007. SCIENCE NERD

Start from the beginning
                                        

— Desculpe, não estava prestando atenção — disse rapidamente, já me abaixando para ajudar a juntar a papelada.

— Sem problemas, a culpa provavelmente foi minha — uma voz masculina, jovem e um pouco nervosa, respondeu. — Eu costumo andar com a cabeça nas nuvens. Ou, no caso, nos cálculos.

Ajuntei um punhado de folhas com gráficos que não faziam sentido para mim. Quando levantei os olhos, encontrei os dele. Um rapaz, provavelmente da minha idade, com cabelos castanhos desobedientes com mechas loiras do sol e olhos escuros. Usava um jaleco de cientista júnior, manchado de café.

— Sou Ethan, por sinal — ele se apresentou, aceitando os papéis com um sorriso constrangido.

— Maeve. — respondi com um pequeno aceno. Ele era alto, eu tinha que erguer um pouco a cabeça. A diferença era absurda, me fazendo sentir ainda mais diminuta. — E acho que você não deveria ficar tão distraído por aqui. Se ficar, é capaz de tomar um tiro por "comportamento suspeito".

Ele riu, um som genuíno que pareceu fora de lugar no corredor.

— É, eu sei. Mas às vezes a pressão nos laboratórios é sufocante. Sair para caminhar um pouco, mesmo que aqui dentro, ajuda a clarear a mente.

— Sei — respondi, e pela primeira vez desde que tinha entrado naquela base, a palavra não foi uma mentira ou uma deflexão. Eu entendia perfeitamente a necessidade de fugir daquela pressão. — A floresta é meu refúgio, quando preciso escapar.

Os olhos dele brilharam com uma curiosidade imediata e inocente.

— Então você é infiltradas que todo mundo fala! Deve ser incrível, estar tão conectado à natureza assim. Eu só vejo árvores em hologramas de simulação ou em amostras de biópsia.

A frase "conectado à natureza" ecoou de um jeito doloroso. Se ele soubesse.

— É incrível mesmo — confirmei, minha voz um pouco mais suave. Cruzei os braços, um gesto inconsciente de me proteger. — E você? Parece muito jovem para estar num lugar como Pandora.

Ele encolheu os ombros, um pouco orgulhoso.

— Passei em um concurso de astronomia e astrobiologia. O prêmio era uma viagem de estudos para aqui. E, bem, o vencedor fui eu.

Um concurso. Tão... normal. Tão humano.

— Então você é um nerd da ciência? — perguntei, e um sorriso de verdade tocou meus lábios.

Ele corou levemente, o que era quase fofo.

— Meio que sim, admito.

— Legal — comentei, e soou bobo, mas era sincero. Era um alívio trocar palavras com alguém que não estava jogando xadrez tridimensional com vidas.

— Enfim... obrigado por ajudar com os papéis — ele disse, ajustando a pilha no braço.

— Sempre bom ajudar — respondi, e num impulso, levei a mão à testa num gesto relaxado e meio brincalhão de continência. — Boa sorte, Nerd Ethan.

Ele riu de novo, acenando com a cabeça enquanto eu me virava para continuar meu caminho. Senti, mais do que vi, seu olhar me seguindo por alguns segundos.

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
PUPPET GAME ' NETEYAM SULLYWhere stories live. Discover now