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Chicago – EUA, 4 de Agosto de 2023

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Chicago – EUA, 4 de Agosto de 2023

     Podem não acreditar mas a melhor hora para correr, em Chicago, é as 6h da manhã. Por ser uma cidade enorme e, muito movimentada, correr a partir das 8h é impossível. É impensável fazer como se vê nos filmes ou nas séries, a cidade tem muito mais movimento do que aquilo que ali se vê. É óbvio que no inverno é impossível, dado que a essa hora é um frio terrível e, em muitos dias, nem se pode sair de casa por causa da quantidade de neve.

     Levanto-me da cama, com cuidado para não acordar Anastacia, e encaminho-me para o quarto-de-banho. Visto a minha roupa de corrida, lavo a cara e os dentes, e volto para o quarto. Coloco os medicamentos dela em cima da sua pequena mesinha, com uma garrafa de água e defiro um beijo na sua testa, rindo quando ela se vira para o outro lado. Ela não me obriga a preparar as coisas para si, mas eu faço-o com todo o gosto. A italiana pode não dizer, mas ainda se confunde com os nomes dos medicamentos, dias e horas, então eu preparo tudo.

     Adentro o quarto de Finn com muito cuidado. Ele dorme como um anjinho, mas engraçado. Está de barriga para cima, com um braço esticado para o lado e o outro recolhido ao corpo, com o qual segura o pequeno alce de peluche que Stroll lhe deu. Ele nunca mais largou o brinquedo e não dorme sem ele. É caso para dizer que o canadiano acertou no presente.

     O bom de ser uma cidade grande e movimentada é que as pessoas me ignoram e a minha fama. Toda a gente está na sua rotina, não olham para ninguém, tudo o que lhes importa é chegar a tempo ao trabalho. Os EUA são diferenciados da Europa em tudo. Claro que algumas vezes sou abordado, especialmente por turistas, e algumas vezes por habitantes daqui, nos fins-de-semana, mas são raras as ocasiões e eu nunca me importo de dar autógrafos ou tirar fotografias, principalmente com os mais novos.

     Alcanço o Lago Michigan e corro pela zona. É uma das zonas mais bonitas de Chicago, para onde venho sempre correr e onde nós passeamos, quase sempre, durante as nossas saídas em família. Sento-me num banco, depois de correr por 2h, e observo a paisagem. Hoje é o dia de tomar as grandes decisões que eu e Anastacia andamos a adiar. Dentro de meses, eu volto a competir, a vida tem de voltar ao normal. Temos de decidir onde vamos viver, onde vamos construir a nossa vida. Temos adiado o assunto para fugir à realidade, mas não o podemos fazer mais.

     Assim que volto a casa são 8h30. A minha namorada ainda está a dormir, mas ao entrar no quarto do mais novo, noto-o desperto. Ele está com os olhos bem abertos e brinca com o seu pequeno alce. Aproximo-me o suficiente para que ele me veja e ligo a luz, ajustando lentamente para que ele não leve logo com o choque de luz completamente acesa. Os seus olhos caem em mim e sinto o meu coração apertar quando ele abre um sorriso. É isto que me faz continuar a lutar dia-a-dia contra tudo. Posso estar a ter o pior dia da minha vida, mas basta o meu filho olhar para mim com um sorriso que eu fico bem.

     — Olá, meu amor. — Pego nele, sorrindo quando ele pousa as mãozinhas no meu rosto. — Dormiste bem? — O mais novo solta um gritinho animado e dou graças a Deus por ele ter um bom acordar. — Vamos beber o leitinho e depois tomar um banhinho? Sim? — Ele move as perninhas e encosto-o a mim, descendo para o andar inferior. Coloco-o na sua cadeirinha e passo a mão pelo seu nariz. — A tua mamã deve estar para acord...

see you later ⌈ george russell ⌋Where stories live. Discover now