IV | Mentiras

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" Você acha que não merece alguma coisa, 

e então você estraga tudo."

- Damon Salvatore


SEUS OLHOS QUEIMAM MINHAS COSTAS durante todo o percurso, é um milagre minhas pernas não terem falhado No caminho

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SEUS OLHOS QUEIMAM MINHAS COSTAS durante todo o percurso, é um milagre minhas pernas não terem falhado No caminho.

— O banheiro é esse, se precisar de alguma coisa estarei esperando aqui fora. — Falo, evitando seus olhos.

Ocorreu tudo tão rápido, em um segundo estava no corredor e no outro dentro do banheiro. Encurralada.

— Enrico...

Ele aperta o maxilar.

— Não me chame pelo nome.

Engulo em seco.

— Sinto muito... Eu juro que não sabia que você conhecia meu... marido.

Seus olhos escuros se fixam nos meus lábios.

— Sabe, você merece aplausos. — Ele ri. — Poucas pessoas nesse mundo conseguiram me enganar.

— Eu nunca menti para você. Admito ter omitido o fato de ser casada... Mas foi só isso. Eu juro.

Um suspiro escapa dos meus lábios quando nossos peitos colidem.

— Você é uma vadia. Eu deveria ter percebido isso antes, mas fiquei tão cego pelos sentimentos que você despertava quando estávamos juntos.

Vadia.

Um punhal acerta meu coração.

A bebida me deixa um tanto sentimental e desatenta. Provavelmente é por isso que uma onda de desespero ascende meu peito, sabia que ele estava pensando em me deixar...

Por que senti que poderia morrer se isso acontecesse?

Faço a única coisa que o desarmaria, que faria ele ficar: o beijo.

Seus lábios são tão doces quanto mel, o gosto deles me deixa embriagada. Viciada ao ponto de doer.

Ele coloca a mão no meu couro cabeludo e puxa com força, seus lábios deslizam pelo meu pescoço. Dando pequenos beliscões, deixando marcas.

— Aposto que o homem lá fora não se importaria com isso. — Ele sussurra contra minha pele. — Quando aparecer lá embaixo ele vai saber a quem seu coração realmente pertence.

— Por favor.... — Imploro.

Ele se afasta. Faz frio.

— Isso foi mais do que você merece. — Ele diz e vai embora.

Encaro o azulejo do banheiro tentando processar o que acabou de acontecer.

Eu não sou assim. Eu não deveria sentir tanto.

Giulia, a destemida, a fria; quase caiu de joelhos por um homem.

Naquele momento, percebi que Enrico seria minha morte.

Ligo a torneira e passo a água gélida no rosto. No pescoço. Em tudo.

O calor que prescruta meu corpo diminui.

Quando retorno ao jardim sinto os olhos de Alex me examinar, parando por um segundo no pescoço. Ele não diz nada, apenas dá um gole na vodca.

Emilie está alheia a tudo, seu rosto sempre atento a Enrico.

Olhando para eles, vendo como os olhos da minha irmã cintilam sinto um vazio se apossar da minha alma. Sinto vontade de chorar.

É a bebida. Lembro a mim mesma.

Nós somos feitos de apenas encontros casuais, nada além disso.

No entanto, bem lá no fundo, sabia que havia começado a gostar dele desde o momento em que nossos olhos se encontraram pela primeira vez. 

Como se ele pudesse sentir minha tristeza, seus olhos se voltam para mim. Dessa vez, ele permite que eu veja tudo.

Havia raiva, traição e uma pontada de dor.

Éramos um paradoxo, apostos que se colidiram.

Gelo e fogo.

Felicidade e tristeza.

Começo e fim.

Naquele momento, implorei ao universo que me desse outra vida.

Se pudesse ser outra pessoa quem eu seria?

Eu seria a pessoa que minha mãe não destruiu e depois reconstruiu a seu gosto. 

Eu seria a verdadeira Gia, a que nunca teve a oportunidade de florescer, a que foi decapitada assim que brotou.

Eu seria o sol,

Ele seria as estrelas.

Ele iria brilhar ao meu redor. 

Assassinato em ParisWhere stories live. Discover now