Capítulo 9: Sob a Luz Pálida

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 • Pov de Sara •


Estar frente a frente de Mariana depois de alguns anos sem ter notícias era meio que assustador. Eramos amigas inseparáveis. Desde a infância, compartilhávamos segredos, sonhos e aventuras, criando memórias inesquecíveis. Mariana era a mais extrovertida, sempre pronta para enfrentar o mundo, enquanto que eu era mais reservada.


No entanto, à medida que os anos passavam, fomos descobrindo juntas de que nosso mundo não era aquele mundo cor de rosa como imaginávamos. Me lembro que ela vivia com sua mãe, pois seu pai havia viajado, pelo menos é o que ela sempre falava.


Foram três anos de uma linda amizade, vivíamos em nosso mundo caótico, meus pais sempre estavam ajudando no que podiam até que em uma noite, onde estávamos nos alimentando, fomos cercados pela CCG e um deles me chamou a atenção. Um dos homens olhava pra Mariana e sua mãe de uma forma estranha.


Eles não pensaram duas vezes e logo nos atacaram, e o homem do olhar estranho foi pra cima da mãe de Mariana, tudo foi muito rápido. Não demorou para que a mãe de Mariana estivesse morta no chão a nossa frente junto com os meus pais. Só deu tempo do meu irmão chegar junto com outros amigos dos meus pais, Samuel nos tirou dali enquanto que os outros distraiam os agentes para que nós pudéssemos fugir.


Voltamos pra pensão onde morávamos juntos a outras famílias, Mariana ainda estava em choque com tudo o que havia rolado e depois eu soube que aquele homem do olhar estranho era o pai da Mariana. Eu também não entendi muito, como uma ghoul se relacionou com um humano assim sem ser descoberta?


Parece que a senhora Alana se apaixonou por um humano e escondeu dele a sua verdadeira origem, mas quando Mariana nasceu ela sabia que seria difícil esconder sua real natureza e foi o que aconteceu. O marido também tinha seus segredos e uma delas era que ele na verdade era um agente da CCG.


Quando ele soube o que elas eram realmente ele tentou matá-las e a senhora Alana foi obrigada a fugir, com isso inventando um pai perfeito, que trabalhava em outro país para dar uma vida digna a elas. E naquele momento ela soube de toda a verdade.


Eu nunca perdoei a senhora Alana por mentir, pois isso custou a vida dos meus pais. Mariana se tornou sombria depois do ocorrido, transformando-se em uma pessoa diferente e isso fez com que ela se afastasse mais de mim.


Nossa amizade começou a desmoronar e as discussões se tornaram mais frequentes. Trocávamos palavras amargas e acusações, culminando em uma briga intensa e seguimos caminhos separados, sem olhar para trás desde então.


E depois de alguns anos aqui estava ela, na minha frente como se nada tivesse acontecido.


_ Voltou por que? - Eu disse seria, tentando não mostrar fraqueza.


_ Eu sinto muito, Sara. Sinto muito por tudo o que aconteceu, por minha ausência e por não estar lá quando você precisava. Eu não deveria ter ido embora. - Mariana disse me olhando nos olhos, senti um pouco de tristeza em suas palavras.


_ Eu também sinto muito, Mariana. Eu deveria ter sido mais compreensiva, mais presente. Eu não devia ter te culpado por algo que não foi sua culpa.


_ Eu voltei porque não posso mais ignorar o passado. A CCG tirou tanto de nós, as nossas famílias. Eu quero fazer algo, fazer justiça por eles.


Mariana segurou minha mão, transmitindo uma sensação de apoio.


_ Nós podemos fazer isso juntas, amiga. Não precisamos lutar sozinhas. Vamos enfrentar a CCG, vamos lutar pela memória de nossa família.


Nisso me lembrei de Lucas e logo o apresentei a Mariana. Tínhamos muito o que conversar e nem precisei dizer nada, Lucas apenas se despediu e saiu nos deixando sozinhas.


• Pov de Lucas •


Só eu que senti um clima estranho entre elas? E o olhar dessa Mariana? Garota estranha demais. Assim que me afastei fui direto pra quadra, pois a primeira aula é educação física. Fui para o vestiário me trocar e logo fui pra quadra esperar o treinador.


Os minutos foram passando e nada de Sara aparecer e isso já estava começando a me deixar nervoso, pois depois que me transformei eu nunca fiquei sozinho na escola. Quando dei por mim o sinal tocou e logo a quadra começou a encher.


Eu olhava pra todos os lados pra ver se eu via a Sara, mas nem sinal dela, até que comecei a sentir uma onda de pânico crescendo dentro de mim. Meu corpo parecia pulsar com uma energia estranha, minha visão ficava turva, e eu sentia um desejo insaciável, algo que eu nunca havia experimentado antes de se tornar um ghoul.


Olhei ao redor novamente, procurando desesperadamente por Sara, mas ela não estava lá para me ajudar a me controlar. O medo e o desespero tomaram conta de mim. Eu sabia que não podia arriscar machucar alguém na escola, mas também sabia que minha fome era quase insuportável. Sem pensar, eu me afastei da quadra e corri pelo corredor, procurando um lugar para me esconder.


Finalmente, encontrei refúgio no laboratório, onde o silêncio da manhã contrastava com a agitação lá fora. Eu me escondi atrás de uma bancada, tentando me acalmar. Meu coração batia descontroladamente, e eu podia sentir a fome se intensificando a cada segundo que passava.


Enquanto me escondia, ouvi passos se aproximando. Meu corpo tenso, me preparei para enfrentar qualquer ameaça que viesse em minha direção. No entanto, para minha surpresa, quem apareceu foi Matheus. Ele me olhou com curiosidade, parecia entender minha situação, como se já tivesse passado por algo semelhante antes. Sem dizer uma palavra, ele se aproximou lentamente, mantendo uma distância segura.


_ Você está se sentindo fora de controle, não está? - Matheus perguntou calmamente.


Assenti, incapaz de formular palavras diante da minha angústia.


_ A transformação é avassaladora, mas com o tempo, você aprenderá a controlar seus instintos. Você não está sozinho nisso. Nós, ghouls, somos uma comunidade, e ajudamos uns aos outros.


As palavras de Matheus me trouxeram um pouco de conforto. Eu ainda estava apavorado, mas agora sabia que havia mais alguém como eu para me guiar, para me ajudar a entender esse novo mundo aterrorizante em que eu tinha sido lançado.


Enquanto conversávamos no silêncio do laboratório, eu comecei a sentir uma centelha de esperança. Talvez, com a ajuda de Matheus e outros ghouls, eu pudesse aprender a controlar minha fome e a viver em paz com a minha nova identidade. O futuro permanecia incerto, mas naquele momento, sob a luz pálida do laboratório, eu encontrei um vislumbre de esperança em meio à escuridão que me cercava.


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