Capítulo IX

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NETEYAM

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NETEYAM

Um chão frio

Gritos

Disparos

Gritos, gritos e mais gritos

Como uma pena caindo lentamente depois de ser desprendida de seu portador, assim me senti. Cai em um lago escuro parecido com um sonho. Pouco depois me dei conta de que não podia escapar dele

Ainda lembrava aquele instante em que a dor do meu peito era insignificante comparado com a ansiedade que recorría o meu ser. Via eles, minha família, os Sully e só podia desejar que seus rostos jamais sumissem da minha vida. Depois estava meu pai. O admirava tanto, queria ser como ele, tão inteligente, forte e protetor, no entanto, um pesar maior pegou a minha atenção; milhões de perguntas apareceram em minha mente, entre elas: vou morrer?

Me faltou viver. Me faltou sonhar. Queria ter feito mais. Conhecer, aproveitar, rir, abraçar. É sério que tudo acabaria assim? Não podia aceitar, ainda não era a minha hora. Tempo era o que me faltava para continuar guiando os meus irmãos, proteger mamãe e dar orgulho a quem costumava chamar de senhor. Desejava voltar para casa, viver em paz e por fim poder chamá-lo da maneira correta. Talvez ainda não era muito tarde?

Pai, eu...

Isso foi o último que pude pronunciar

A queda veio depois acompanhada de cenas pertencentes a uma infância que tinha ficado a muito para trás: o calor do peito de minha mãe, os momentos com papai onde me ensinava não só a caçar, se não também aquele lado gentil e carinhoso que pouco demonstrava quando começamos a crescer; a voz de Tuk gritando o meu nome e sorrindo cada vez que me via; a estranheza de Kiri e a clara irritação de Skawng, meu irmão... Ele por acaso tinha ressentimento por mim? O soldadinho perfeito, sempre estive longe de ser e ainda assim é o que via em mim

Tudo acabaria?

Pensei. Irônico pensar se já está morto, mas foi assim. Depois vieram as sensações de ser abraçado por uma luz desconhecida. Em algum ponto me encontrei caminhando por um espaço branco, seguindo a voz que pronunciava um nome; meu inerte coração parecia bater a este chamado ainda quando não me pertencia. Não sei quanto tempo perambulei nessa irrealidade, mas, como uma suave brisa, apareceu a quem busquei. Quem era? Porque seu rosto se tornava pouco nítido a cada segundo?

Logo algo me puxou e se intrometeu, me cegando e me privando daquele encontro

Onde estava Eywa? Onde estavam os meus ancestrais? Por acaso pertenecería a escuridão infinita?

Talvez sim. Então, por que um repentino grito surgiu e derrubou as paredes inexistentes que me prendiam?

Acordei. Sai de onde seja que me encontrasse. Voltei a ver a minha família, a sentir o vento em meu rosto, a sentir o cheiro da brisa do mar. Tudo parecia ter sido um pesadelo

NÜ'RIEL (Neteyam x Oc)Where stories live. Discover now