Capítulo 06: Um pouquinho de tensão

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- Concordo, mas, também precisamos melhorar. Isso não pode voltar a acontecer! – vi uma ruga funda se formar entre os olhos de Gab. – Como que ele conseguiu penetrar nossa barreira, sem que nenhum de nós o percebesse...?

- Não sei se ajuda, mas... – até então, não tinha pensado nesse pequeno detalhe. – Lembra que eu lhe disse que tinha a impressão de que tudo acontecia como num sonho.

- Sonho? – olhou-me por alguns segundos e depois, voltou a se perder em pensamentos. – Parece que ele criou um plano de éter para te encontrar e, assim, driblar nossas barreiras.

- Plano de éter? – eu já ouvira a palavra éter inúmeras vezes, inclusive lera livros em que ela era mencionada, porém, não conseguia acompanhar o raciocínio.

- Digamos que, para chegar até você, ele criou um atalho. – começou a me explicar. – Muitas criaturas de nosso mundo são feitas de éter, inclusive nós. – sorriu. – Os humanos também possuem éter em suas almas, assim como os planos em que vivemos. – acariciou meu rosto por breves segundos. – Dessa forma, ele manipulou essa essência e criou uma linha tênue entre o seu mundo e o meu. Algo parecido com o mundo dos sonhos, porém, não era somente a sua alma que estava presente naquele plano, como de praxe no universo de Morfeu, o sonhar... Nesse caso, Ansiel conseguiu criar um lugar em que seu corpo também pudesse ser arrastado, bem como sua essência angelical também.

- Caramba... – me surpreendi. – Acho que entendi, mas... – mordi os lábios, pensativa. – Morfeu não é um Deus? Pensei que vocês seguissem um único.

- Morfeu também é um anjo, aliás, é um arcanjo. Porém é tão poderoso e presente que os humanos o acabaram confundindo com um deus. – sorriu. – Realmente, Lara... – bagunçou meus cabelos. – De tantas coisas com o que se preocupar. Com tantas coisas para perguntar... Você foi justamente se prender nessa informação? – riu.

- Desculpe...

- Não há do que se desculpar, boba! – riu ainda mais de mim. – Acho um encanto esse seu jeitinho. – suspirou e me ajudou a arrumar os cabelos que tinha acabado de bagunçar. – Só gostaria que fosse menos despreocupada consigo mesma...

E ficou ali, me observando, com um misto de alegria e preocupação, estampados em seu rosto. Fiquei calada, com um pouco de receio de falar mais alguma besteira. Afinal, aparentemente, eu era a campeã de achar totalmente relevantes as coisas inúteis. Acredito que naquela casa, eu era a pessoa de quem mais tiravam sarro. Acho que é um carma que estou pagando por todas as brincadeiras que fiz à custa da inocência infante de meu irmão.

Suas mãos desceram do topo de minha cabeça, passaram por minhas madeixas já organizadas e começaram a acariciar meu rosto e pescoço. Seu toque era leve e suave, tão delicado que me dava a impressão de estar sendo tocada por penas.

Fechei meus olhos e me deixei levar pelo carinho. A sensação era deliciosa e me dava uma percepção estranha de nostalgia. Talvez, eu estivesse sentindo falta daquele toque na minha época de anjo. Como eu podia sentir saudades de algo que aconteceu num passado tão distante, que nem eu mesma conseguia me lembrar?

As caricias estavam me deixando em um estado de puro prazer. A medida que meu corpo relaxava, meu coração acelerava e eu ficava ainda mais consciente de meu sangue correndo mais rápido e quente.

Eu não fazia a mínima ideia que alguém poderia ser capaz de causar tudo isso com um simples carinho!

Senti uma de suas mãos descer até meu ombro e depois ir pelo meu braço até se deter em meu pulso, enquanto que a outra contornava minha face, deslizando até minha nuca.

Um calor incrível me dominou e senti um arrepio gostoso percorrer da ponta de meus dedos do pé, até meus fios de cabelo!

Não pude controlar um suspiro seguido de um gemido baixo. A sensação era ótima demais!

Tempos de ApocalipseWhere stories live. Discover now