Capítulo 6: Paraíso Artificial

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A forma que ele falava dava muito a entender que ele sabia sobre nós. Como Vincent disse, o detetive ajudou, há trinta anos, quando a tríade foi reconhecida e lutou contra o mal. Então, obviamente ele sabia sobre a bruxaria e tudo mais. Isso explica o porquê de Lexie ter um colar com um símbolo de proteção, mas não explica porque é justamente o do mesmo material que só minha família usa.

— Ah, claro! — Vincent concorda, mas Lexie olha perplexa para o pai.

— Não. Vou com o Kai. — Diz se afastando bruscamente, deixando apenas Vincent e eu com o detetive.

— O que você fez para ela, hein? — Questiono para Vincent.

Lexie estava sempre fugindo de Vincent, e isso chegava a ultrapassar o limite do normal. Ela o olhava como se tivesse medo dele, como se o odiasse por algo que ele fez. Como se a presença dele trouxesse à tona memórias de um evento o qual ela detesta vivenciar.

— Nada. Como eu disse, foi de uma hora para a outra. — Vincent responde sinceramente, cruzando os braços.

Mas, o olhar do detetive me chamou a atenção. Ele parecia saber bem do que estava acontecendo. O bom de ser uma pessoa analisadora era que eu conseguia captar cada mínimo sinal, e cada mínimo sinal era uma mínima mensagem. Butler percebeu que eu notei que ele sabia o que havia acontecido, apenas se manteve em silêncio, então tratou de mudar de assunto.

— Vocês acham que a morte de Jeremy tem a ver com o sobrenatural? Sabem se está acontecendo alguma coisa? — Pergunta diretamente, mas eu ainda não sabia se ele era confiável.

— Não sei, detetive. Me diga você. — Semicerro os olhos e ele me olha confuso.

Não descarto nenhuma possibilidade. Lexie foi a única que viu o que aconteceu, e mesmo assim foi embora antes de passar pelo interrogatório, só porque o pai era o detetive. Eu sabia que, se ela tivesse tido alguma coisa a ver com isso, o pai encobriria seus rastros. E ele sabia muito bem como fazer isso, pois conhece bem os segredos que os cerca.

Ou não?

Pode me chamar de Alex. — Ele dá uma pausa, e logo vejo Claire, Maya e Dener se aproximarem. — Eu preciso de todos os detalhes possíveis. Pode confiar em mim, eu sei que vocês vão investigar por conta própria uma hora ou outra, mas eu continuo sendo o detetive. Eu preciso dar satisfação às pessoas normais da cidade, aos humanos, e eu não conseguirei protegê-los se eu não souber com o que estou lidando.

— Ele é confiável, Kaylee. — Claire assente ao se aproximar, já sabendo do que se tratava o assunto. — Ouvi dizerem que Jeremy não foi morto com nenhuma arma branca, como faca, canivete ou outros acessórios, e sim com unhas. Unhas humanas, não garras.

— Espera, e tem como matar alguém só com as mãos? Enfiando as unhas e arrancando os órgãos dela para fora? — Maya pergunta perplexa, parecendo estar enjoada. — Jeremy não teria tentado se defender?

— Provavelmente. Ainda não sabemos o que aconteceu, ou se alguém invadiu. Talvez tenham usado teletransporte ou criado algum portal. — Vincent sugere, mas sua expressão não era nada boa. — Tinha muitas pessoas no show! Há muitas possibilidades de ser qualquer um aqui, então quem fez, tentou deixar o mais difícil de investigar possível.

— Vamos interrogar cada um que esteve na festa, inclusive funcionários e os próprios membros da banda. Amanhã irei ao IML recolher o obituário do Jeremy para saber exatamente quais foram as causas da morte e se há algum DNA no corpo dele. — Alex diz olhando para cada um de nós. Ele parecia gostar do que fazia, mas ainda não sabia se ele era um bom aliado.

A Maldição da Trívia - Uma história de "As Fases da Lua"Where stories live. Discover now