IX | Morte

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" A tragédia não é quando um homem morre. 

A tragédia é o que morre dentro de um homem 

enquanto ele está vivo." 

- Albert Schweitzer


ALEX APERTA MEU PULSO, deixando uma marca avermelhada

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ALEX APERTA MEU PULSO, deixando uma marca avermelhada.

Ele está bêbado, e ele nunca fica bêbado.

Passo a língua nos lábios secos.

Estávamos em um dos quartos da mansão, está escuro e frio. Vejo apenas sua silhueta na minha frente.

Sinto o cheiro de álcool exalar de seus lábios. Ele me beija. Luto com a vontade de recuar e aceito tudo.

— Você está parecendo uma vadia nessa roupa. Não é à toa que ele te levou para cama todas as noites. — Ele puxa meu couro cabelo com força. — Achou mesmo que eu não teria percebido o que acontecia na minha frente. Você é minha Giulia, quantas vezes vou ter que lembrá-la.

Não tenho forças para fazer isso agora, não posso fingir para ele e nem para mim mesma. Abro a boca para protestar, mas ele me empurra em direção a cama.

— Alex, por favor... — Imploro, com as lágrimas escorrendo.

— Isso, seja uma boa menina e implore.

Aceite tudo que eles têm para oferecer e agradeça, Gia. Você merece tudo isso e muito mais. Aprenda a controlar eles através disso. A voz da minha mãe ecoa na minha mente como um maldito mantra.

Não posso, não posso ficar por cima dessa vez. Qualquer controle que eu tinha havia escorrido das minhas mãos e o desespero começa a queimar meu peito, roubando meu ar.

Como um ladrão, ele rouba o último pedaço da minha sanidade. 

Durmo com a cabeça apoiada no vazo, com gosto ácido de vômito na boca.

Eu quero arrancar a minha pele, quero esfregá-la até ficar na carne viva.

Agora, meu corpo é o último lugar onde quero estar.

Não foi a primeira vez... Não foi tão ruim... Poderia ter sido pior... Repito e repito. 

A dormência adentra minha mente e suga toda a dor.

Sou amaldiçoada.

Minha história não teria um final feliz, eu estou condenada desde o início. A aceitação da minha condição atual penetrar profundamente, atingindo minha alma.

Mal escuto o som da porta se abrindo e fechando.

— Giulia, o que aconteceu? — Enrico aparece.

Encaro ele com os olhos sem vida.

Ele observa minha figura nua.

Sinto seus dedos prenderam meu cabelo em um coque, recuo quando ele tenta tocar minha pele. Eu parecia um animal ferido, abusado.

— Tudo vai ficar bem... — Ele continua. — Eu te amo, Gia. Sinto muito por não dizer isso antes.

Suas palavras são frias. Não sinto nada.

Descosturo os lábios que Alex silenciou a marteladas e finalmente o respondo:

— A morte... — Pressiono meu rosto contra seu peito, procurando algum calor. — Eu a encontrei essa noite. 

Assassinato em ParisWhere stories live. Discover now