· 49 · Beldam e o Outro Mundo

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– Como se tivesse sangue frio para agir... – Emily desviou o rosto quando ele curvou-se, numa pose prepotente de quem sabe o que está dizendo. – Nós dois temos muito a perder, só quero me certificar de que está pronta.

– Não se preocupe. Vou cumprir com a minha parte e você com a sua.

– Ótimo. Logo entraremos em ação.

– Mal posso esperar. – suspirou com desdém. Atlas afastou minimamente as cortinas com o indicador e espiou a paisagem lá fora.

– Descanse. Só chegaremos pela manhã.

No restante da viagem, prevaleceu o silêncio. Emily manteve-se de cabeça baixa, encarando os sapatos com mais interesse do que o recomendável, já que não pretendia cair no sono diante dele.

A fúria da noite e seus mantos negros começavam a abandonar os céus quando desceram do trem, deixaram a plataforma final e alcançaram a escadaria. Atlas em seu disfarce e Emily sonolenta ao seu lado.

Os dois passaram por ruas vazias e finalmente chegaram à um beco imundo, sem iluminação alguma. Tinha um cheiro terrível, já que o chão estava coberto de lixo. Atlas avançou até o fim deste, desviando das latas caídas e poças d'água.

– Vamos aparatar. – ele colocou-se de pé, limpando a barra das roupas com um feitiço. Atlas esticou o braço e a garota receosamente aceitou, imaginando que a sensação de aparatar pela primeira vez fosse extremamente desconfortável. Ela olhou para cima numa tentativa de encontrar distração enquanto se preparava. Já começara a amanhecer. – Quando chegarmos, concentre-se no que ensinei.

– Eu sei... – ela resmungou apertando os olhos.

– Devo obedecer. É o que recomendo. – Atlas repetiu as palavras cravadas na pele exposta da mão dela e conferiu seu relógio de bolso. – Já devem estar nos esperando.

Ela sentiu um puxão e o mal estar típico. A pressão sob o peito que a impedia de respirar corretamente, a incidente dor de cabeça e o estômago que parecia estar sendo revirado e retorcido. Quando finalmente chegaram ao local, titubeou sob o efeito da desorientação e buscou apoio na parede mais próxima.

– Opa! – Atlas segurou-a pelos ombros e ela cobriu a boca, sentindo a náusea crescer. – Tudo bem?

– Afaste as patinhas se não quiser ter o focinho quebrado. – ele obedeceu e Emily colocou as mãos nos joelhos, puxando o máximo de ar que aguentou. Arrumou os cabelos e se endireitou outra vez. – Vamos acabar com isso.

– Muito bem. Por aqui, mademoiselle. – indicou a porta da frente com uma reverência simples.

Emily analisou o lugar, um hall de entrada escuro. Na porta mais próxima, cuja maçaneta de bronze brilhava, vozes entoavam uma discussão, embora a jovem não fosse capaz de identificar com precisão sobre o quê. Atlas bateu na porta e as vozes silenciaram.

– Entre logo! – alguém gritou lá de dentro com impaciência.

Atlas pediu que Emily esperasse e entrou, fechando a porta atrás de si e deixando-a sozinha. Voltou pouco depois, com a face séria.

– Venha. – disse num tom sombrio e temeroso. – Ela quer vê-la.

Ela.

Emily imaginou que estivesse se referindo à bruxa que aguardava de costas para a entrada, conversando com outra mulher. Era alta, usava vestes escuras e seu cabelo era longo e preto, caindo em ondas bagunçadas até pouco antes da cintura.

– Eu a trouxe até aqui, como prometido. – Atlas anunciou em voz alta.

A mulher virou-se. Emily levou alguns segundos para reconhecer aqueles olhos escuros, famintos pelo caos. O rosto ossudo cheio de marcas, consequência dos anos vivendo em péssimas condições. O sorriso que colocou em seus lábios machucados e desidratados, denotava a loucura incorrigível. Tinha uma postura descontraída, brincando com a varinha entre os dedos longos e magros. A bruxa parecia ter acabado de sobreviver à uma luta feroz.

The Castle On The Hill | Fred WeasleyNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ