QUANDO COMPLETOU 12 ANOS, Maeve finalmente ganhou seu avatar e aquele dia ficou marcado como o mais feliz de sua vida.
Liz segurou firme sua mão antes do processo de conexão.
— Lembre-se, braços para dentro, cabeça abaixada. Respire fundo.
Maeve assentiu, o coração disparado. O zumbido suave das máquinas ecoou pelo laboratório enquanto ela fechava os olhos.
Quando os abriu novamente, não era mais a mesma. A luz branca pareceu mais viva, o ar mais leve, e pela primeira vez ela sentiu que o corpo dela fazia sentido.
— Maeve, consegue me ouvir? — a voz do médico soou distante.
— Alto e claro, senhorito. — respondeu com um sorriso.
Pouco depois, Liz apareceu em seu próprio avatar e riu ao vê-la se olhando dos pés à cabeça.
— Você ficou gatona, filha.
— O azul realça a minha beleza. — respondeu Maeve, brincando, ainda deslumbrada com o reflexo da pele cintilante.
A sensação de estar ali, viva dentro daquele corpo, era indescritível. Correr, sentir o solo pulsando sob os pés, ouvir o som da floresta... Tudo parecia novo e ao mesmo tempo, familiar.
Ela não sabia explicar, mas Pandora a chamava.
QUATRO ANOS DEPOIS.
Aos 16, Maeve quase não usava mais seu corpo humano. Preferia a forma azul. Nela, sentia-se livre.
Mas Valentim parecia cada vez mais distante. Aquele homem que antes a ensinava, que ria das suas piadas e elogiava seu desempenho, agora mal a olhava sem um tom de exigência.
Naquela tarde, enquanto explorava a floresta com o avatar, a voz do pai soou pelo comunicador:
— Precisamos conversar.
Maeve suspirou, apoiando-se no tronco de uma árvore.
— Odeio quando você fala isso.
— Eu sei. — ele respondeu, sem humor. — Volte para o laboratório. Quero você em seu corpo humano. Te espero na sala de reunião em cinco minutos.
— Pai, eu não quero sair do avatar. Você pode falar aqui.
— Não. Agora me obedeça.
O tom dele não deixava espaço para questionamentos. Maeve revirou os olhos e, contrariada, voltou.
Pouco depois, acordou no corpo humano, respirando fundo ao sair da cápsula. Caminhou pelos corredores metálicos até chegar na sala de reunião. Liz estava lá, ao lado de Valentim. A primeira olhava-a com ternura; o segundo, com frieza.
— Senta. — Valentim ordenou, sem levantar o olhar.
Maeve obedeceu, mas com o maxilar travado.
— O que aconteceu, afinal? — ela perguntou, impaciente.
— Já decidi. Você vai se infiltrar entre os Omatikaya antes do previsto. — a voz dele era firme.
Maeve piscou algumas vezes, sem acreditar.
— Como é que é?
— A missão será adiantada. A operação precisa de resultados antes do próximo ciclo lunar. — Valentim cruzou os braços. — Você é a única em quem posso confiar pra isso.
— Mas isso não tava programado! — a voz dela saiu mais alta do que deveria. — Pai, toda a minha preparação foi pra ser feita no ano que vem! Depois do meu aniversário de 17 anos! Eu ainda nem finalizei a etapa linguística dos dialetos Omatikaya!
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PUPPET GAME ' NETEYAM SULLY
FanfictionJOGO DE MARIONETES | O egoísmo dos homens revela suas sombras mais obscuras. Valentim nunca enxergou Maeve como uma criança. Desde o momento em que a sequestrou ainda bebê, ela foi apenas um experimento. Uma arma em potencial. Criada entre cientista...
001. THE FIRST TEST. THE FIRST PLAN
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