— Mãe? — murmurei, ainda confusa.

Ela levantou a cabeça e sorriu, suave.

— Oi, querida. Como você se sente?

Olhei ao redor, tentando entender o que tinha acontecido.

— O que aconteceu? Por que eu tô aqui?

— Você desmaiou. Sua pressão caiu — ela disse, ajeitando um fio do meu cabelo. — Aposto que esqueceu o remédio ontem.

Suspirei, baixando os olhos.

— É... esqueci.

Antes que pudesse pensar em mais nada, ele apareceu. Valentim.

O cheiro familiar dele, misto de folhas secas e metal, me fez sentir algo estranho no peito. Ele se aproximou devagar, com calma, e quando chegou perto da maca, inclinou-se e beijou o topo da minha cabeça.

— Você assustou todo mundo — disse baixo, com carinho. — Principalmente a mim e a sua mãe.

Meu peito apertou. Não de medo, mas de culpa.

— Desculpa... — sussurrei, quase sem força.

Ele sorriu de canto, aquele sorriso que sempre fazia tudo parecer seguro, mesmo quando algo dentro de mim gritava que algo estava errado.

Liz se levantou, ajeitando a roupa, tentando parecer tranquila, mas os olhos denunciavam a preocupação.

— O soro já tá quase no fim, filha — disse, tocando minha bochecha. — Preciso voltar pro laboratório. Seu pai fica com você. Te amo, tá?

Assenti, a porta se fechou, e eu fiquei só com ele. Sentado ao meu lado, com aquele olhar protetor e seguro.

— Não gosto quando você me dá susto assim — ele disse, voz baixa. — Você sabe que nossa prioridade é você, certo?

— Sei. — respondi, tentando me convencer de que tudo estava bem.

Ele sorriu de novo, puxando uma cadeira para ficar mais perto.

— Da próxima vez, me avisa antes de se meter onde não deve. Não quero te ver machucada de novo.

Disse com amor, mas também com aquele peso que fazia meu estômago se apertar.

E então, ele estendeu a mão, acariciando meus cabelos. Senti aquele calor, aquela segurança paternal que sempre me confortou...

Fechei os olhos e respirei fundo, tentando absorver o gesto. Por um instante, me senti protegida, amada... mas sabia, no fundo, que não era liberdade. Era uma prisão doce, embrulhada em cuidado.

 Era uma prisão doce, embrulhada em cuidado

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OS DIAS PASSAVAM RÁPIDO. Eu estava me adaptando bem ao clã Omatikaya. Todo mundo ali precisava de algo o tempo todo, e eu ajudava. Não por bondade, mas porque era o jeito mais fácil de ser útil e não levantar suspeitas.

PUPPET GAME ' NETEYAM SULLYWhere stories live. Discover now