O novo acordo

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Chegaram em uma sala com uma parede de vidro direcionada à varanda, o que deixava a vista exuberante da paisagem totalmente exposta. Samantha poderia ter se apaixonado imediatamente pelo local se a sua situação não fosse tão tensa.

Dmitri, muito educado, afastou a cadeira para a dama, que incentivada pelo seu cavalheirismo, se comportou recatadamente.

Já acomodados, Dmitri serviu-se de café puro e forte. Ele se sentia muito cansado, há dois dias não tinha uma noite descente de sono e talvez, se dependesse da jovem em sua frente, essas preciosas horinhas não chegariam tão cedo.

Samantha não se mexeu até que o homem a olhasse com uma expressão que dizia que ele não aceitaria que ela saísse de lá sem comer bem. Ela também sabia que estava apenas sendo orgulhosa, pois estava faminta.

Pegou uma xícara, colocou leite e café, pegou um pão e colocou uma pasta que tinha ali disponível. A jovem não teve tempo de ver o que era, mas achou delicioso.

Comeu dois pães, tomou a xícara de café com leite e encerrou a ceia com uma maçã. Dmitri ficou feliz que a menina havia se alimentado bem, ele, no entanto, pensava nos problemas que agora tinha que resolver, e ficou apenas com seu café puro e forte.

Quando o momento agradável acabou, o clima se tornou tenso mais uma vez, tanto que Cássio, nos bastidores, sentiu que poderia cortá-lo com uma faca se quisesse. O homem então passou pela sala, cumprimentando Samantha rapidamente, lembrando a Dmitri que ele precisava decidir o que fazer rapidamente.

- Fico feliz por estar bem alimentada, menina. - ele falou novamente com uma postura séria.

Embora Cássio já o tivesse avisado que ele parecia assustador quando adquiria tal postura, era impossível para ele manter-se neutro ou até mesmo relaxado quando o assunto era tão sério.

- Obrigada. - Samantha sentiu novamente aquele nervoso que tomava conta dela sempre que ele lhe diria a palavra daquela maneira.

- Sobre o que estávamos conversando mais cedo...

- Nós não estávamos conversando nada - Samantha o cortou. - O senhor supôs que eu estivesse envolvida com a máfia e não é verdade.

- Primeiro, vamos deixar uma coisa bem clara, menina. Não sou tão mais velho que você para que me chame de senhor. E segundo...

- Se não quer que eu lhe chame de senhor, deveria experimentar não me chamar de menina.

- E segundo - ele continuou como se não a tivesse escutado -, eu não fiz uma suposição. Ontem, enquanto conversávamos, meu motorista e braço direito, esteve pesquisando sobre o seu desaparecimento e sobre a recompensa oferecida a quem lhe entregasse.

Samantha empalideceu. Olhou para o homem assustada, pensando em qual seria a sua atitude agora que ele provavelmente sabia a verdade. Se a acharia uma mulher da vida apenas porque seu pai foi babaca o suficiente para vender a própria filha.

Dmitri a olhava com uma expressão aterrorizante. A explicação, o nojo e o ódio por seja lá quem fosse Jonas, o pai de Samantha, por fazer algo tão terrível com uma menina tão linda e ingênua como a que estava em sua frente.

O homem sabia que não podia protegê-la para sempre, tampouco poderia ficar com sua custódia por um tempo razoável sem colocá-la em perigo. Nem mesmo ficaria no Brasil por um período que explicasse o que ele estava sentindo.

- Se seu motorista fez a pesquisa direito e suas fontes são confiáveis - Samantha entonou certa superioridade ao falar -, com certeza ele deve saber que se fui metida nessa confusão, não foi por vontade própria.

Ao seu ladoWhere stories live. Discover now