JOGO DE MARIONETES | O egoísmo dos homens revela suas sombras mais obscuras.
Valentim nunca enxergou Maeve como uma criança.
Desde o momento em que a sequestrou ainda bebê, ela foi apenas um experimento. Uma arma em potencial.
Criada entre cientista...
A frase ecoou dentro de mim como um trovão distante. Era um convite para mergulhar no abismo. Buscar a verdade em Eywa significava render-se completamente a este mundo. Significava aceitar que a minha história poderia estar errada. Significava olhar para o rosto sereno de Grace no tanque e perguntar, de verdade: "Você me quis?".
O medo foi uma onda gelada. Se eu soubesse a resposta, se fosse a resposta errada (a certa?), meu frágil equilíbrio desabaria.
Guardei a folha de Líria-noturna no meu saco com cuidado excessivo, como se fosse uma relíquia.
— Talvez um dia — murmorei, incapaz de dizer sim ou não.
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O CAMPO DE TREINAMENTO FERVILHAVA, um caos de corpos azuis em movimento. Meus músculos respondiam de maneira automática no treinamento, mas minha mente estava em outro lugar. Ou melhor, em outra pessoa.
Meus olhos, traidores, o encontraram através da clareira.
Neteyam. Ele estava agachado ao lado de Tuk, suas mãos grandes ajustando com paciência infinita os pequenos dedos dela ao redor do arco. Ele disse algo, Tuk riu, e o som da risada dele atravessou a distância e me atingiu como um soco.
Desde que eu arquitetara aquela briga estúpida, um muro invisível havia crescido entre nós. Agora era "Maeve", dito de forma vazia. "Com licença." "Você precisa disso?" Nada do apelido ridículo que fazia meu estômago embrulhar de um jeito bom. Nada do toque casual no meu braço para me guiar. Nada daquele olhar que me fazia sentir... vista. De verdade.
Lo'ak materializou-se ao meu lado, suando e com um sorriso
— Tá olhando o que, hein? — ele provocou, cutucando meu braço com o cotovelo.
— Não estou olhando para nada — falei, virando-me de forma abrupta para uma estaca de madeira e desferindo uma série de golpes rápidos. A madeira estalou sob o impacto.
— Claro, claro. Por isso você quase acertou o Spider na orelha há pouco. Concentração nível guerreiro ancião. — Ele baixou a voz, se aproximando. — Fala sério, o que foi que ele fez? Porque se foi algo idiota, eu...
— Lo'ak — cortei, a voz mais áspera do que o necessário. — Para. Não foi nada. Nada aconteceu. É só... mais fácil assim.
A palavra "fácil" soou como a maior mentira que já disse. Nada naquela distância era fácil. Era um peso constante. Era a ausência dele ao meu lado na hora das refeições, o silêncio onde antes havia suas brincadeiras quietas.
Me afastei antes que Lo'ak pudesse ver através da minha fachada irritada. Antes que minha expressão rachasse e eu confessasse que aquela "facilidade" era a coisa mais difícil que eu já fizera. Que doía mais do que qualquer golpe de treino, mais do que qualquer mentira dita a Ardmore.