001. THE FIRST TEST. THE FIRST PLAN

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Maeve cruzou os braços, mordendo o lábio.

— Então eu vou me preparar mentalmente. Rai'uk vai ficar ao lado quando eu acordar — ela disse.

Rai'uk inclinou a cabeça, mas não disse nada.

O Tenente Mora interveio:

— O chip no Rai'uk tem dois modos: localizador e emissor. Quando inserirmos você perto do clã, o chip emitirá um sinal de baixa intensidade que apenas os nossos receptores reconhecem, não é detectável pelo pessoal do clã. Rai'uk vai te deixar desacordada. Se ele traí-lo, a autodestruição do chip é automática.

Valentim assentiu curtamente.

— Tudo isso já está calibrado. Mas agora quero cobrir eventualidades. Se um adulto questionar demais, o que você faz? — perguntou, virando-se para Maeve.

Ela respirou fundo, como quem toma posse do próprio medo.

— Mostro ferimentos, choro, ajoelho se preciso. Mas nunca me afasto do roteiro que combinamos. Se um adulto for violento, procuro uma criança — eles têm menos desconfiança — e ganho a confiança dela primeiro. Crianças observam, cuidam uma das outras, e a opinião das crianças influencia os pais no dia a dia.

Um dos soldados riu, admirado.

— Inteligente. Isso ajuda no recrutamento de pequenos aliados.

A Liz permaneceu calada, as mãos sempre juntas no colo, como se as dedos se entrelaçassem para conter a ansiedade. Cada vez que Valentim batia a mão na mesa e o fazia de quando em vez para enfatizar um ponto, ela encolhia, as sobrancelhas se unindo num traço de medo.

Valentim apontou para a lista de contingências.

— E se eles identificarem discrepâncias? — perguntou o major Sanchez. — Se tiverem câmeras ou vigias próximos? Se alguém reconhecer sinais humanos?

— Temos uma equipe de cobertura — respondeu o Tenente Mora. — Dois pontos de observação, com drones camuflados e bloqueadores de RF. Se a situação escalar, entra a Unidade de Retirada: quatro homens em rota rápida pelo leito seco do rio. Eles têm ordens de não intervir a menos que haja risco de exposição da operação. Se precisarmos reduzir danos, extraímos você e apagamos os rastros.

Maeve franziu as sobrancelhas.

— E se tiver crianças que desconfiem de mim por eu falar diferente, por eu ter gestos humanos? — perguntou. — Como eu finjo ser nascida entre eles?

Rai'uk falou, a voz baixa.

— Não fale demais. Use gestos. Não toque em suas coisas sem pedir. Evite olhar fixo. Observe, repita e mostre respeito. As crianças vão testar. Se chorar com elas, elas aceitarão; se desafiar, desconfiarão.

— E pelo amor de tudo — interrompeu Valentim, com um tom mais áspero do que o necessário —, não fale de Eywa como se fosse reverência. Conhecimento superficial ofende. Se você não souber pronunciar algo corretamente, cale-se.

Maeve retrucou com sangue nos olhos, mas com suavidade:

— Eu sei o que fazer. Aprendi com Rai'uk. Sei quando falar e quando calar. Entre eles, eu observo.

O major Sanchez cruzou os braços, avaliando.

— Tempo de operação? — perguntou. — Quanto tempo você tem lá antes de precisar se comunicar?

— A princípio, quinze dias de convivência ativa — respondeu Valentim. — Três dias para estabelecer presença, dez dias para inserir-se na dinâmica das crianças. Isso é só pra ter certeza que não vão te matar, a missão total durará no mínimo meses, pode ser que se estenda pra um ano, no máximo dois. Se não tivermos resultados, consideramos a extração.

PUPPET GAME ' NETEYAM SULLYWhere stories live. Discover now