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Um bom amigo é mais digno do que cem familiares.

Cícero.

♥️

Alisson:

— Pai? — Chamei.

Ele pareceu acordar do transe e se virou para nós, piscou algumas vezes.

— Vai ficar parado aí na porta?! — Insisti.

— Ah, eu... Não... Eu... Céus! — Disse ele passando as mãos pelo pescoço e suspirando pesado.

— Eu não queria... — Iniciou Elle.

— Não, eu peço desculpas! — Disse meu pai finalmente fechando a porta e vindo em nossa direção, Elle apertou minha mão, ela parecia nervosa. — Eu não quis ser rude, nem... Dizer que estava mentindo, eu só... Fui pego de surpresa eu... Juro que não sabia de sua existência, sua mãe não me procurou e...

— Oi Elle! — Disse vovô atrás de mim.

— Quem é o senhor? — Perguntou ela.

— Pelo visto a ajuda que eu dei a sua mãe para você ser bem cuidada não valeu de nada. — Disse ele rude.

— Vô?! — O repreendi.

— Pai, o senhor sabia dela? — Saltou meu pai. — Sabia que eu tinha uma filha e não me disse nada?

— Você tinha acabado de noivar, estava com um futuro, uma família pra iniciar...

— Pai isso não justifica!

— Justifica sim, como você ia explicar um filho fora do casamento, uma...

— Basta! — Saltei sentindo Elle tremer ainda de mão comigo.

— Não fale assim comigo! — Levantou o dedo pra mim.

— Falo como eu quiser, olhe o jeito que está se referindo a alguém que tem o seu sangue, ela é sua família! — Saltei.

— E eu cuidei dela, dei dinheiro a mãe dela por todos esses anos para que ela ficasse longe...

— O senhor é cruel! — Rosnei, olhei para meu pai que o olhava com nojo, depois voltei a olhar para meu avô. — Agora eu sei porque o senhor está sozinho e... Doente, o senhor é uma pessoa horrível, tenho vergonha de ser sua neta, e... — Me virei para meu pai. — Pai eu não quero morar nesta casa!

— Nem eu minha filha! — Disse ele olhando para meu avô. — Suba e faça sua mala, leve Elle com você.

Puxei Elle pela mão, subindo as escadas com ela. Mas deu tempo de ouvir e parei para ouvir.

— O que você fez não tem perdão! — Disse meu pai.

— Era mais um fardo...

— Minha filha não é um fardo, de certo Elle também não será, eu fiz e faço de tudo por minha filha, eu faria o mesmo por Elle, dedicaria minha vida pelas duas, você tirou a chance dela crescer com um pai, tirou a chance de eu vê-la dar o primeiro passo, de ouvir a primeira palavra, tirou de mim, mas tirou mais dela.

— Ela teve do bom e do melhor, dei casa, comida, dei dinheiro pra...

— Dinheiro, dinheiro, dinheiro não compra o tempo, dinheiro não vai trazer Beatriz de volta, dinheiro não vai pagar por meu perdão.

— Preciso de você na empresa...

— Não se preocupe, eu já assumi como você queria, e não se preocupe, eu vou usar o dinheiro que você tanto ama pra pagar uma pessoa para cuidar de você, talvez você dando mais dinheiro a pessoa possa criar mais algum afeto por você, porque acabou de perder sua neta, suas netas e seu único filho!

Ouvi meu pai subir o primeiro degrau e corri com Elle pra dentro do quarto, Elle tentava não chorar, tentava segurar dentro dela, com o peito se elevando com os soluços a puxei pra cama e a abracei forte.

— Eu.. Não... Queria... Destruir... Sua família...

— Shiiii... Não destruiu, fique calma, você não está só, tá bem? — Falei acariciando seu cabelo, deixando minhas lágrimas escorrerem por minhas bochechas sem conseguir limpá-las.

Papai bateu na porta e entrou, fechou a porta e se abaixou no nosso lado de frente pra nós, passou as mãos pelos cabelos dela e me afastei do abraço pra ela poder olhar pro papai.

— Elle... — Sussurrou meu pai. — Eu... Não tenho como voltar no tempo... Não tenho como... — Ele suspirou deixando as lágrimas caírem — Não consigo... Não tenho palavras para descrever o que estou sentindo, mas... Eu não sabia de você, se eu soubesse eu a teria criado, teria a mimado tanto quanto Alisson.

— Não sou mimada! — Retruquei e ela sorriu entre o choro, limpando o nariz na manga do moletom.

— Não tenho nenhum super poder que nos fizesse voltar no tempo, se não eu juro que eu o faria, mas eu quero que me dê uma chance de... pelo menos tentar... Me redimir... Tentar ser seu pai... Por favor, me perdoe?

Elle assentiu ainda chorando e papai a abraçou, Elle passou a chorar mais, me levantei ainda chorando e comecei a juntar as minhas coisas, enquanto eles se entendiam, tentei ser o mais rápida possível. Tentei não ouvir a conversa murmurada entre os dois, eu não podia acreditar no que meu avô fez, não podia acreditar naquela situação.

— Filha, leva uma mala de roupas, depois mando buscar o resto, vamos pra um hotel e depois vejo algum lugar pra gente alugar. — Disse papai segurando meus ombros.

Olhei para Elle sentada na cama olhando as próprias mãos. Depois voltei o olhar pra ele.

— Tudo bem! — Falei. — Pode ser aquela ali pai.

— Vou descer a mala e por no carro, cuide dela?!

— Claro!

Ele pegou a mala e a levou para fora do quarto.

— Elle?! — Falei com a voz embargada.

— Eu... Não sei o que dizer sobre tudo isso. — Disse ela com a voz rouca de tanto chorar, ela bocejo pela falta de ar. — Eu... Não queria ir para o abrigo.

— Não vai, vou cuidar de você, papai vai cuidar de nós, vamos ser grandes amigas e irmãs, eu... Juro Elle, não vou te abandonar.

Ela me olhou nos olhos e passei os polegares em suas bochechas.

— Não quero mais te ver chorando! — Falei. — Quero ver sorrisos lindos e verdadeiros, quero ser sua irmã de verdade não só de sangue, por que se a vida me mostrou uma coisa hoje — Limpei outra lágrima e coloquei seu cabelo ondulado de um castanho dourado muito lindo, para trás de sua orelha. — Aprendi que sangue não significa nada, tenho amigos mais valiosos do que algumas pessoas com meu sangue.

— É... Você tem razão.

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