Capitulo 16

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Arábia

Hoje era folga do Grilo e ele ia pro asfalto encontrar com a Vick que está passando o fim de semana na casa da Lara. Vou tentar usar esse tempo pra dar mais atenção pra minha mulher, esses dias conversei com Thais e falei que não quero saber de ninguém enfiando coisa na cabeça dela e muito menos apoiando atitude precipitada, ela me entendeu bem.

Queria descer com o Grilo, mas tenho certeza que se eu chegar lá na casa da mina ela vai surtar, e eu tenho muita coisa pra resolver por aqui. Chegou informação que os arrombado do Parada de Lucas tá esperando só uma brecha pra invadir, que o dono de lá tá junto com a polícia pra tomar meu morro e que tem infiltrado aqui, que eu já até sei quem são, mas vou dar corda só pra vê até onde vão.

Passei o fim de semana todo de boa, sem ir pra resenha e nem luxar. Dei atenção pro meu morro e pra minha mulher, tô tentando reviver tudo que a gente já teve, mas tá difícil pra caralho.

Quando foi na metade da outra semana, tinha acabado de chegar em casa, ouvi o barulho de foguete sendo estourado no céu. Entrei correndo pra vê se estava tudo bem com Samantha e pegar minhas coisa e descer pro confronto. Quando entrei no quarto ela tava sentada na cama assustada, e me olhou com os olhos marejados.

- Só me promete que vai voltar vivo.

Dei meu melhor sorriso e dei um beijo em sua boca sem dizer nada.

- Prometo que vou fazer o possível - respondi fazendo com que ela respirasse fundo.

Eu já estava preparado pra essa invasão acontecer essa semana, na semana anterior chegaram os armamentos e distribui pra todos, menos pros caras da boca que eu estava desconfiado, fazendo eles baterem com os dentes falando que estávamos fracos. E adivinha por onde os pau no cu entraram? Pelo lado da boca dos meus que eu já desconfiava da traição.

Peguei o radinho e sintonizei na nossa frequência, já começando a ouvir os barulhos dos tiros rolando solto.

Grilo: "Arábia porra, cadê tu" 

Arábia: "Tô descendo pela rua principal, mas da o papo, é os bota ou os alemão do PL".

Grilo: "Desce pela principal e sobe a 15, eles entraram por cima com a ajuda dos pau no cu das lojinha de cima, da 09, 12 e 16. Era eles mesmo que nós tava na desconfiança"

Arábia: "E tu ta onde Grilo, porra, ta uma trocação do caralho la pra cima".

Grilo: "Tô chegando na 12, liga a frequência de geral ai e da a ordem, mas não fala nada pra esses pau no cu fugir não, vamo atrair todos pra 16, que é a mais próxima da boca principal".

Mudei a frequência do rádio e coloquei pra geral, não tem essa de ta de folga, quando é guerra é todo mundo convocado pra proteger o morro.

Arábia: "Não quero muito papo por aqui, só o necessário. Geral aqui já sabe como funciona nessas horas, o bagulho ta louco lá pra cima e eu to chegando pra ajudar, preciso de cinco na minha contenção, de resto quero geral de olho porque pelo o que eu entendi quem ta invadindo são os pau no cu da Parada de Lucas. Não é hora de ter medo, geral aqui é treinado pra esses momentos e tô ligado que já entraram pra vida sabendo. Tô indo direto pra lojinha 16"

Desliguei o rádio e pouco depois o Uva e o Fumaça chegaram pra fazer minha contenção, eles trouxeram mais alguns e mais na frente encontramos com o Grilo. Os cara veio forte, mas não mais forte que nós, a medida que ia me aproximando da parte de cima da favela ia ouvindo as rajadas e vendo algumas balas voando, me abaixei em um beco que não dava pra ver quase nada do céu e passei a visão pros que estavam me acompanhando.

Entregue à LoucuraOnde histórias criam vida. Descubra agora