· 52 · O Felino Solitário

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– Te trouxe um presente. – Atlas disse amigavelmente, embora soasse mais malicioso do que gentil.

– Obrigada. – Emily agradeceu apesar de ignorar a sacola deixada perto da porta e tornou a cobrir a cabeça com as cobertas.

– Ao menos dê uma olhada. Os donos da loja me garantiram que é um produto campeão de vendas. – ele insistiu, jogando-se na cadeira. Ela não deu-lhe importância. – Bem engraçados, aqueles dois... Fazem jus à fama que tinham em Hogwarts.

Ao ouvir isso, a jovem empurrou as cobertas para o lado, espiou a sacola e sentiu o estômago contrair ao reconhecer a logomarca.

– Aonde foi que esteve, Atlas? – perguntou receosa.

– No Beco Diagonal. Abriram uma nova loja de logros por lá. Lugarzinho interessante, aquele. – o sorriso do rapaz aumentou alguns centímetros.

– Os dois a quem você se referiu – ela hesitou por um instante, temendo cair na armadilha. – Os donos da loja... Quem são?

Atlas levantou-se e caminhou lentamente até a jovem. Sua sombra crescia assim como a aflição dentro do peito de Emily. A garota desejava desesperadamente que seus instintos estivessem enganando-a.

– Acho que você já sabe a resposta, querida. – Atlas apanhou a sacola com uma risadinha, à caminho da saída do cômodo. – Não se preocupe, não fiz nada além de compras. Guarde a revolta para o treino de hoje, quem sabe assim você finalmente consiga me vencer.

Os treinos em questão consistiam em sequências de exercícios, práticas de feitiços, aparatação e principalmente, testes intensos de oclumência.

Atlas vinha se mostrando um exímio bruxo. Aprendera sobre quase todos os campos da magia e dominava-os perfeitamente. Tinha crescido na pobreza depois que os pais faleceram e como viveu entre bruxos renegados e fugitivos, tinha a predileção pelas artes das trevas que Bellatrix tanto admirava.

As trevas eram tudo o que Atlas conhecia e estas haviam abraçado-o como uma mãe generosa, quando o resto do mundo deu-lhe as costas.

– Precisa se concentrar, Atria. Sou um bom professor, mas Bellatrix não possui escrúpulos. Vai destruí-la em segundos se não for boa o suficiente. – ele recomendou, agachado no chão despedaçando uma flor, enquanto a jovem posicionava-se à sua frente para o duelo.

– Não se preocupe, Atlas. Posso fazer isso.

– E escreva mais uma carta para sua amiga. Já faz algum tempo desde que enviamos a última.

– Não.

– Não? Tudo bem, não faz mal. – ele ergueu-se, firmou os pés no lugar e sacou a varinha. – Prefiro quando você escreve porque soa mais natural, mas sempre há como usar uma maldição para isso.

– Insolente. – ela revirou os olhos. Sabia que Atlas jamais usaria maldições contra ela.

– Pronta?

– É claro!

Atlas segurou a varinha e um feixe de luz deixou-a em direção à garota, que conseguiu habilmente se defender, colocando uma expressão presunçosa no rosto. Ela murmurou uma azaração e assistiu-o se proteger. Os dois permaneceram duelando até que finalmente estivessem cansados.

– Ainda acho isso um erro. – ele se jogou na grama, recuperando o fôlego. – São muito úteis em combate e todo Comensal precisa aprender. Lançar uma maldição imperdoável seria uma prova definitiva para Bellatrix.

– Concordamos em não usá-las, Atlas. – Emily sentou ao lado dele, espreguiçou-se e deitou.

– Se acha que Bellatrix também vai concordar com isso...

The Castle On The Hill | Fred WeasleyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora