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"A alma é uma borboleta... Há um instante em que uma voz nos diz que chegou o momento de uma grande metamorfose..."

Rubem Alves

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Alisson

Estava começando a entrar em desespero quando Elle entra no meu banheiro me pegando no chão, levantei rapido e fui lavar o rosto.

— Não precisa se essconder de mim. — Disse ela. — Sou sua irmã, estou do seu lado lembra?

— Eu sei, estou bem não se preocupe. — Sequei o rosto e me virei sorrindo.

Elle me abraçou e desabei.

— Qual o problema? — Sussurrou.

— Eu to mudando. — Chorei que nem uma idiota.

— E onde está o problema? 

— Eu não quero mudar. 

— Sério? Está sofrendo porque está mudando e não quer mudar?

— É, falando assim parece bobo. 

— Não é bobo, é. . . hum. . . normal, você está com medo no novo.

— Estou com medo do Jace. . .

— Ele te machucou? 

— Não, estou com medo de machuca-lo . . . 

— Isso é sério?

— E se eu for igual a minha mãe? Eu odiei o que ela fez com meu pai e agora eu estou fazendo com os dois. 

— E o que sente por Jace? 

— Tudo que há de bom na face da terra! — Sorri. — Existem tantos sentimentos confusos dentro de mim, mas por ele . . . o sentimento é. . . é de que preciso dele pra respirar. 

— Vem vamos sentar na sua cama. 

Fui sair do banheiro e me dou de cara com a muralha do meu Jace em lágrimas, não sei se algum dia o vi chorar.  

 — Podemos conversar? — Perguntou com a voz embargada.

Acenti e o acompanhei até a minha cama. 

— Vou chamar Lian acho que todos precisamos dessa conversa. — Disse Elle.

Jace passou a mão fazendo uma concha aninhando minha bochecha. 

— Não tenha medo da mudança meu amor, eu estarei com você mesmo ao longe.

— Eu não o quero longe. 

—  Então não tema! — Ganhei um beijo suave. — Lembra que disse pra deixar rolar?

— Hurum.

— Mas não da pra deixar simplesmente rolar! — Disse Elle entrando com Lian e sentando na minhha cama com Lian atrás dela. Nos viramos de frente pra eles. — A vida é rápida Alisson, ela é curta e passageira.

— E é por isso que eu queria aproveitar,eu queria me conectar com o mundo.

— E você pode continuar com seus planos. — Disse Lian. — Mas reorganiza-los.

— Como assim? — Perguntei.

— Eu e Jace estamos estudando um jeito de montar um negocio proprio, algo que nos de prazer e retorno ao mesmo tempo, pra poder proporcionar um futuro pra vocês e pra nós. 

— E onde meus planos entram nisso?

— Ontem a noite, Lian me pediu algo diferente. 

— Eu perguntei se ela queria ser minha parceira e caminhar ao meu lado.

— Não na frente e nem atrás. — Sorriu Elle. — Ao lado, ajudando a construir esse futuro.

— É lindo, mas onde me encaixo nisso? 

— Você quer conhecer o mundo sozinha ou conhecer o mundo com pessoas que ama? — Perguntou-me Lian. 

— Prefere explorar sozinha sem ter a quem mostrar suas descobertas ou descobrir juntos o novo para compartilhar de suas alegrias? — Perguntou-me Elle. 

— Quero chegar ao ponto que você não é sozinha, você tem pessoas que a amam, e essas pessoas não querem perde-la pro mundo. — Seguiu Lian. — Querem a acompanhar pelo mundo, mas a vida não é só alegria e diversão, tudo tem um preço e o preço de ter todos nós ao seu lado nessa jornada é que você esteja ao nosso lado na nossa jornada, me entende?  

Fazia total sentido. 

— Estou sendo muito imatura, medesculpem.

Jace me puxou pro seu colo.

— É normal, você é  tão jovem Alisson, nós todos somos e estamos passando por um processo de mudanças. — Disse Jace. — Talvez não sei vocês, mas eu estou . . . como posso dizer, colando os caquinhos?

— Eu também. — Disse Lian. — Estou quebrado Alisson, mas . . . — Ele olhou pra Elle. — Estou me soldando.

— Quando minha mãe morreu achei que ficaria quebrada pra sempre. — Confessou Elle. — E aqui estou eu me concertando. 

— Minha mãe é dependente quimica! — Desabafou Jace em um suspiro. — Eu sei que cada um tem sua dor, mas já que estamos nos abrindo, é isso que me deixou em pedaços, toda a vez que a encontro . . . drogada é como se . . . não sei explicar, mas dói e meu pai esconde isso da ''sociedade'' e — Ele suspirou novamente e apertei suas mãos nas minhas. — Ele não tem amor por ela, ou se tem não entendo esse amor que trái e fica por ai fazendo festas e desestabiliza minha mãe, ela se droga e agora mesmo ela está internada de novo em uma clinica particular. Pro meu pai eu sou só um figurante que precisa aparecer ao seu lado nas fotos do lado dele pra ele parecer um super pai e nós aparentarmos uma super familia. é isso.

— Estamos com você Jace! — Disse Elle estendendo a mão e pegando a dele. — Agora não está mais só.

— Obrigada Elle.

Me levantei e sentei em seu colo. 

— Desculpa eu não saber expressar meus sentimentos direito. — Confessei. 

— Está tudo bem.

— Eu fui estuprado! — Confessou Lian do nada e meu coração quase saiu pela boca. Jace apertou a mão em minha perna. Ele respirou fundo olhando pro ombro de Elle que estava entre suas pernas. Ele a envolveu com os braços em sua cintura.  — Fui estuprado pela minha madrasta e venho me sentindo sujo, e estou tão quebrado que não consigo fechar os olhos pra beijar Elle, não consigo. . . ser tocado por nenhuma outra garota e tenho medo de fechar os olhos na hora de dormir com medo que ela de um jeito de arrombar meu quarto. 

Desta vez foi Jace quem estendeu a mão na direção dele e ele aceitou.

— Como Elle disse, não está mais só.  

— Somos jovens quebrados nos remendando uns aos outros. — Falei me sentindo uma estupida por estar com medo de mudar, olha pelo que eles passaram? Sou uma puta sortuda de tê-los em minha vida e meu pai então,  nem se fala. — Preciso aprender a ser mais grata pelo que tenho. 

— Sou grato por você ter entrado no meu caminho — Sorriu Lian. — Ou melhor, quase cair no meu caminho.

— Fico feliz por você ter sido a primeira pessoa a ser gentil comigo. — Falei apertando sua mão.  

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