001. THE FIRST TEST. THE FIRST PLAN

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Ela atacou com força, uma, duas, três vezes. Ele desviou com leveza, como se antevisse cada movimento dela. A raiva começou a crescer, o mesmo calor que a fazia treinar até o limite.

— Você pensa como humana. — disse Rai'uk, desviando de mais um golpe. — Força demais. Controle de menos.

— Sou humana. — ela rebateu, girando o bastão e acertando um golpe lateral. Rai'uk desviou por pouco. — E isso não é um defeito.

— Não. Mas é o que te torna cega.

— Ah! — Maeve largou o bastão e partiu pra cima dele com as mãos. Rai'uk segurou os pulsos dela, sem esforço.

Ela tentou se soltar, mas ele a manteve firme.

— Solta! — ela gritou, ofegante.

— O que você sente agora? — ele perguntou, a voz calma, quase um sussurro.

— Raiva! — respondeu ela, o rosto vermelho. — Muita raiva!

— De mim?

— De tudo! — ela puxou com força, mas ele ainda a segurava. — Do meu pai, do laboratório, de mim mesma...

Rai'uk soltou devagar. Maeve cambaleou pra trás, respirando fundo.

— Ele quer que eu vá, e eu sei que ele não vai mudar de ideia. Mas... — ela passou as mãos pelos cabelos trançados. — Por mais que eu odeie quando ele me manda fazer as coisas, eu... eu amo ele, Rai'uk.

Ele apenas observava, em silêncio.

— Eu amo ele e amo a Liz também. Eles são... — ela engoliu em seco. — Eles são tudo o que eu tenho.
Ela abaixou a cabeça. — Eu não lembro da minha mãe, entende? Eu vi os vídeos, sim. Eu sei quem ela foi. Mas eu não lembro do toque, da voz, de nada. A Liz... — um pequeno sorriso surgiu. — A Liz me abraça quando eu tô com medo. E o Valentim... mesmo quando ele grita, eu sei que ele só quer me proteger.

Rai'uk se aproximou lentamente, o rosto sereno.

— Mesmo quando ele te fere?

Maeve o encarou.

— Ele é meu pai. E eu o amo mesmo quando odeio o que ele faz.

— O amor é uma prisão estranha. — disse ele, olhando o horizonte. — Prende mesmo quem tem asas.

Ela riu, cansada.

— Você fala como se soubesse o que é amar um humano.

— Já amei alguém que respirava o mesmo ar que você. — respondeu, baixo. — E aprendi que o amor é o mesmo, mesmo quando o corpo muda de cor.

O silêncio caiu por alguns segundos. Só o som distante das criaturas de Pandora quebrava o ar.

Maeve se abaixou pra pegar o bastão.

— Eu não quero ser só humana. Nem só Avatar. Eu quero ser... eu.

— Então lute por isso. — disse Rai'uk, assumindo posição de defesa. — E, desta vez, não lute com raiva. Lute com propósito.

Maeve ergueu o bastão, concentrada.

O primeiro golpe veio limpo, firme.

Rai'uk bloqueou, mas a força dela o fez recuar um passo.

— Melhor. — disse ele, sorrindo de canto.

— Eu aprendo rápido. — ela respondeu, e havia orgulho no tom.

Rai'uk girou o bastão, encostando a ponta no ombro dela.

— E ainda fala demais.

Maeve bufou e riu, e o som leve ecoou entre as árvores. Pela primeira vez naquele dia, ela sentiu o peso da raiva se dissipar.

PUPPET GAME ' NETEYAM SULLYDonde viven las historias. Descúbrelo ahora