejo árvores nos hologramas por aqui.
A DESCONEXÃO FOI UM RASGO BRUTAL. Um segundo, eu estava no corpo Na'vi, sentindo o calor das chamas no rosto, o cheiro de fumaça e destruição, a mão de Neteyam congelada na minha. No outro, fui arrancada para a fria claustrofobia da unidade de ligação.
Meu corpo humano sacudiu com o choque do retorno. Mas não foi o choque físico que me dominou. Foi a fúria.
Empurrei os cabos, os sensores, tudo. Caí no chão frio de metal, mas me levantei num movimento desengonçado. A visão estava turva, mas eu enxergava perfeitamente bem a figura de Yisa, encostada em um console com os braços cruzados, um ar de "eu avisei" estampado no rosto. E, alguns passos além, Valentim, conversando em tom baixo com um técnico.
Um grito que não sabia que minha garganta humana podia produzir saiu de mim.
— O QUE VOCÊS FIZERAM? PORRA! O QUE É AQUILO?!
Minha voz estilhaçou o silêncio do laboratório. Avancei na direção de Valentim.
— Eu disse que ela surtaria — comentou Yisa.
Valentim se virou, seus olhos claros encontrando os meus. Ele ergueu as mãos em um gesto de apaziguamento, aproximando-se.
— Maeve. Acalme-se. Respire.
Acalme-se? A palavra foi uma faísca na gasolina.
— NÃO! — gritei, batendo com as duas mãos abertas no peito dele. — O QUE ESTÁ ACONTECENDO, CARALHO?! ME EXPLICA!
Minha visão estava borrada pelas lágrimas quentes e incontroláveis. Não eram lágrimas de tristeza agora. Eram de ódio. Eu os tinha visto. O foguete. A marca da RDA. Isso era humano. Isso era deles. Do meu lado.
Valentim segurou meus pulsos, sua força esmagando minha resistência com facilidade. Seu rosto estava perto do meu, e nele eu não via culpa, nem pânico.
— Maeve, você precisa parar. Você não está pensando claramente.
— CLARO QUE NÃO ESTOU PENSANDO CLARAMENTE! A FLORESTA TÁ PEGANDO FOGO! EU VI! — Minha voz quebrou em um grito rouco. — FOI VOCÊS? ISSO FAZ PARTE DO PLANO? DESTRUIR TUDO?!
Ele tentou puxar-me para um abraço.
— Filha, por favor...
— NÃO ME CHAMA DE FILHA! ME DÊ EXPLICAÇÕES! AGORA!
Soltou meus pulsos, mas seus olhos não se afastaram.
— A situação é complexa. Operações estratégicas estão em andamento. Você não tinha necessidade de saber.
