· 50 · Juro Solenemente

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A mulher mancava um pouco ao andar e as olheiras fundas davam-lhe uma aparência terrivelmente castigada. Ela se aproximou de Emily e tocou seu queixo, erguendo-o com a ponta da unha para analisar seu rosto.

– Não exagerou quando disse que ela se parecia comigo, Cissy. É como olhar para uma fotografia antiga. – Bellatrix exclamou com animação para a loira apreensiva ao seu lado. Ela virou-se para Atlas com um sorriso maníaco. – É bom ver que herdou a mesma sutileza para guardar segredos.

– Obrigada, Madame Lestrange. – ele curvou-se educadamente.

– Onde foi que vocês a esconderam, garoto? – perguntou, ainda admirando a garota como uma peça única de uma exposição.

Atlas baixou a cabeça e umedeceu os lábios. Aquela seria a parte mais complicada.

– Os trouxas cuidaram dela desde que...

– Trouxas? – Bellatrix afastou-se enojada. – Minha filha viveu entre trouxas? Como ousa ofender a minha linhagem? Já era absurdo que fosse criada por aquela mulherzinha...

– A ideia também não me agrada, Madame Lestrange. – explicou em voz baixa. – Mas precisava criá-la de maneira que ninguém jamais desconfiasse. Se os trouxas a aceitassem, Dumbledore nunca...

– Te demos um propósito pelo qual viver, um mestre ao qual servir! Esta é a sua gratidão? Não me admiraria se ela começasse a demonstrar afeto e compaixão por essa raça de vermes... – Bellatrix riu. – Deixou que a criassem para ser fraca! Uma inútil!

Um estralo seco ecoou pelo Salão. Bellatrix acabara de desferir um tapa no rosto de Atlas. Ela andou de um lado para o outro, tomada de fúria. O rapaz não conseguia tirar os olhos do chão.

– Não. Não posso correr esse risco. O que o Lorde das Trevas pensaria de nós? Se a criança que eu dedicaria à seus serviços for uma traidora de sangue... – ela parou de falar. Emily observou-a imóvel e calada.

– Eu não compreendo – Atlas balançou a cabeça e corajosamente deu um passo à frente. – Ela ainda é sua filha. Isso não importa?

Num súbito, Bellatrix virou-se para Atlas, com os cantos dos lábios retorcidos numa expressão de desgosto, nojo e ódio. Esticou o braço, apontando a varinha diretamente para o rosto dele e murmurou. O garoto caiu de joelhos, contorcendo-se de dor. Depois, empurrou-o com os pés e o jovem continuou ali, agonizando no chão.

– Bella... Por favor. –  a loira intercedeu. – Já é suficiente.

A mais velha cedeu contrariada e Atlas levantou-se, apertando os punhos. Bellatrix olhava de um para o outro, tramando mais formas de extravasar sua raiva crescente.

– Sabe o que importa? Os planos do Lorde das Trevas. Uma Traidora de Sangue não tem serventia alguma para nenhum de nós! – ela puxou-o pelo colarinho e posicionou-o frente à frente com Emily. – Quero que se livre da garota. Faça! Faça agora! Vamos assistir!

– Bella... Não. – Narcisa suplicou aos sussurros, mas a outra ignorou-a.

Atlas tirou a varinha escondida por baixo da capa. Apesar de tentar manter-se sério e firme, havia algo de errado. Emily fechou os olhos, disposta a aceitar cruel destino. Se ele não fizesse, então aquela bruxa louca certamente o faria.

O fim era inevitável.

Ela esperou. Desejou que fosse rápido e indolor. Talvez pudesse se juntar à todos aqueles a quem já havia perdido. Pensou em Cedrico e em como um dia o rapaz estivera na mesma posição em que ela agora se encontrava. Apertou o camafeu no pescoço e uma lágrima quase escorreu de seu rosto ao imaginá-lo morrendo sozinho, assustado... Exatamente como ela.

The Castle On The Hill | Fred WeasleyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora