Capítulo 2

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KAI'S POV

Eu era o filho mais novo e segundo o meu pai: O mais inteligente e responsável.

Para o resto do mundo também era assim, essas opiniões criaram uma rivalidade terrível entre mim e o meu irmão mais velho. Bem, eu não tinha nada contra ele, mas ele tinha um ódio profundo desde que eu nasci, sei lá porquê. Mas a culpa é inteiramente dele, ele teve tudo o que queria, o pai dava tudo com esperanças que ele mudasse ou pudesse pôr mais empenho nas coisas que fazia.

Estava no auge dos meus vinte anos na época em que o meu pai teve uma crise cardíaca e pediu para falar comigo. Na época, eu já suspeitava que tinha algo a ver com a empresa, já que alguém deveria assumir o cargo de CEO. Embora eu não quisesse ter nada a ver com aquilo, tinha planos para outras coisas. E era uma coisa para primogênitos, no fim das contas.

— Tok ...tok — Bati a porta do quarto do meu pai e esperei a permissão para entrar.

— Bom dia, Velho.— Sorri para ele, que estava deitado na cama e uma agulha que perfurava seu braço injetando soro. E seu advogado também estava lá, para minha estranheza.

— Filho, com você está? — O sorriso do Pai era genuíno, embora estivesse acanhado pelo mal estado de saúde.

— Acho que sou eu quem deve perguntar isso, Velho! — Sentei ao seu lado e tomei a sua mão.

— Eu vou melhorar, são apenas as coisas do seu irmão que me matam de desgosto. — Disse o Pai

— Talvez com o tempo ele vai mudar, Velho. — Sei que será um cúmulo e mudança para aquele homem é algo impossível.

— Não! Seu irmão tem quase quarenta anos, eu desisti disso. Filho, eu vou passar a empresa para você! — Disse o Pai com determinação.

Eu fiquei em choque, como assim? Isso foi um baque surdo.

— Velho! É tradição que deve ser o primogénito a herdar. Meu irmão nem sequer está aqui. Vai contra as leis da família —, digo alarmado.

— Seu irmão está preso! Kai. Envergonhando a família. — Disse o Pai, com olhos repletos de desilusão. — Durante a sua jornada no estrangeiro, todos votaram em você, não importa tanto a tradição se o filho não for digno, você é a minha última massa e sei que não terá CEO melhor para Shie Hassaikai Company.

Eu suspirei, e mais uma vez fui obediente, assinei todos os documentos para transição. Tinha sonhos para trabalhar com outras coisas, mas eu sei o quão o Velho se dedicou para manter a empresa.

— Senhor, desculpe entrar assim, mas tem uma mulher que insiste que deve falar com o senhor, é sobre o jovem mestre. — Disse o mordomo.

Meu pai pôs a mão no peito incrédulo, como se questionasse "o que ele aprontou além da conta?"

— cof! cof! Deixa ela entrar. — Disse o Pai.

— Velho! O senhor precisa se acalmar e deixar de resolver tudo por ele. — Olho para ele preocupado ao ouvir a sua respiração pesada.

— Hum...— O pai soltou um sonido.

O homem saiu apressado e não tardou muito para voltar com a mulher, bela e magra, que carregava algo em seu colo.

— Eu vim aqui entregar algo que é vosso. — A mulher foi direto ao assunto sem ser cordial ou algo do gênero.

— O que isso tem a ver com o meu filho mais velho? — O pai tentou levantar, mas impedi-lo.

— Não me entendam mal, mas seu filho negou a paternidade muito antes dela nascer e agora que ele sumiu do mapa não tenho com quem deixar ela. — Ela mostrou a menina em seus braços.

Que deixou cada alma naquele quarto em choque, era claramente uma terceira herdeira.

— Quanto quer de mesada para ela. --- Meu velho perguntou para a mulher.

— Não quero dinheiro senhor! Só não quero me envolver em sua família e não gosto de crianças. Quero que fiquem com ela. — Disse a bela mulher com o rosto abatido.

Fiquei chocado com a frieza da mulher.

— Agradeço a sua sinceridade e por ter trago a menina. Mas não venha reclamar depois pela sua escolha — Digo a ela.

— Eu sei, não terá arrependimento, apenas cuida bem dela. — Caminhou até mim e entregou a pequena de fios grisalhos como os do meu pai. Claro que eu peguei de uma forma desajeitada e a menina resmungou.

— É assim, esse braço tem de estar mais para cima e o outro por baixo do corpo dela. — Disse a mulher.

Apesar de tudo ela tinha jeito com a criança. Pude apreciar a forma que ela pegava a menina.

— A senhorita realmente não quer ela? — Voltei a questionar.

Ela olhava fixamente para mim e disse:

— Que futuro eu daria para ela em um bordel? Não sou tão sem coração assim! Tenho a minha forma de viver, mas nunca envolvi ninguém.

— Tudo bem, não precisa de um exame de ADN para saber que é minha neta. Eu vou cuidar dela e agradeço a sua honestidade, poderia dar-lhe uma recompensa? — Meu velho pediu a Mulher.

A mulher negou com a cabeça e sorriu.

— Dê a ela, talvez terá grandes sonhos quando crescer. — Diz de forma sutil.

Eu vi que se tratava de uma boa pessoa, só com muitos inconvenientes na vida.

— Entendo, qual é o nome da menina. — Meu pai suspirou. — Meu filho era um ímã de problemas, mas essa foi a melhor coisa que já recebemos vindo dele.

— Ela não tem um, não consegui um bom nome então deixei assim. Bom... Eu tenho que ir. — Ela afastou-se.

— Se mudar de ideia, sabe onde ela está. — Digo para ela.

— Senhores, duvido muito que terá um reencontro. Ela é sua agora. — Então ela saiu da sala com um olhar vago.

— Eu ficarei com ela. — Eu olhava para o ser pequeno, simpatizei demais com a bebê.

— Qual vai ser o nome dela, Kai? — Meu pai sorri ao olhar para pequena em meus braços.

— Humm...Eri! Será Eri, o senhor disse que a mãe queria ter uma menina com esse nome, mas eu nasci rapaz. — Fiz uma careta com a possibilidade de ter nascido mulher.

— Hahaha! Isso mesmo, ela queria. Foi uma bela escolha, Kai. — Disse o Pai. — Dá ela aqui.

— O senhor não pode fazer esforço! — Neguei.

— Ora essa! Entrega a menina, Kai! — Diz trombudo.

— Aff! Toma! — Entreguei a criança para ele, que estava mais que satisfeito.

— Tão calminha, faz lembrar de você quando pequeno. — Devagar a bebé acordou. — Oh! Ela acordou...Olá Eri! Sou o seu avô! — A pequena sorriu e colocou a mão no rosto do Velho. — Hahaha! Ela gosta de mim, viram só.

Sorri ladinho com a figura engraçada que ele fazia. — É, a gente viu.

««Flash on»»

Foi assim que eu ganhei a minha filha, que hoje com seis anos é a coisa mais linda do mundo.

I WANT YOUWhere stories live. Discover now