VII | O coquetel

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" A vida real do ser humano consiste em ser feliz,

principalmente por estar sempre na esperança sê-lo muito em breve"

- Edgar Allan Poe


TRÊS VEZES POR SEMANA, essa é a quantidade de aula de ioga que tenho, também sãos os dias encontro Enrico

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TRÊS VEZES POR SEMANA, essa é a quantidade de aula de ioga que tenho, também sãos os dias encontro Enrico.

Gastei uns bons euros para garantir que estivesse indo em todas as aulas. Mentir custa caro.

Ficávamos juntos até o entardecer, no começo era apenas um sexo viciante, mas lentamente se tornou algo mais. Algo terrivelmente perigoso.

Emilie não o menciona desde o dia que apareceu na minha porta com o rosto inchado de tanto chorar, isso quase me quebrou.

— Ele não me quer, Gia. Ele não me quer. — Ela disse, soluçando.

A coloquei nos braços e consolei até que caísse no sono.

Emilie era apenas alguns anos mais nova do que eu, mas ela nunca conseguiu atingir à maturidade. Talvez, tenha sido minha culpa, mas não me arrependo do cuidado excessivo.

Três dias depois e seus olhos não estavam mais avermelhados e um sorriso voltou a iluminar o rosto.

Então, a culpa e o arrependimento queimaram com os raios de sol que começaram a se infiltrar.

— Há algo errado. — Falo, quando estávamos enroscados no sofá, assistindo mais uma série. — O céu está claro demais, azul demais. Uma tempestade está chegando, eu posso sentir isso em meus ossos.

Enrico não responde. Pessoa como nós, não nascemos para encontrar a felicidade, e quando a encontramos não dura por muito tempo.

— Vai ficar tudo bem, Giulia.

Olho para seu rosto.

— Promete?

Quando ele abre a boca para responder um toque de telefone soa.

— É Alex. — Falo.

Respiro fundo antes de atender.

— Estou ocupada.

— Você está atrasada. — A voz soa grossa e autoritária do outro lado da linha.

Preciso de um segundo para compreender o que ele disse.

O coquetel.

Pulo do sofá.

— Já estou chegando. A maquiadora está dando os últimos retoques.

Ele desliga.

O pânico me sufoca.

— Hoje é o coquetel com os acionistas... Esqueci completamente.

Estou permitindo que Enrico me distraia da farsa do casamento, a máscara está fora do lugar. O preço seria Emilie.

Sinto meu sangue queimar quando penso em Alex a machucando.

— Minha irmã é uma designer famosa, tenho alguns modelos dela por aqui. — Ele me puxa para seu peito, acariciando minha cabeça. — Não se preocupe com isso.

Fecho os olhos com força e luto contra o sentimento familiar que ameaça penetrar meu coração. As barreiras que criei estavam quase em ruínas, os escombros me rodeavam.

Me afasto dele e começo a organizar meus pensamentos.

Felizmente, sou uma exímia maquiadora, aprendi a cobrir o rosto ainda criança (às vezes minha mãe exagerava nos castigos).

Tinha cerca de uma hora para terminar tudo e mais meia hora para me encaminhar a cerimônia. Podia fazer isso.

— Você foi convidado, não foi? — Questiono, enquanto recolhia as maquiagens que deixei perdida pela sua casa nas visitas.

— Não estava planejando ir, mas agora tenho uma boa razão para comparecer.

Olho para Enrico através do espelho, ele me observava atentamente, era como se aquilo fosse algo que valia seu tempo, atenção.

Jogo o brilho labial na mesa e me viro para ele.

— Me mostre o que sua irmã pode fazer. — Digo com uma pitada de desafio.

Ele sorri.

A irmã dele é boa, não há como negar isso.

Puxo o vestido vermelho, o tecido e a costura agarrariam minha cintura, definindo as curvas. Nunca havia usado nada assim.

Sou uma mulher da alta sociedade, isso era algo vulgar demais para pessoas como eu. No entanto, não posso deixar de sentir uma pontada de excitação quando penso em Enrico me vendo nele.  

Assassinato em ParisWhere stories live. Discover now