001. THE FIRST TEST. THE FIRST PLAN

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A menina desviou o olhar, mas não respondeu.

— Ele te ensina o que mandamos ele ensinar. — continuou o homem, firme. — Não confunda sobrevivência com bondade.

Maeve ficou em silêncio por alguns segundos. A inocência infantil ainda reluzia em seus olhos, mas agora havia algo novo ali, um conflito interno que ela não sabia nomear.

— Mas ele me ajudou a aprender o idioma deles... e sempre me tratou bem. — disse, quase num sussurro. — Se todos fossem como ele...

Valentim soltou uma risada seca.

— Se todos fossem como ele, Pandora estaria vazia. — caminhou até uma das telas e fez um gesto, abrindo uma nova gravação. — Quer ver o que os outros "bons" fazem?

O vídeo mostrava um ataque antigo. Arcos, flechas, fogo. Soldados correndo. Maeve se encolheu um pouco na cadeira, mas não desviou os olhos.

— Esses são os mesmos que mataram cientistas, que destruíram nossa base. — disse ele, a voz mais baixa agora, quase hipnótica. — E sua mãe... Grace... — pausou, olhando direto para a filha. — Ela defendeu esses assassinos.

Maeve sentiu o estômago embrulhar.

— Ela... achava que eles eram o lado certo.

— E por isso morreu. — cortou Valentim.

O silêncio que se seguiu pareceu pesar toneladas. O som distante dos equipamentos preencheu o ar entre eles.

Valentim desligou as telas e voltou para perto dela, colocando as mãos sobre os ombros da menina. Seu toque era firme, mas a voz saiu suave, quase paternal.

— Você é muito mais inteligente do que ela, Maeve. Você entende que a compaixão tem limites. Que às vezes, para proteger o que é seu, é preciso eliminar o que ameaça.

Maeve respirou fundo.

— Mesmo se esse "algo" for... um povo inteiro?

Valentim a olhou, surpreso, não pela pergunta, mas pela coragem dela em fazer. Depois, sorriu de leve.

— Às vezes, é o único jeito de garantir a paz.

Ela abaixou o olhar. As palavras ecoaram na mente dela por longos segundos. A paz. Ele sempre falava sobre paz. Mas dentro dela, o que crescia não era paz, era um peso quente, sufocante.

Rai'uk nunca falara com ódio dos humanos. Mesmo preso, ele ainda acreditava em Eywa, na harmonia entre todos os seres. E isso confundia Maeve.

Mas quando olhava para Valentim, quando via o orgulho no rosto dele sempre que ela acertava um disparo, ou quando repetia as palavras dele sem gaguejar, tudo fazia sentido de novo.

Afinal, ele era o único que nunca a abandonou.

— Certo, pai. — disse, com um leve aceno. — Eu entendo.

Valentim sorriu satisfeito e passou a mão pelo cabelo da filha, como quem sela uma promessa silenciosa.

— É por isso que você é especial, princesa. Um dia, Pandora será sua.

Maeve apenas assentiu, sem perceber o quanto aquela frase a marcaria.

Maeve apenas assentiu, sem perceber o quanto aquela frase a marcaria

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PUPPET GAME ' NETEYAM SULLYWhere stories live. Discover now