007. SCIENCE NERD

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— Você vai adorar os biscoitos! O Lo'ak queimou metade, mas os que sobraram são bons!

Lo'ak bufou, mas seu olhar para mim, quando pensei que não estava olhando, era mais pensativo do que zombeteiro. Ele tinha percebido o gelo na minha reação ao apelido. Tinha cutucado algo real.

Enquanto me deixava levar pela Tuk em direção à fogueira, senti o peso do olhar de alguém vindo de um nível mais alto, na entrada de uma caverna usada como mirante. Não precisei virar para saber. Era um olhar que conhecia a diferença entre um nó estrutural e um nó em uma calda. Um olhar que sabia que "Mimi" não era um som que se jogava ao vento para prender a atenção de alguém.

Eu me sentei no círculo da "festa", aceitei um biscoito meio queimado de Lo'ak, e deixei a conversa boba me envolver.

A BARRACA DOS SULLYS estava quente, eu estava sentada no chão, enquanto Kiri e Layra, filha da Trudy e do Norm, trançavam meu cabelo

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A BARRACA DOS SULLYS estava quente, eu estava sentada no chão, enquanto Kiri e Layra, filha da Trudy e do Norm, trançavam meu cabelo. Spider estava encostado em uma pilha de esteiras, observando com tédio.

— Ai, Kiri, tá puxando meu cabelo muito forte! — reclamei, sentindo um puxão certeiro perto da nuca.

— Relaxa, não está tão apertado assim — ela respondeu.

— Está sim! Parece que vou ficar careca antes dos vinte.

— Exagerada

Spider se virou, apoiando o queixo na mão.

— Olha, eu que deveria reclamar. Vocês duas estão demorando uma eternidade nesse ritual capilar. Tem coisa mais importante pra fazer.

— A paciência não é uma das suas virtudes, menino macaco — Kiri retrucou, os olhos fixos na trança que crescia.

— Não é mesmo — ele concordou, sem rancor. Depois, olhando para Kiri: — Kirizinha, quando terminarem essa obra-prima, quero meu cabelo trançado também. — Ele fez um biquinho falso, dramático.

Layra soltou uma risadinha enquanto separava miçangas coloridas de uma bolsinha.

— Se você parar de reclamar, talvez consideremos fazer algo pra ajeitar essa sua juba selvagem.

Outro puxão, mais insistente. Eu revirei os olhos.

— Olha, sua skxawng, sério. Não quero ficar sem cabelo, tá bom?

— Para de drama, Maeve — Layra disse. — Você está ficando linda com as tranças. O Ayon vai babar.

O nome dele caiu na barraca como uma pedra. Não era a primeira vez que o mencionavam. Fingi não ouvir, focando em outro puxão.

— É isso aí, babar. E vai babar é em cima do meu crânio aberto.

Tudo mundo riu.

Quando terminaram comigo, um elaborado padrão de tranças que caía sobre meus ombros, decorado com algumas miçangas azuis que Kiri insistiu combinar com meus olhos, foi a vez da Layra. Ela se sentou na frente de Kiri.

PUPPET GAME ' NETEYAM SULLYWhere stories live. Discover now