Capítulo 21: Justiça e Verdade [BÔNUS]

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ALERTA DE GATILHO!

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4 anos atrás

Minha infância e minha pré-adolescência não foram nada fáceis.

Dener e eu fomos "criados" com apenas um intuito, um simples objetivo de vida. Nossa mãe, Lucy, a bruxa sacerdotisa do coven de Saint Luna, uma feiticeira que atrasa o processo natural de envelhecimento para sempre se parecer como uma jovem mulher, imortal, certo dia decidiu gerar filhos espontaneamente.

Pois é, viemos unicamente da nossa mãe. Não temos pai, não precisamos de um homem para nos dar vida. Parece um absurdo para as pessoas comuns, na verdade, é insano até para as próprias bruxas.

Mas nossa mãe gostava de ir além das leis biológicas da vida.

— Criei vocês como meus filhos, claro, servos da grande Deusa mãe e do deus. Crescerão juntos aos filhos da sagrada tríade de Hécate, e os acompanharão e protegerão. Deverão mantê-los em segurança, como guardiões do futuro da magia. Não é qualquer um bruxo que possui magia de verdade, mas a vocês, meus filhos, será dado o suficiente para manterem-se. Prezem aquilo que importa, e lembrem-se que eles são especiais, e um dia, quando a tríade não assumir mais suas funções conosco, serão o novo legado que manterão a ordem e a harmonia do contato direto dos deuses conosco. — O discurso de Lucy era sempre o mesmo, e ela fazia questão de nos lembrar disso cada vez que saíamos da trilha.

— Tudo bem, mãe. — Dener diz ao meu lado, com a cabeça baixa assim como eu.

— Ótimo. É bom que saibam o motivo que os pus no mundo. — Ela diz friamente e se direciona para a saída da porta. — Seca esse sangue, Maya. Vai sujar o meu tapete.

— Desculpe. — Sussurrei com um pouco de dificuldade, sem conseguir encará-la.

Lucy sai do quarto, deixando Dener e eu finalmente sozinhos e um clima pesado. Caminho até a penteadeira e me observo no espelho. Meus cabelos cacheados estavam sem cacho nenhum, despenteados e armados, presos para trás, sem vida e quebrados. Era o começo da minha adolescência, meus hormônios estavam à flor da pele, meu rosto coberto de espinhas e acnes, e eu diria até um bigodinho ralo nascendo no canto da boca. Eu nunca havia feito a sobrancelha, por isso ela tinha muitos pêlos desalinhados pela minha testa.

Mas o detalhe mais impressionante daquele dia em tudo o que era ridículo em mim, com certeza foi o sangue escorrendo na minha testa. Minha calça moletom e meu casaco estavam sujos de lama e de sangue que pingava de mim, pois nem sequer deu tempo de me lavar ainda.

— Deixa eu ver isso. Foram eles de novo, não é? — Dener questiona, e eu solto um gemido de dor quando ele toca no ferimento na minha cabeça. — Por que você não fala com alguém, Maya?

— Alguém quem? Nossa mãe não liga, o Vincent e a Claire sequer falam com a gente, não temos ninguém, Dener! Ninguém. Você não reparou ainda? — Digo estressada, segurando o choro e sentindo o nó na garganta. — Eles só sabem rir de mim e fazerem piadas de mal gosto. Eu sei que não sou bonita e nem inteligente, okay? Não temos amigos de verdade, só temos um ao outro. Por que tudo tem que ser tão fácil para os filhos da tríade e tão difíceis para a gente?

A Maldição da Trívia - Uma história de "As Fases da Lua"Where stories live. Discover now