JOGO DE MARIONETES | O egoísmo dos homens revela suas sombras mais obscuras.
Valentim nunca enxergou Maeve como uma criança.
Desde o momento em que a sequestrou ainda bebê, ela foi apenas um experimento. Uma arma em potencial.
Criada entre cientista...
— Concordo plenamente, General — Valentim assentiu, suas mãos entrelaçadas atrás das costas. — Estamos comprometidos em encontrar uma solução eficiente e definitiva.
A conversa mergulhou em jargões, prazos, nomes de projetos ("Vitalidade", "Guardião", "Colheita Final"). Eu ouvia, cada termo inocente decodificando-se em minha mente para o que realmente significava: escaneamento biométrico em massa, padrões de migração do clã, pontos fracos na defesa das Montanhas Hallelujah, o perfil tático de Jake Sully. Valentim estava entregando tudo. Em troca do quê? Proteção? Recursos? O lugar dele no novo mundo que eles estavam forjando sobre os ossos de Pandora?
Fiquei parada, imóvel, Meus olhos percorreram a sala, os mapas táticos, as imagens de satélite de áreas que eu conhecia intimamente. Vi um arquivo com a foto de Neteyam, tirada à distância. Meu coração parou. Eles estavam catalogando. Caçando.
A reunião parecia durar séculos. Quando Ardmore finalmente encerrou, com um "contem com nosso total apoio", eu quase soltei um suspiro audível. Saímos da sala, e o corredor pareceu ainda mais opressor na volta.
Enquanto caminhávamos para o pátio de embarque, longe dos ouvidos mais próximos, não pude conter um sussurro áspero pr Valentim:
— "Pacificação"? Você está dando a eles um mapa para massacrar o clã.
Ele não diminuiu o passo, sua expressão inalterada.
— Estamos dando a eles um caminho para a ordem. O mínimo de conflito possível. É a maneira mais humana de fazer isso.
— Humana? — a palavra saiu como um cuspe.
— Sim, Maeve. Humana. Algo que você parece esquecer que é, quando veste aquela pele. — Seu olhar finalmente cravou-se em mim. — Lembre-se de onde seu leal dever está. E com quem seu futuro realmente se alinha.
Eles me trouxeram aqui para que eu visse o poder, o inevitável.
O rugido do helicóptero na decolagem foi um alívio. Eu olhei para a base que encolhia abaixo, um tumor cinza no corpo vivo de Pandora. E então, fechei os olhos, desejando com uma força que me doía o peito o silêncio da floresta, o cheiro da terra molhada e o peso do colar de pedras amarelas no meu pescoço.
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CAMINHAR PELO COMPLEXO da RDA era como andar por dentro de uma máquina. Tudo era metal, ruído estridente e um cheiro ácido de combustível.
Meus pensamentos, no entanto, estavam longe, voando sobre as copas das árvores das Montanhas Hallelujah, sentindo o vento no rosto do meu avatar.
Foi nesse estado de ausência total que eu virei um corredor e colidi de cheio com uma figura magra e desengonçada.
— Ah!
Um baque, e uma chuva de papéis e datapads se espalhou pelo chão cinza. Piscando, me afastei, o instinto de desculpa vindo antes mesmo de eu processar a cena.
