001. THE FIRST TEST. THE FIRST PLAN

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Deitou-se na câmara, e segundos depois abriu os olhos no corpo azul.

A respiração era mais leve, o ar de Pandora entrava como um soco de liberdade.

O chão úmido, o som dos insetos, o vento movendo as folha, tudo parecia mais real do que o laboratório frio e estéril.

Maeve correu.

Sem destino, sem controle.

Pisava forte, rasgando o chão de musgo com os pés. Quando parou, já estava na clareira de treino. Pegou o arco e começou a disparar.

Cada flecha cortava o ar com a força de um grito preso.

Uma, duas, três, a raiva ia se transformando em precisão.

Ela mirava nas árvores, nos alvos de madeira, e imaginava o rosto do pai em cada um deles.

— "Você vai, queira ou não"... — ela repetiu, entre os dentes cerrados. — Filho da puta...

Puxou o arco com tanta força que a corda roçou na pele, abrindo um pequeno corte. Mas ela nem sentiu.
Continuou atirando, até os braços tremerem.

— Você luta contra o vento. — a voz de Rai'uk ecoou atrás dela, calma, profunda.

Maeve abaixou o arco devagar, sem olhar pra ele.

— É o único inimigo que eu posso bater sem ser punida.

Rai'uk se aproximou. A luz azulada refletia nos traços marcantes dele, a expressão tranquila de quem via tudo, mas julgava pouco.

— Você está com raiva. — ele afirmou, não perguntou.

— Estou viva. É o suficiente. — Maeve rebateu, limpando o suor do rosto. — E antes que você pergunte, não, eu não quero falar sobre isso.

Rai'uk inclinou a cabeça, curioso.

— O homem de olhos frios... seu pai... ele a feriu?

Maeve riu, amarga.

— Ele não precisa me ferir. Ele só... me molda, entende? Como se eu fosse uma arma que ele pode apontar quando quiser.

O Na'vi se aproximou até ficar de frente pra ela.

— Uma arma não escolhe quem atinge. Mas você... você tem escolha, Maeve.

Ela o encarou, irritada.

— Não tenho. Ele decidiu por mim. Quer que eu me infiltre nos Omatikaya agora. Agora. — repetiu, sarcástica, com um riso incrédulo. — Como se eu fosse um robô programado pra obedecer.

Rai'uk cruzou os braços, estudando-a.

— Você tem medo.

Maeve virou o rosto.

— Tenho raiva.

— Raiva é medo que aprendeu a gritar. — ele respondeu, com a serenidade de quem sabia que ela odiaria ouvir isso.

Ela bufou, chutando uma pedra.

— Vocês Na'vi e essa mania de falar por enigmas...

— É assim que ouvimos o que o coração tenta esconder. — Rai'uk deu um passo à frente. — Você luta contra o seu próprio sangue. Parte de você é dele... e isso a envenena.

Maeve ficou em silêncio por um instante.
Depois soltou um suspiro trêmulo.

— Parte de mim é da Grace também. — disse, baixinho. — Mas ela me deixou. Todos me deixaram.

O Na'vi observou.

— Você carrega o peso de dois mundos. Um que a criou e outro que a teme. Nenhum dos dois entende o que você é.

PUPPET GAME ' NETEYAM SULLYWhere stories live. Discover now