Alguns filósofos dizem que o destino é uma mão de via dupla, uma hora ele te ajuda e na outra te joga em um redemoinho de azar.
Não sou filósofo, por isso afirmo que o destino é um filho da puta que samba em sua cara igual rainha de bateria no carna...
O leito de paredes esbranquiçadas ficou em um total silêncio, o único som que se fazia ouvir era o das nossas respirações.
Diego adentrou o quarto com um embrulho de fios avermelhados que me fez sorrir automaticamente, ainda mais com a Giulia tentando segurar, em vão, um urso de pelúcia maior do que ela.
- Giulia encheu a minha paciência o dia inteiro sobre onde você estava - Diego confidenciou.
- O tutu tá bem?
Ela ainda segurava o urso e demostrava insegurança em subir na cama e me machucar.
- Estaria melhor se a minha ruivinha me desse um abraço - Implorei com um biquinho ridículo.
Giulia pediu a ajuda do pai para subir na cama e se aninhou nos meus braços, imaginar que eu poderia ter sido morto no meio da rua se tornou um dos meus piores pesadelos.
Dimitri saiu da sala sem dizer uma palavra, encarei o Diego em busca de respostas, mas alguma coisa que residia em meu âmago insistia em dizer que ele não iria perdoar tão fácil o que fizeram comigo.
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O médico insistia que o repouso era necessário para a minha total melhora, além de ingerir no horário certo os mil e um medicamentos que ele havia recomendado.
- Fique tranquilo doutor, irei garantir pessoalmente que ele irá tomar todos os remédios no horário certo.
- Você tem um ótimo noivo Arthur - O médico sorriu ao mesmo tempo que uma interrogação pairava sobre a minha cabeça.
- Noivo? - Indaguei para o Dimitri.
- Eles só deixam pessoas extremamente próximas entrarem no quarto.
- Não pagou uma coxinha com caldo de cana e já quer casar comigo? - Brinquei ao aproveitar a situação para irritar o diabinho - Eu não sou tão fácil assim não Dimitri.
Ele apenas esboçou algo que imagino ser um sorriso, mas no fundo sei que ele está se questionando o por que não estou chorando ou morrendo de medo em sair na rua.
Infelizmente não sou a primeira pessoa a passar por algo assim, e também não serei a última, porém cabe a mim decidir se vou basear o resto da minha vida em um acontecimento ou seguir em frente e lutar para que isso nunca mais aconteça com ninguém.
Uma enfermeira peituda adentrou a sala com o pretexto de me ajudar a sentar na cadeira de rodas, mas a atenção da loira estava em exibir o decote do uniforme hospitalar para o Dimitri.
- Teria como parar de flertar com o meu noivo? - Questionei tendo a plena ciência de que o Dimitri depois iria xingar até a minha quinta geração.
- Perdão senhor.
Diego tentava segurar a risada quando a loira saiu do leito mais vermelha que um pimentão.
- Não me olhe assim - Falei para o italiano que me observava com um olhar assassino - Aquela loira peituda estava flertando descaradamente com o meu noivo de mentira.
