001. THE FIRST TEST. THE FIRST PLAN

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— Você se adapta rápido. — ele rebateu. — E não temos tempo pra esperar você "se sentir pronta".

— Isso não é sobre "me sentir pronta"! — Maeve se levantou de repente, empurrando a cadeira pra trás. — É sobre estratégia, e você sabe disso! O plano era entrar depois da migração do clã, pra não levantar suspeitas! Agora eles estão em território sagrado, e você quer me mandar pra lá como se fosse uma missão qualquer?

Valentim bateu as duas mãos na mesa com força. O som ecoou pela sala, fazendo Liz estremecer no canto.

— Chega! — ele gritou. — Eu não te ensinei a questionar ordens, Maeve!

O peito dela subia e descia rapidamente, o olhar firme nos olhos do pai.

— Então talvez tenha me ensinado errado. Porque se você quer que eu entre lá, no coração do clã, sem preparo e sem cobertura, o erro é seu, não meu!

Liz respirou fundo, mas permaneceu em silêncio. Maeve sabia que ela nunca se meteria. Quando Valentim falava assim, Liz parecia encolher dentro de si.

— Você está perdendo o foco. — Valentim apertou o punho. — Isso não é sobre você. É sobre Pandora. Sobre controle. Sobre manter a ordem.

— Ordem? — Maeve riu, um riso sem graça, meio nervoso. — Desde quando mandar uma garota de dezesseis anos se infiltrar num clã inteiro é "ordem"?

— Desde que essa garota é uma Augustine. — ele respondeu friamente. — Você nasceu pra isso, Maeve.

— Eu nasci pra seguir meus próprios passos, não os seus. — ela rebateu, a voz firme, mas trêmula no fim da frase.

Silêncio.

Valentim se aproximou dela devagar.

— Você acha que tem escolha? — sussurrou, tão perto que Maeve pôde sentir o cheiro de nicotina em sua respiração. — Você vai, queira ou não. E se falhar... não voltará pra cá.

Maeve sentiu o estômago revirar. Liz desviou o olhar, fingindo mexer em papéis imaginários.

— Eu não vou falhar. — Maeve disse por fim, o tom mais baixo, mas carregado de raiva. — Mas não porque você mandou. É porque eu nunca falho.

Valentim soltou um leve sorriso, satisfeito por ver a filha reagindo exatamente como esperava.

— Boa garota. — ele murmurou. — Comece a se preparar. Amanhã revisaremos os protocolos com o Rai'uk.

Maeve respirou fundo e se virou pra sair, sem olhar pra trás. Mas antes de alcançar a porta, ela murmurou:

— Eu ainda acho que isso é um erro.

Valentim apenas respondeu:

— Os erros servem pra fortalecer quem sobrevive a eles.

A porta se fechou atrás dela, e o som seco ecoou pela sala. Liz ainda olhava para o chão, as mãos trêmulas.

— Você foi duro demais. — ela sussurrou.

Valentim nem respondeu. Pegou o tablet sobre a mesa e começou a digitar, como se nada tivesse acontecido.

Do outro lado do corredor, Maeve caminhava com passos pesados, o coração dividido entre o ódio, o medo e a certeza de que, mesmo contra a própria vontade, ela ia, porque era isso que uma Jones fazia.

Ela atravessou o corredor sem olhar pra ninguém.
Os olhos marejados, mas firmes. Maeve não chorava, ela nunca chorava na frente deles.

Assim que chegou à ala de ligação, conectou-se ao Avatar sem hesitar. Não esperou autorização, não avisou a Liz, não pediu permissão.

PUPPET GAME ' NETEYAM SULLYWhere stories live. Discover now