— Para, Spider — interrompi, levantando as mãos em sinal de rendição. — Parece que você tá tentando vender um animal. "Olha, esse aqui é silencioso e vem com ikran incluso". Não é assim que funciona.
— Como você sabe como funciona? — Kiri perguntou. Ela dava os últimos nós na trança de Layra. — Você nunca namorou ninguém.
Eu franzi a testa para ela.
— E você já? A sábia e espiritual Kiri, que prefere conversar com árvores do que com garotos? — retruquei, desviando o foco.
— Ah, mas a Kiri não precisa procurar muito longe, não é? — Layra cantarolou, intercalando o olhar entre s Kiri e o Spider.
Kiri parou totalmente. Suas orelhas deram um leve tremor.
— Não sei do que você está falando.
— Claro que sabe — Layra insistiu. — Todo mundo vê. Você passa mais tempo no laboratório do que o próprio Norm. E não é pelos experimentos de botânica, é?
— O laboratório é meu santuário e a minha mãe tá lá — Kiri respondeu, a voz um pouco mais tensa. Ela evitou o olhar dele, focando em terminar a trança de Layra com uma precisão súbita e exagerada.
— É, um santuário que tem um humano fedorento e tagarela dentro — Layra completou, apontando para Spider.
— Eu acho fofo — eu disse.
— Maeve! — Kiri e Spider disseram ao mesmo tempo, ele com indignação fingida, ela com verdadeiro constrangimento.
Eu observei, um sorriso real se formando nos meus lábios pela primeira vez naquela tarde. Era óbvio. A conexão entre Spider e Kiri.
Eles se orbitavam.
Spider desafiava a seriedade dela com seu humor seco; Kiri o acalmava com sua quietude. Eles se completavam de um jeito que nem precisava de palavras. Era tudo tão... puro.
Eu queria orbitar alguém.
— Vocês dois são piores do que a Maeve e o Ayon — Layra disse, sacudindo a cabeça.
— Ei! — reclamei.
— Pelo menos os dois não fica nessa dança de 'eu te odeio, mas fico te seguindo por todos os lugares'. É transparente.
— Ninguém tá seguindo ninguém! — Spider protestou, mas uma leve cor rosa subiu por seu pescoço.
— É, claro — eu disse, lentamente. — E eu sou uma princesa do céu.
Kiri finalmente terminou a trança de Layra com um nó firme.
— Pronto — ela anunciou, sua voz tentando recuperar a serenidade. Ela deu um tapinha no ombro de Layra.— Agora você está apresentável.
— Obrigada, querida — Layra disse, tocando o elaborado penteado com cuidado. — E obrigada pela distração. Foi melhor que qualquer drama de romance.
Kiri se levantou, espanando os joelhos.
— Não tem romance. Tem... trabalho a fazer. O eclipse não vai esperar. — Ela olhou para Spider, e por um segundo, a máscara caiu. — Você vem? Norm vai querer calibrar os sensores com você.
Spider pareceu hesitar entre continuar a provocação e aceitar o convite. A necessidade de estar perto dela venceu.
— Tá bom, tá bom. Vamos, antes que a Maeve e a Layra aqui invente mais histórias. — Ele se levantou, mas não sem antes me jogar um olhar de "isso não acabou".
Eles saíram da barraca. Layra soltou um suspiro dramático.
— Esses dois vão me matar de ansiedade.
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PUPPET GAME ' NETEYAM SULLY
FanfictionJOGO DE MARIONETES | O egoísmo dos homens revela suas sombras mais obscuras. Valentim nunca enxergou Maeve como uma criança. Desde o momento em que a sequestrou ainda bebê, ela foi apenas um experimento. Uma arma em potencial. Criada entre cientista...
007. SCIENCE NERD
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