009. MISTAKES MADE

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Amar Neteyam era uma linha que eu não podia cruzar. Seria a rendição final. Mas sentir falta dele... isso já era um fato. Era uma dor surda e cotidiana. E era o preço mais caro que eu pagava, todos os dias, para tentar pertencer a dois mundos que estavam determinados a se destruir.

 E era o preço mais caro que eu pagava, todos os dias, para tentar pertencer a dois mundos que estavam determinados a se destruir

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O SOL DA MANHÃ ESQUENTAVA A clareira de treino, mas dentro de mim, algo muito mais quente e perigoso fervia. Meu corpo executava os movimentos no automático, enquanto meus olhos, estavam fixos em um único ponto.

Neteyam. E ela.

Mali'na. Era esse o nome da filha do tecelão. Bonita, é claro, com um jeito suave que parecia falso como melaço. E ela estava colada nele. Durante um exercício de nós, ela não parava. Um toque aqui ("Deixa eu ajustar isso para você, Neteyam!"), um riso exagerado ali ("Você é tão engraçado!"), o corpo dela se inclinando, invadindo o espaço dele a cada oportunidade.

E ele... ele não a afastava. Um sorriso educado, um aceno de cabeça. Nada daquela tensão sutil que eu conhecia, que aparecia quando ele estava verdadeiramente desconfortável. Ele a deixava ficar. Deixava aqueles dedos tocarem o bracelete dele, o braço dele. Como se fosse normal. Como se fosse aceitável.

Um fogo branco acendeu na base do meu crânio. O som dos outros treinando, os gritos, as ordens, tudo se tornou um zumbido abafado. O mundo se estreitou até o ponto onde a mão dela repousava no antebraço dele. Cada batida do meu coração era um martelo de raiva.

Tira a mão dele.

O pensamento não foi um pedido. Foi um comando interno, selvagem.

Tira ou eu arranco.

Ela deu uma risadinha, aguda e deliberada, e encostou a cabeça no ombro dele por uma fração de segundo. Foi a gota d'água. Algo dentro de mim se partiu.

Minha mão, agindo por conta própria, foi direto ao arco nas minhas costas e puxou uma flecha. O movimento foi fluido, rápido, mortalmente sério. Não era o gesto de uma aprendiz. Era o gesto de quem foi treinada para eliminar ameaças.

Não pensei no alvo de madeira designado para o treino de arco e flecha. Pensei no espaço entre os olhos sorridentes da Mali'na. O ponto onde a ponta romba da flecha causaria o máximo de dor, de confusão, de parada.

Elevei o arco. A corda tensionou sob meus dedos. Meu braço, meu ombro, minha mente, tudo alinhado não no alvo de madeira, mas nela. Naquela cabeça inclinada perto do ombro de Neteyam.

Foi então que ele olhou para mim.

Seus olhos dourados encontraram os meus por cima do ombro da Mali'na. Ele estava surpreso. Ele viu o arco erguido. Viu a flecha. Viu a linha do meu olhar, que não estava no alvo oficial. Viu a frieza assassina no meu rosto.

Nosso olhar se travou. Um segundo. Dois. O ciúme e o ódio em mim desafiavam a clareza perturbadora no olhar dele. Não dei um centímetro. Não baixei o arco. Não desviei a flecha.

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PUPPET GAME ' NETEYAM SULLYWhere stories live. Discover now