Ela atacou com força, uma, duas, três vezes. Ele desviou com leveza, como se antevisse cada movimento dela. A raiva começou a crescer, o mesmo calor que a fazia treinar até o limite.
— Você pensa como humana. — disse Rai'uk, desviando de mais um golpe. — Força demais. Controle de menos.
— Sou humana. — ela rebateu, girando o bastão e acertando um golpe lateral. Rai'uk desviou por pouco. — E isso não é um defeito.
— Não. Mas é o que te torna cega.
— Ah! — Maeve largou o bastão e partiu pra cima dele com as mãos. Rai'uk segurou os pulsos dela, sem esforço.
Ela tentou se soltar, mas ele a manteve firme.
— Solta! — ela gritou, ofegante.
— O que você sente agora? — ele perguntou, a voz calma, quase um sussurro.
— Raiva! — respondeu ela, o rosto vermelho. — Muita raiva!
— De mim?
— De tudo! — ela puxou com força, mas ele ainda a segurava. — Do meu pai, do laboratório, de mim mesma...
Rai'uk soltou devagar. Maeve cambaleou pra trás, respirando fundo.
— Ele quer que eu vá, e eu sei que ele não vai mudar de ideia. Mas... — ela passou as mãos pelos cabelos trançados. — Por mais que eu odeie quando ele me manda fazer as coisas, eu... eu amo ele, Rai'uk.
Ele apenas observava, em silêncio.
— Eu amo ele e amo a Liz também. Eles são... — ela engoliu em seco. — Eles são tudo o que eu tenho.
Ela abaixou a cabeça. — Eu não lembro da minha mãe, entende? Eu vi os vídeos, sim. Eu sei quem ela foi. Mas eu não lembro do toque, da voz, de nada. A Liz... — um pequeno sorriso surgiu. — A Liz me abraça quando eu tô com medo. E o Valentim... mesmo quando ele grita, eu sei que ele só quer me proteger.
Rai'uk se aproximou lentamente, o rosto sereno.
— Mesmo quando ele te fere?
Maeve o encarou.
— Ele é meu pai. E eu o amo mesmo quando odeio o que ele faz.
— O amor é uma prisão estranha. — disse ele, olhando o horizonte. — Prende mesmo quem tem asas.
Ela riu, cansada.
— Você fala como se soubesse o que é amar um humano.
— Já amei alguém que respirava o mesmo ar que você. — respondeu, baixo. — E aprendi que o amor é o mesmo, mesmo quando o corpo muda de cor.
O silêncio caiu por alguns segundos. Só o som distante das criaturas de Pandora quebrava o ar.
Maeve se abaixou pra pegar o bastão.
— Eu não quero ser só humana. Nem só Avatar. Eu quero ser... eu.
— Então lute por isso. — disse Rai'uk, assumindo posição de defesa. — E, desta vez, não lute com raiva. Lute com propósito.
Maeve ergueu o bastão, concentrada.
O primeiro golpe veio limpo, firme.
Rai'uk bloqueou, mas a força dela o fez recuar um passo.
— Melhor. — disse ele, sorrindo de canto.
— Eu aprendo rápido. — ela respondeu, e havia orgulho no tom.
Rai'uk girou o bastão, encostando a ponta no ombro dela.
— E ainda fala demais.
Maeve bufou e riu, e o som leve ecoou entre as árvores. Pela primeira vez naquele dia, ela sentiu o peso da raiva se dissipar.
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PUPPET GAME ' NETEYAM SULLY
FanfictionJOGO DE MARIONETES | O egoísmo dos homens revela suas sombras mais obscuras. Valentim nunca enxergou Maeve como uma criança. Desde o momento em que a sequestrou ainda bebê, ela foi apenas um experimento. Uma arma em potencial. Criada entre cientista...
001. THE FIRST TEST. THE FIRST PLAN
Comenzar desde el principio
