001 | Comprometimento

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E V E L Y N
H A Y E S

É assim que começa... ou é assim que a minha vida acaba?

Hoje é o dia do meu casamento, é, uma jovem de dezesseis anos vai casar, que romântico, não é?

Não, não é romântico.

Meus pais me venderam em troca de uma aliança de máfias, ou seja, os pais do meu noivo venderam ele também.

Uma aliança de máfia para meus pais, uma aliança de casamento em meu dedo.

Juntar italianos e canadenses no mesmo local é uma verdadeira burrada, mas se começasse um tiroteio aqui, eu conseguiria fugir desse pesadelo.

Ravi é um homem bonito, é dois anos mais velho que eu, mas é um completo babaca. Nem chegamos a namorar, ou beijar, mas sim, vamos chegar a nos casar, que hipocrisia.

Me olhei no espelho mais uma vez, tentando me acostumar com essa visão minha de vestido branco, véu e acessórios de noiva.

- Você está linda, filha. - mamãe sorriu. - Está parecendo comigo no dia que me casei com seu pai.

- Claro que pareço, estou usando o mesmo vestido com fedor de mofo que a senhora usou. - falei, afastando sua mão de mim. - Sabe outra diferença? Não, não estou parecendo você, você se casou com ele por vontade própria, casou porque o amava, não porque foi obrigada!

Respirei fundo.

- Aliás, não casou porque amava ele, se casou porque é uma interesseira e quer que eu tenha a mesma história que você!

- Chega, Evelyn! Eu sou sua mãe e exijo respeito!

- Eu também queria poder aproveitar a minha adolescência e o direito de escolher o homem que eu amasse para me casar, mas já que tiraram isso de mim, não exijam NADA de mim!

- Evelyn...

- Eu quero ficar sozinha.

- Tem que terminar se arrumar.

- Eu quero ficar sozinha. - frisei.

Minha mãe respirou fundo e saiu do meu quarto, respirei fundo, engolindo meu choro e colocando meu bracelete.

Terminei de me arrumar e me olhei novamente no espelho, afim de tentar me acostumar com essa nova vida, se é que eu posso chamar de "vida".

Ravi Valentini, moreno, alto, cabelo que vai até o ombro, nasceu em berço de ouro, extremamente idiota.

Eu poderia ter nascido em uma família normal, com um pai policial, talvez, uma mãe professora, uma família que não tirasse de mim a minha liberdade de ser quem eu sou.

A única parte boa da minha família é o meu irmão mais velho, ele sim não me trata como se eu fosse uma animal, eu o amo.

- Evy? - Josh entrou em meu quarto.

Olhei para meu irmão e forcei um sorriso, tentando esconder o quão desconfortável eu estou com essa situação.

- Oi, Jo. - falei e voltei a retocar minha maquiagem.

- As maquiadoras já foram?

- Sim, eram quatro. Eu estava quase desmaiando com tantas mulheres mexendo em meu rosto.

Ele sorriu levemente, se sentando na minha cama e olhando para mim.

- Evelyn, não precisa fingir que está feliz com tudo isso para mim.

- Eu vou conseguir, Josh. Um casamento não é um bixo de sete cabeças.

- É sim, quer dizer, nove, nove cabeças contando com as duas do seu noivo.

Amanhecer Where stories live. Discover now