JOGO DE MARIONETES | O egoísmo dos homens revela suas sombras mais obscuras.
Valentim nunca enxergou Maeve como uma criança.
Desde o momento em que a sequestrou ainda bebê, ela foi apenas um experimento. Uma arma em potencial.
Criada entre cientista...
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───── Você deixou todos preocupados, principalmente sua mãe e eu.
JA TINHA SE PASSADO UMA semana desde que eu entrei pro clã Omaticaya. Parece pouco tempo, mas pra mim já parecia uma vida inteira. Eu estava me adaptando bem, ou fingindo bem, o que dava no mesmo no final.
Meus machucados estavam quase fechando, eu já conseguia me mover sem sentir aquela dor constante no corpo. Era estranho estar... tranquila. Eu não lembrava a última vez que senti algo parecido.
Também conheci uma garota humana que vivia aqui, Layra. Pelo que eu entendi, era filha do cientista Norm e de uma moça que eu não conhecia, mas pelo que entendi, seu nome era Trudy. Tínhamos quase a mesma idade, e ela era... normal. Gentil, meio tímida, mas legal. Era fácil ficar perto dela. Ela não fazia perguntas demais, não me olhava como se estivesse tentando me decifrar. Ela só... estava ali. Isso era raro.
Meu pai, por outro lado, parecia cada vez mais distante. A gente quase não se via. Quando eu estava no meu corpo humano, ele estava sempre preso em alguma reunião militar ou pesquisando alguma coisa no laboratório. Eu não sabia dizer se ele estava me evitando... ou se simplesmente não importava mais.
Eu estava deitada no meu quarto quando ouvi passos e a voz da Yisa.
— Pensando demais? — ela entrou sem bater, como sempre.
Eu ri fraco.
— Sempre.
Ela se jogou na minha cama, mexendo em alguns fios do projetor portátil que havíamos pegado emprestado do laboratório.
— E se a gente assistir um filme? — ela sugeriu.
— Que tipo?
— Um daqueles romances humanos onde alguém morre no final. Você sabe... os dramáticos que você adora.
Revirei os olhos, mas sorri.
— Além do Horizonte Azul? — sugeri, falando do filme que eu vi a alguns anos. Uma garota se apaixona por um rapaz doente... e no final... eles não ficam juntos. Meu tipo favorito.
— Nossa, esse é antigo — Yisa fez uma careta exagerada. — Você desenterra cada coisa, menina. Esse filme é quase fóssil.
— Eu gosto dos antigos. Eles parecem... mais honestos — respondi, dando de ombros.
— Tá, tá, vamos ver esse museu emocional — ela disse, rindo enquanto colocava o filme.
Me aconcheguei nos braços dela, sentindo a respiração dela ritmada, calma. Era tão fácil estar com a Yisa. Tão fácil esquecer quem eu era, o que eu estava fazendo aqui. Por alguns segundos, eu parei de atuar. Parei de pensar no plano, nas estratégias, no que eu precisava descobrir sobre a família Sully.